quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Brasil e Reino Unido reiteram posições divergentes sobre as Malvinas

Em Brasília, chanceler britânico William Hague ressalta direito à autodeterminação dos habitantes das Ilhas Malvinas e declara apoio aos esforços brasileiros por uma vaga no Conselho de Segurança.


O secretário de Estado de Assuntos Exteriores do Reino Unido, William Hague, fez em Brasília, nesta quarta-feira (18/01), a primeira parada da visita de dois dias que faz ao Brasil.
No centro da agenda do visitante está a inauguração do Diálogo Estratégico Brasil-Reino Unido, que tratará de temas como desarmamento e não-proliferação, Oriente Médio, reforma do Conselho de Segurança da ONU e desenvolvimento sustentável.
O chanceler britânico reafirmou a importância da parceria com o Brasil nessas áreas e reiterou o apoio do Reino Unido à candidatura brasileira a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Nas palavras de Hague, o Reino Unido quer "forjar um entendimento mais estreito" no que se refere à política externa dos dois países. "Esperamos que isso leve a uma maior cooperação prática em todos os assuntos que interessam aos dois países, respeitando o fato de que abordamos algumas questões a partir de uma perspectiva diferente, mas nós sempre seremos capazes de discuti-las num tom amigável e respeitoso", completou Hague.

Um dos pontos de divergência é a posição brasileira de impedir a entrada em seus portos de navios que usem a bandeira das Ilhas Malvinas – chamadas de Falkland pelos britânicos –, território que é alvo de disputa entre o país europeu e a Argentina.
Patriota: apoio à ArgentinaPatriota: apoio à ArgentinaA posição do Brasil foi oficializada durante encontro da cúpula do Mercosul, em dezembro, em Montevidéu, após pedido do governo argentino. O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que a posição do Brasil está alinhada com o Mercosul e defendeu o diálogo para a resolução do impasse.
"A comunidade latino-americana apoia a soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas, mas nós também apoiamos as resoluções das Nações Unidas que instam os governos argentino e britânico a dialogar sobre este tema", afirmou Patriota.
"A posição britânica sobre as Ilhas Falkland já é bem conhecida e não irá se alterar. Acreditamos na autodeterminação do povo das Ilhas Falkland e apoiamos seus direitos", rebateu, por sua vez, o representante do Reino Unido.

Relações bilaterais

Na visita desta quarta-feira (18/01), os dois países anunciaram a disponibilização de 10 mil vagas para que brasileiros possam estudar em 77 instituições de ensino britânicas até 2014. As vagas fazem parte do programa Ciência Sem Fronteiras, lançado pelo governo brasileiro no ano passado para estimular a formação de profissionais nas áreas de ciência, tecnologia e inovação, através de parcerias com outros países. Esse anúncio foi feito após encontro entre os dois chanceleres com o ministro brasileiro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante.

Além das cooperações técnicas já estabelecidas entre Brasil e Reino Unido – principalmente aquelas com foco na realização de grandes eventos esportivos –, os dois países também reafirmaram as posições semelhantes que defendem, por exemplo, sobre a situação no Oriente Médio, que vive um “momento de oportunidade”, segundo Hague.
Hague: posição britânica não vai se alterarHague: posição britânica não vai se alterar“Nossos países trabalham bilateralmente e através de organizações internacionais para apoiar aqueles países em transição, como Egito, Líbia e Tunísia, onde estamos em concordância sobre a importância de apoio internacional de longo prazo, ao mesmo tempo em que respeitamos os desejos dos povos daqueles países”, declarou Hague.

Encontro empresarial e discurso

O intercâmbio comercial entre os dois países fechou o ano passado com um aumento de 10,21% em relação a 2010, chegando a um total de 8,57 bilhões de dólares. Em 2011, o Brasil exportou o equivalente a 5,2 bilhões de dólares, enquanto que os investimentos britânicos no país cresceram 8,4 bilhões de dólares, o que coloca o Reino Unido na posição de sexto maior investidor no Brasil.

De olho na possibilidade de aumentar as opções de negócios, nesta quinta-feira Hague estará no Rio de Janeiro, onde será recebido pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes. Hague participará de um encontro com empresários britânicos, no qual receberá informações sobre as perspectivas de investimentos no Brasil.

O ministro britânico também participará de uma mesa-redonda sobre a Primavera Árabe e fará um discurso no Palácio das Laranjeiras, sede do governo fluminense, no qual deverá anunciar outras parcerias e destacar as “enormes realizações” alcançadas pelo Brasil.

Autora: Ericka de Sá, de Brasília
Revisão: Alexandre Schossler
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