sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Biodigestor


Biodigestor é mais uma chance de solução de geração de energia renovável (biogás) e ao mesmo tempo oportunidade de transformar dejetos orgânicos em adubo orgânico (biofertilizante).

É um processo destinado a produção de biogás, principalmente o metano, através do tratamento de esgoto sem utilizar produtos químicos. É uma câmara hermeticamente fechada onde matéria orgânica diluída em água sofre um processo de fermentação anaeróbia (sem presença de oxigênio), o que resulta na produção de um efluente líquido de grande poder fertilizador (biofertilizante) e gás metano (biogás).
A matéria orgânica contida nos dejetos é digerida por bactérias que realizam um processo de fermentação anaeróbica (ocorre na falta de oxigênio), acarretando em um gás de possível utilização para geração de energia.

Esse processo que as bactérias realizam é dividido em três fases: Hidrólise, Ácida e Metanogênica.

   Fase Hidrólise: nesta fase as bactérias liberam para o meio enzimas extracelulares com função de hidrolizar partículas, quer dizer, quebram as macromoléculas de polissacarídeos (moléculas grandes) em ácidos orgânicos (ácido butílico e láctico), alcoóis, H2 e CO2. Realizam também a fermentação de proteínas e lipídios.

Fase Ácida: as bactérias produzem ácidos transformando as moléculas de gorduras, proteínas e carboidratos em moléculas de ácidos orgânicos, etanol, hidrogênio, dióxido de carbono, amônia, dentre outras.

Fase Metanogênica: nesta última fase, as bactéria metanogênicas atuam sobre o hidrogênio e dióxido de carbono transformando-os em metano (biogás). É a fase mais demorada, pois durante as reações químicas formam-se microbolhas de metano e dióxido de carbono em torno das bactérias, isolando-as do contato com a mistura. Por causa desse isolamento, é recomendável que ocorra uma agitação na mistura do biodigetsor para desfazer as bolhas.

Principais vantagens do Biodigestor:

- Produção de energia elétrica ligada diretamente na rede;
- Utilização em geradores e aquecedores;
- Queima do biogás excedente com eliminação do mau cheiro emitido pelos dejetos;
- Reduz a emissão de poluição, pela diminuição da emissão de metano e óxido nitroso para a atmosfera, diminuindo o efeito estufa.
- Melhoria da qualidade do meio ambiente
- Utilização do composto orgânico como adubo.

Fontes: http://www.cerpch.unifei; http://www.suapesquisa; http://www.ecofocus.com.br; http://biodigestor.zzl.org.


Biodigestor é um tanque protegido do contato com o ar atmosférico, onde a matéria orgânica contida nos efluentes é metabolizada por bactérias anaeróbias (que se desenvolvem em ambiente sem oxigênio). Neste processo, os subprodutos obtidos são o gás (Biogás), uma parte sólida que decanta no fundo do tanque (Biofertilizante), e uma parte líquida que corresponde ao efluente mineralizado (tratado).

Este efluente pode ser utilizado para produção de microalgas que podem servir de insumo para piscicultura em sistemas de policultivo. Este processo de tratamento de efluentes por biodigestor e produção de subprodutos com valor agregado é um exemplo de Biossistema Integrado.

O Biofertilizante apresenta alta qualidade para uso como fertilizante agrícola, devido principalmente:
    • A diminuição no teor de carbono do material, pois a matéria orgânica ao ser digerida perde exclusivamente carbono na forma de CH4 e CO2;
    • Ao aumento no teor de nitrogênio e demais nutrientes, em conseqüência da perda do carbono;
    • A diminuição na relação C/N da matéria orgânica, o que melhora as condições do material para fins agrícola;
    • As maiores facilidades de imobilização do biofertilizante pelos microorganismos do solo, devido ao material já se encontrar em grau avançado de decomposição o que vem aumentar a eficiência do biofertilizante;
    • A solubilização parcial de alguns nutrientes.
      O Biogás é um gás inflamável produzido por microorganismos, quando matérias orgânicas são fermentadas dentro de determinados limites de temperatura, teor de umidade e acidez, em um ambiente impermeável ao ar.

      O metano, principal componente do biogás, não tem cheiro, cor ou sabor, mas os outros gases presentes conferem-lhe um ligeiro odor de alho ou de ovo podre.

      O biogás por ser extremamente inflamável, oferece condições para:
        • Uso em fogão doméstico;
        • Uso em lampião;
        • Uso como combustível para motores de combustão interna;
        • Uso em geladeiras;
        • Uso em chocadeiras;
        • Uso em secadores de grãos ou secadores diversos;
        • Uso na geração de energia elétrica;
        • Aquecimento e balanço calorífico.
          A redução das necessidades de lenha poupa as matas. A produção de biogás representa um importante meio de estímulo a agricultura, promovendo a devolução de produtos vegetais ao solo e aumentando o volume e a qualidade de adubo orgânico. Os excrementos fermentados aumentam o rendimento agrícola.

          O biogás, substituindo o gás de petróleo no meio rural, elimina também os custos do transporte de bujão de gás dos estoques do litoral ao interior.

          O uso do biogás na cozinha é higiênico, não desprende fumaça e não deixa resíduos nas panelas. O desenvolvimento de um programa de biogás também representa um recurso eficiente para tratar os excrementos e melhorar a higiene e o padrão sanitário do meio rural. O lançamento de dejetos humanos e animais num digestor de biogás soluciona os problemas de dar fins aos ovos dos esquistossomos e ancilóstomos, bem como de bactérias, bacilos desintéricos e paratíficos e de outros parasitas.

          A tecnologia de biodigestores já tem pelo menos duas décadas no Brasil. Iniciou-se com modelos provenientes da China e Índia. No entanto, o Brasil teve algumas dificuldades na sua implementação, fazendo com que esta tecnologia caísse no descrédito no meio rural.

          Nestas duas décadas houveram avanços tecnológicos significativos que possibilitaram a solução de várias dificuldades. Assim, o modelo de biodigestor adotado para o Biossistema Integrado agrega avanços, além de levar em conta a simplicidade de manejo e baixo custo de construção.

          Os objetivos dos biodigestores podem variar de localidade para localidade, podem ser empregados na obtenção de combustível de alta qualidade para as áreas rurais, sendo, ao mesmo tempo, preservado o valor do efluente como adubo; podem visar atender ao duplo objetivo de produção de energia e de tratamento de dejetos, principalmente de animais em fazendas, o que possibilita o manuseio de um material sem odores.

          O Brasil dispõem de condições climáticas favoráveis (localidade de clima tropical onde a temperatura é praticamente constante, com média acima de 20°C, os digestores dispensam sistemas adicionais para aquecimento) para explorar a imensa energia derivada dos dejetos animais e restos de cultura e liberar o gás de bujão e o combustível líquido (querosene, gasolina, óleo diesel) para o homem urbano aliviando com isso o país de uma significativa parcela de importação de derivados do petróleo.

          Ambiente Brasil
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          Dilma diz que mudanças na MP do Código Florestal não tiveram participação do governo



          Brasília – O senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que é relator da medida provisória (MP) do Código Florestal, e o vice-presidente da comissão mista que debateu o texto, senador Jorge Viana (PT-AC). Foto de Antonio Cruz/ABr
          Brasília – O senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que é relator da medida provisória (MP) do Código Florestal, e o vice-presidente da comissão mista que debateu o texto, senador Jorge Viana (PT-AC). Foto de Antonio Cruz/ABr
          A presidenta Dilma Rousseff criticou ontem (30) a forma como a Medida Provisória (MP) do Código Florestal foi aprovada na comissão mista do Congresso Nacional e disse que as alterações na proposta original não foram negociada com o governo. Parte das mudanças aprovadas ontem (29) após acordo dos integrantes do colegiado atendeu a pressões da bancada ruralista para flexibilização das exigências ambientais.
          “O governo está aberto a negociações, mas não assume a responsabilidade por negociações que não foram feitas com a presença dele”, disse a presidenta, em discurso na 39ª reunião do Grupo Pleno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Um item que desagradou o governo foi a mudança na chamada “regra da escadinha”, que trata de recuperação de áreas nas margens de rios.
          “Enviamos ao Congresso Nacional um Código Florestal acrescido de uma medida provisória. Consideramos importantes alguns itens dessa medida, entre eles o que chamamos de ‘escadinha’, e também não há motivos econômicos para que não mantenhamos as áreas de proteção ambiental ao longo dos rios”, explicou. Dilma disse ainda que é importante manter a preocupação com o meio ambiente e que o Brasil é um país que tem grande força nessa área.
          Após a cerimônia, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi questionada por jornalistas sobre a possibilidade de a presidenta vetar itens que desagradem o governo. “Vamos avaliar como se desdobra [a tramitação legislativa da MP] agora que vai a plenário [da Câmara] e, em função da negociação no plenário, como isso volta para o Executivo”, respondeu. A tramitação de medida provisória prevê ainda, após pronunciamento da comissão especial, votações na Câmara dos Deputados e depois no Senado.
          A “regra da escadinha”, uma reivindicação dos pequenos agricultores, prevê que a recomposição das matas em margens de rio deveria ser progressiva, de acordo com o tamanho da propriedade. Assim, quanto maior a propriedade, maior o reflorestamento. Pela forma como a MP foi aprovada na comissão especial, houve redução na área a ser recomposta. A matéria agora, segue para análise da Câmara dos Deputados.
          Reportagem de Yara Aquino, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 31/08/2012
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          Sequelas de Fukushima, artigo de Joaquim Francisco de Carvalho e Emico Okuno



          Usina de Fukushima, após o desastre nuclear. Foto no Der Spiegel
          Usina de Fukushima, após o desastre nuclear. Foto no Der Spiegel[O Globo] Estimativas de risco de acidentes graves em usinas como Angra 3 baseiam-se em abordagens probabilísticas, e as normas de controle e garantia da qualidade dos milhares de componentes mecânicos e elétricos das usinas nucleares limitam em centésimos de milésimos a probabilidade de um acidente grave. Depois do acidente de Fukushima, entretanto, quase todos os países nuclearizados resolveram aproveitar a lição daquela catástrofe e testar a segurança de suas centrais nucleares.
          Os países europeus encaminharam os resultados desses testes à Comissão Europeia, em Bruxelas – que os submeteu à avaliação de especialistas, que recomendam ações urgentes, tais como reforços das proteções das usinas contra enchentes e fenômenos sísmicos e a introdução de bombas mais robustas para os sistemas de refrigeração, inclusive para as piscinas de armazenamento de combustíveis exauridos e sua instrumentação. Também urgente é a fixação de diretrizes para o procedimento de evacuação dos habitantes de regiões vizinhas às usinas.
          Com a aplicação dessas recomendações, o custo da eletricidade gerada nas usinas nucleares aumentará muito. Na França prevê-se um aumento de 20%. Se as novas normas forem aplicadas no Brasil, estima-se que o aumento de custo inviabilizará as usinas nucleares, até em relação às termelétricas a bagaço de cana.
          Por outro lado, por mais rigorosas que sejam as novas normas de segurança, sempre haverá uma probabilidade de acidente grave, porque não existe obra de engenharia 100% segura. Ocorre que acidentes nucleares se propagam pelo espaço e pelo tempo. Muitos anos depois de um acidente, dezenas de milhares de pessoas em regiões inteiras sofrerão males induzidos por exposição a radiações ionizantes, como está acontecendo em consequência do acidente de Chernobyl. Até 2005, foram registradas mais de 100.000 mortes entre os cerca de 600.000 empregados na descontaminação da usina – e estima-se que nas próximas décadas o câncer de tireoide afetará muitas dezenas de milhares de habitantes de regiões vizinhas.
          Para Fukushima os números ainda não são conhecidos, porque as aberrações cromossômicas causadas pelas radiações e as consequentes lesões cancerígenas só aparecerão daqui a alguns anos e, pior, persistirão por várias décadas. Entretanto, já foram constatadas aberrações genéticas e disformias em insetos, como as borboletas que vivem naquela região.
          O Brasil não precisa correr risco semelhante, porque dispõe de abundantes recursos energéticos renováveis e capacidade técnica para aproveitá-los. De fato, se aproveitarmos apenas 80% da capacidade hidráulica ainda por explorar e 50% da capacidade eólica, poderemos estruturar uma “malha inteligente” interligando um sistema capaz de gerar anualmente cerca de 1,4 bilhão de MWh.
          Isto será suficiente para que – na década de 2040, quando, segundo o IBGE, a população estará estabilizada em 215 milhões de habitantes – atenda-se a uma demanda per capita de 6.600 kWh por habitante por ano.
          Joaquim de Carvalho é pesquisador associado ao Instituto de Energia e Eletrotécnica da USP. Emico Okuno é professora do Instituto de Física da USP.
          Artigo originalmente publicado no jornal O Globo de 29/8 e socializado pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4573.
          EcoDebate, 31/08/2012

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          Energia eólica: país chegará a 2015 com 8 gigawatts de capacidade instalada

          eólicaO presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, estimou que o parque eólico do país chegará a 8 gigawats (GW) de capacidade instalada de geração de energia até 2015. Segundo ele, o Brasil, que hoje ocupa a vigésima posição no mundo entre os países que produzem energia a partir dos ventos, com uma capacidade instalada de 2 GW, no próximo ano já estará entre os dez países.
          O presidente da EPE (a empresa responsável pelo planejamento energético brasileiro) participou hoje (29) da cerimônia de abertura do Brasil Windpower 2012, maior evento sobre energia eólica da América Latina, e que ocorre até sexta-feira (31), na capital fluminense.
          “As perspectivas do setor de energia eólica no país são muito boas. Ela tem tido um crescimento muito expressivo no Brasil. E a boa notícia é que o consumidor não tem que pagar nada a mais por isso, uma vez que o preço da energia eólica hoje, no país, caiu a um terço do que era a três ou quatro anos atrás – e já é bastante competitivo em relação às outras fontes”.
          Tolmasquim também ressaltou o crescimento da indústria de aerogeradores no país. “Hoje nós já temos 11 empresas instaladas no país, algumas das quais já atendendo aos critérios de conteúdo nacional estabelecido pelo BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. Ou seja, produzindo com mais de 60% de conteúdo nacional em seus equipamentos – o que é positivo porque gera emprego no país”.
          Reportagem de Nielmar de Oliveira, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 31/08/2012
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          ENERGIA GERADA DE DEJETOS DE SUÍNOS



          Instalação de biodigestor do Projeto Alto Uruguai
          Usar dejetos de suínos para alimentar biodigestores e, com o gás gerado, produzir energia elétrica. Esse é um dos objetivos de um projeto piloto desenvolvido no Sul do país e que visa transformar uma região na divisa do Brasil com a Argentina, conhecida como Alto Uruguai, em modelo de produção e consumo de energia sustentável.
          A iniciativa, batizada de Projeto Alto Uruguai, foi lançada em 2004 e, desde então, foram instaladas 35 unidades de biodigestores em propriedades rurais dedicadas à suinocultura, localizadas em 24 municípios da região, sendo 19 em Santa Catarina e cinco no Rio Grande do Sul.
          O biodigestor é um equipamento que transforma materiais diversos, como lixo, dejetos animais e resíduos vegetais, em biogás e adubo. O adubo é usado na lavoura, enquanto o biogás pode ser utilizado como combustível, em substituição ao gás de cozinha, no aquecimento de instalações e na produção de energia elétrica.
          O projeto prevê a construção de uma central de geração de energia elétrica de biogás na comunidade de Santa Fé Baixa, no município de Itapiranga, em Santa Catarina. A usina, em fase de implantação, terá capacidade para produzir 150 kWh de energia elétrica, o suficiente para atender à demanda de mais de 600 famílias.
          Também está prevista a montagem da primeira central de energia elétrica do Brasil de hidrogênio movida a biogás de dejetos de suínos. Localizada na cidade de Chapecó, em Santa Catarina, a unidade será capaz de produzir 27.623 KW de energia por ano.
          Além disso, o projeto contribui para a conservação de energia ao promover cursos de capacitação para professores das redes municipais e estaduais, agentes comunitários e participantes do Plano Municipal de Gestão da Energia Elétrica (PLAMGE), o que proporciona aos gestores municipais redução nos gastos com energia, aumento da eficiência e melhor atendimento à população.
          O Projeto Alto Uruguai é uma parceria entre a Eletrobras, a Eletrobras Eletrosul, a Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e as 29 prefeituras da região.
          Eletrobras – Todos os direitos reservados
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          Pés na Lua

          Imaginário é uma palavra linda, sonora, poética, misteriosa. Tomou o lugar, no mundo dos conceitos, de outras: subjetividade, representação e até ideologia. Mas é outra coisa. Imaginário é uma atmosfera, uma camada de sentido que recobre algo, um complemento de alma, um "plus", um algo a mais que transfigura um acontecimento. O mítico Andy Warhol, em "América" (L&PM), fala em ruas com atmosfera. Com uma maravilhosa intuição sociológica, diz que essa atmosfera não é real, mas trabalhada pelo cinema, pela música e pelo tempo. Imaginário é o que se transforma ao entrar na memória, ao ganhar atmosfera pela lembrança. Daí a minha frase: todo imaginário é real, todo real é imaginário. A gente vai ver certa rua ou lugar - o edifício de John Lennon - e sente alguma atmosfera. Para quem não conhece a história - isso, sabemos, existe - é apenas um lugar de Nova Iorque. Uau!

          Jacques Lacan disse que o sexo acontece no imaginário. Sem uma camada de atmosfera, é quase uma fricção de corpos, um ato animal. A publicidade e o marketing são tecnologias do imaginário. Trabalham para dar atmosfera ao banal. Quase tudo o que vivemos na infância, tempo de grandes enigmas, tende a entrar em nosso imaginário, esse reservatório de imagens, de emoções, de afetos e de transfigurações. O goleiro Félix, que morreu na última sexta-feira, vive em nosso imaginário. O astronauta Neil Armstrong também. Ouvi muitos homens dizerem que Félix não era um grande goleiro. Mas ele era o goleiro da seleção de 70. Como poderia não ser grande? A seleção de 70 era aquela música, "noventa milhões em ação", um tempo, uma atmosfera, dramas secretos nos porões da ditadura, conflitos, confrontos, revoluções comportamentais em andamento no mundo, hippies, guerrilheiros, utopias.

          Neil Armstrong é o próprio imaginário. O primeiro homem a pisar na Lua. Edu, meu amigo de infância, não acreditava nessa viagem à Lua. Numa viagem em carroça de cavalo, lá por 1976, ele não escondia o seu ceticismo:

          - Conheço muita gente com a cabeça na Lua. Com os pés, ah, isso, pelo amor de Deus, isso não. Pura lorota.

          Neil e Félix pertencem a um tempo que começou a morrer antes deles. A utopia do futebol espetáculo e das viagens à Lua foi sendo substituída pelo pragmatismo, pelos pés no chão, pela lógica do resultado e pelo aqui e agora sem transcendência. O imaginário é sempre nostálgico. As mortes de Félix e Neil não sensibilizaram os mais jovens, os que sentirão, dentro de algumas décadas, se nenhum imprevisto ocorrer, as mortes de Messi, Neymar e de Justin Bibier. Ah, não é igual, deve estar exclamando algum leitor! É da natureza do imaginário essa negação da atmosfera do outro. O imaginário é uma aura, uma iluminação, uma viagem à Lua.

          Às vezes, infelizmente, acontece uma perda da aura. A imagem de Macaulay Culkin adulto passando mal na rua mostrou um homem já sem a atmosfera do menino ator. O imaginário é caminho para mito. Quem, tendo feito muito, morre cedo, tende a ter mais aura. Mas Neil Armstrong e Félix fazem parte de um time especial. Representam, para gente como eu, um excesso de atmosfera. Imaginário puro.

          Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
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          Na esportiva

          Só o futebol é realmente importante no Brasil. Todo o resto é acessório. Nem vou falar de que só se cobra fidelidade a time. Ninguém se espanta com mudança de sexo, traição à mulher ou ao marido, mudança de partido político ou troca de casal. Agora, virar a casaca, trocar de camiseta, passar para o rival, aí o bicho pega. O cara que troca de time é um canalha. Ser corno não dá nada. Ser mensaleiro é fichinha. Ganhar salário nalgum cargo público sem trabalhar faz parte dos costumes. Enfim, tudo isso que qualquer criança sabe e respeita. O futebol é tão importante que os clubes podem dar calote no Estado. Li que o deputado petista Vicente Cândido, com apoio do ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B), pretende aliviar os clubes do pagamento do que devem ao Fisco.

          Em bom português, o deputado e o ministro querem livrar os clubes de futebol do pagamento da dívida de R$ 5 bilhões que têm com a União. O que eles deixaram de recolher? Imposto de Renda, INSS, FGTS. Se forem anistiados, acontecerá pura e simplesmente uma privatização de recursos públicos, uma transferência de dinheiro da plebe, nós, para os bolsos de jogadores milionários, de treinadores, de empresários e de outros parasitas. Os maiores devedores são os grandes clubes. Com o dinheiro que economizam caloteando o Estado, pagam salários astronômicos para pernas de pau e técnicos que fracassam num lugar e surgem como salvadores em outro, comissões para agentes e passes de atletas em transações chocantes. Se pagassem o Fisco, não teriam grana para esses negocinhos fantásticos. Futebol, claro, é especial.

          O Rio Grande do Sul quer renegociar a sua dívida com a União. Não consegue. Compromete mais de 13% da sua receita com isso. Se não pagasse ou pagasse menos, teria dinheiro para bancar o piso dos professores. A União fecha os olhos, tapa os ouvidos, não dá mole, manda os governadores apertarem o cinto, cortar gastos, manda se catar. Por que não se obriga os clubes a cortarem gastos? No Brasil, só interesse de clube de futebol, pelo jeito, é questão de Estado. Pelo futebol, leis podem ser suspensas, revogadas ou descumpridas. Um comunista e um petista servindo de ponte para a privatização maquiada de recursos públicos é de perder as calças de tanto rir.

          Vicente e Rebelo querem criar o Proforte, um esquema para favorecer os clubes e fazer a alegria dos cartolas. Uma sacanagem com todo mundo. Por quê? Bem, deve ser porque eles sabem que clube de futebol não pode quebrar. Se a plebe, nós, ficar sem futebol domingo à tarde, quebra o país. A esquerda pensa como as ditaduras de direita: futebol é o ópio do povo. Para ter menos crack, precisa ter mais craque. Uma asneira assim. Logo, precisa forrar o poncho dos que fazem o espetáculo. O futebol carioca nunca duvidou disso. Dívida com o Estado não é para pagar. O Corinthians está ganhando estádio. O Atlético-PR vai ganhar reforma da sua Arena com grana pública. Fórmula perfeita: clube não paga, empreiteira ganha, etc. É a privatização nacional na esportiva. Uau!

          Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
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          quinta-feira, 30 de agosto de 2012

          Inventor brasileiro que criou privada ecológica espera financiamento para aumentar produção



          Uma privada ecológica, idealizada por um inventor brasileiro, pode revolucionar a área de saneamento básico. Durante seis anos, Mario Benedito da Silva, morador de uma área de garimpo em Rondônia, dedicou-se a pesquisar como fazer para que os dejetos não fossem lançados em riachos nem no solo e não contaminassem o meio ambiente.
          Inventor brasileiro que criou privada ecológica espera financiamento para aumentar produçãoO despejo de efluentes in natura nos rios é proibido por lei. E, como os garimpos têm buracos ou fossas, nas dragas, usadas como banheiro, os dejetos eram despejados diretamente nos rios, contrariando a legislação.
          A partir da identificação do problema, o inventor criou, então, a privada ecológica, que transforma os dejetos em pó, pela ação da cal, que tem o poder de matar qualquer tipo de bactéria e promove o reaproveitamento dos resíduos. Segundo Mario Benedito da Silva, o material pode ser aproveitado na construção civil e como adubo para a terra. “Não polui solo, subsolo, lençol freático, camada de ozônio. E ainda reaproveita aquilo que era um grande problema, que é o rejeito humano, para a construção civil e, no campo, para adubo. Porque as fezes têm nitrogênio, fósforo, potássio, além da cal, que regula a acidez”.
          Com o apoio da Associação Nacional dos Inventores (ANI), ele iniciou uma pequena produção de 70 privadas para uma empresa que atua no garimpo em seu estado. As unidades vão substituir as fossas nas dragas. A empresa entrou com o material e Mario Benedito com a mão de obra. Além disso, o inventor já vendeu 50 privadas para moradores de Porto Velho, Roraima, e também do Amazonas e Amapá.
          O presidente da ANI, Carlos Mazzei, considera a privada criada por Mario Benedito um produto revolucionário, inclusive por não precisar de água. “Em 25 anos de trabalho, essa é uma das melhores, senão a melhor invenção que apareceu aqui”, disse. Para Mazzei, a privada ecológica poderia ser uma solução para favelas no Brasil e em outros países em desenvolvimento. “Acaba o problema de rede de esgoto no Brasil e no mundo”.
          Mario Benedito disse, porém, que não tem condições de produzir para o grande mercado. “Para produzir mil peças por dia, eu precisaria, no mínimo, de R$ 2,5 milhões”, conta o inventor que já conseguiu a patente do produto. Ele conta que apresentou à Fundação Bill e Melinda Gates, que apoia projetos de desenvolvimento em países pobres, pedido de financiamento para a produção em larga escala. O pedido foi feito por e-mail.
          O modelo do inventor brasileiro é confeccionado em chapa de ferro e revestido de aço inoxidável no interior. Mario Benedito disse que, a despeito de ter pedido financiamento internacional, também gostaria de saber do interesse do governo federal ou de alguma prefeitura, em instalar privadas tecnológicas em favelas.
          Há 25 anos, a ANI assessora os inventores independentes que têm uma ideia inovadora e não sabem como colocar esse projeto no mercado. Mazzei destaca que é importante os inventores patentearem suas inovações, como fazem os que criam produtos inovadores em institutos de pesquisa, “porque, no Brasil, a Lei de Patentes é muito clara: é dono do invento quem patenteia primeiro. Não quem inventa primeiro, como ocorre nos Estados Unidos”.
          Reportagem de Alana Gandra, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 30/08/2012
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          Investimentos em energia eólica devem chegar a R$ 40 bilhões até 2020

          energia eólica

          A energia eólica vive agora nova etapa de competitividade no país, com previsão de investir, até 2020, mais R$ 40 bilhões. Essa nova fase, iniciada em 2009, totaliza a contratação de 6,7 gigawatts (GW) de potência, ao preço de R$ 100 por megawatt/hora (MWh).
          Os primeiros investimentos em energia eólica no país foram feitos em 2004, com subsídios do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). O objetivo era trazer novas tecnologias e formas renováveis de produção de energia, entre elas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), biomassa e eólica.
          A eólica é a segunda fonte mais competitiva no país. “Hoje, ela só não é mais barata que as grandes hidrelétricas”, disse à Agência Brasil a presidenta executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo. Questões de tecnologia, mercado e financiamento serão debatidos pelo setor, a partir de hoje (29), no Rio de Janeiro, durante o 3º Brazil WindPower. É o maior evento da indústria eólica da América Latina e se estenderá até o próximo dia 31.
          O investimento feito pela indústria eólica em todos os leilões realizados no Brasil, entre 2004 e 2011, alcançou R$ 25 bilhões. O potencial eólico no país soma 300 GW e está concentrado, basicamente, no Nordeste e no Sul, com destaque para os estados da Bahia, do Rio Grande do Norte, Ceará e Rio Grande do Sul, disse Elbia. O número foi revisto este ano, com base na nova tecnologia implantada. O primeiro levantamento, realizado em 2001, identificou potencial para geração eólica da ordem de 143 GW.
          Em junho deste ano, o indústria eólica completou 2 GW de capacidade instalada para gerar energia, distribuídos por 71 parques. Até o fim de 2016, a meta é inserir no sistema elétrico nacional 8,4 GW de potência eólica, o que significará 5,4% de participação na matriz elétrica brasileira, contra os atuais 1,5%. “Vai crescendo ao longo dos anos e deve chegar, em 2020, a um patamar de 15% de participação da fonte eólica, se nós mantivermos esse ritmo de contratação”. A previsão é vender em leilões cerca de 2 GW por ano.
          “O cenário da eólica é bastante favorável em termos de perspectivas futuras porque, além de inserir essa fonte na matriz, nós trouxemos a cadeia produtiva, de suprimentos, como um todo”, frisou. Como se trata de uma fonte intensiva em capital e tecnologia, o número de fabricantes de equipamentos no país passou de dois, em 2008, para 11, no ano passado.
          Questões tecnológicas explicam a grande competitividade apresentada pela fonte eólica, disse Elbia. As torres para produção de energia a partir dos ventos, que tinham 50 metros de altura até 2009, hoje têm 100 metros. Ela destacou que essa mudança melhorou a captação do vento e a produtividade, tornando os custos de produção mais baratos.
          Reportagem de Alana Gandra, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 30/08/2012
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          As utopias do universo natural e as relações implícitas, artigo de Roberto Naime


          [EcoDebate] A biologia contribui com alguns dos mais importantes conceitos para o conhecimento do ambiente e para a planificação de sua gestão, dentro de conceitos que podem mudar a interpretação do mundo, priorizando as observações naturais. Talvez se possa afirmar que o próprio estabelecimento da ciência ecológica, suas relações com as outras ciências e sua relevância para a humanidade sejam suficientes para legitimar a importância da biologia dentro do contexto ambiental.
          A própria expressão ecossistema, que se refere à aplicação da idéia de sistema aos níveis de hierarquia organizacional, tem uma importância fundamental, porque posteriormente se ampliou para todas as áreas da abordagem ambiental e até para outras ciências como medicina e informática.
          Conforme a clássica publicação de Eugene Odum (Ecologia, 1.988, Editora Guanabara), “Hierarquia” significa um arranjo numa série graduada, como na linguagem militar, e “sistema” consiste em “componentes interdependentes que interagem regularmente e formam um todo unificado”. Sob o enfoque da biologia, podemos dizer que a ecologia é a ciência que trata de todos os níveis do sistema de relações acima do organismo individual.
          Bioma é um termo muito mais usado para denominar um grande biossistema regional ou subcontinental, caracterizado por um tipo principal de vegetação ou outro aspecto identificador da paisagem.
          Um sistema biológico que se aproxima da auto-suficiência é denominado biosfera ou ecosfera, e freqüentemente se orienta por um estado contínuo de equilíbrio auto-ajustador que consegue se manter imune a perturbações menores, com níveis auto-regulados de entrada e saída de matéria e energia (“steady state”).
          Outro conceito fundamental que a biologia traz para a análise sistêmica é o “Princípio das propriedades emergentes”, que significa uma conseqüência importante da organização hierárquica, determinando que à medida que os componentes se combinam, são produzidas novas propriedades que antes não existiam. As propriedades emergentes, por definição, são propriedades coletivas que emergem ou aparecem como resultantes da interação entre componentes.
          Dando exemplos, quando misturamos efluentes de uma natureza, com efluentes de outra, sempre podem haver reações químicas entre ambos os efluentes, gerando terceiros compostos. Ou quando um homem e uma mulher vão viver juntos podem produzir um novo ser humano pela reação do espermatozóide com o óvulo.
          O princípio da emergência diz que o todo é superior à soma das partes. Este conceito é fundamental na análise ambiental que é holística, integrada e sistêmica. Outro exemplo são as ligas metálicas, que tem propriedades que não existem em cada um de seus componentes isolados. Outro exemplo é o que ocorre quando um grupo se reúne para discutir um determinado assunto ou problema. Do diálogo que se estabelece, costumam surgir idéias novas, que antes não haviam ocorrido aos participantes.
          Estas atividades separadamente podem não produzir impactos ambientais relevantes, quer sobre o meio físico, quer sobre os meios biológico e antrópico. Mas quando associadas, as atividades produzem o que em marketing recebe a denominação de sinergia, simplificando os conceitos, e que na verdade não passa da aplicação do conceito de propriedades emergentes em outra área.
          Voltamos ao conceito básico de sistema, que é um conjunto de objetos ou atributos e das relações que se encontram organizadas para executar uma função particular (THORNESS e BRUNSDEN, 1977). O corpo humano é organizado em sistemas (sistema digestivo, respiratório, cardiovascular, etc). A natureza também é organizada em sistemas (ecossistemas) ou biomas que representam ecossistemas específicos, que apresentam conjuntos de relações hierarquizadas entre elementos físicos, biológicos e antrópicos, como Cerrado ou Pantanal.
          A palavra “conjunto” que está na conceituação dos sistemas, implica que as unidades possuem propriedades comuns. O estado de cada unidade é controlado, condicionado ou dependente do estado das outras unidades (MILLER, 1965). A poluição de um recurso hídrico, ou qualquer recurso ambiental acaba contaminando as condições do meio ambiente naquele local.
          A riqueza da humanidade pode ser de várias naturezas: material, cultural, biológica e outras. A riqueza material corresponde aos conjuntos de materiais disponibilizados para serem transformados em modos de sustento ou acumulação de riquezas. A cultura corresponde ao conjunto de significados que os serem humanos atribuem a suas experiências de vida.
          E a riqueza biológica é representada pela biodiversidade, que por ser pouco conhecida, é pouco compreendida em toda a sua extensa importância. A expressão biodiversidade tem um significado. Engloba a variabilidade genética, que é a diferença existente entre indivíduos da mesma espécie, como a cor dos olhos, por exemplo.
          Expressa também a diversidade biológica que significa a quantidade de espécies e por conseqüência de genes e cadeias genéticas.
          A biodiversidade também integra o conceito de processo ecológico, que descreve todas as reações que ocorrem dentro de uma cadeia de vida. Ecossistema pode ser definido como a aplicação da teoria geral dos sistemas do biólogo alemão do século XIX Ludwig Von Bertallanfy, a ecologia. Desta forma significa todas as relações entre os indivíduos e seus atributos, envolvendo matéria, energia e informação.
          A diversidade genética talvez represente a expressão maior do patrimônio natural, representando milhões de anos de evolução, concentrados no espaço e no tempo, e que podem representar um patrimônio imensurável e intangível de codificações genéticas com suas devidas atribuições.
          Um exemplo de utilização da biodiversidade pode ser descrito como a praga que assolou os arrozais asiáticos na década de 70 e devastou populações asiáticas por falta de alimento.
          Pouco tempo depois, cientistas descobriram que o cruzamento com espécies de arroz não-utilizadas para plantio nas monoculturas atribuía resistência ao cereal. Esta é uma boa forma de avaliar o potencial da biodiversidade.
          Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
          EcoDebate, 30/08/2012
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          Benefício de prestação continuada pode complementar renda de idosos e pessoas com deficiência. Saiba como


          O benefício de prestação continuada, criado pela Constituição de 1988, é direcionado a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência impedidas de trabalhar. Se atender aos critérios estabelecidos pelo INSS, o cidadão pode receber até um salário mínimo por mês. Conheça os critérios e o passo a passo para acessar o recurso no quadro “Seu Direito”, do Repórter Brasil.
          Matéria do Repórter Brasil, publicada pelo EcoDebate, 29/08/2012
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          Pegada ecológica. A capacidade de consumo parece ilimitada e o planeta não é suficiente

          pegada ecológica

          Infográfico por José Eustáquio Diniz Alves

          Pegada ecológica. Os seres humanos estão em déficit – A capacidade de consumo parece ilimitada e o planeta não é suficiente. Os recursos que serão utilizados daqui até o final do ano correspondem a estoques que não se renovam. A informação faz parte de um relatório baseado em dados científicos.
          A reportagem é de Eduardo Febbro e está publicada no jornal argentino Página/12, 27-08-2012. A tradução é do Cepat.
          Desde 22 de agosto passado, a Humanidade está em déficit. Nos primeiros oito meses do ano, os seres humanos esgotaram a totalidade dos recursos que a Terra é capaz de produzir ao longo do ano. Em 22 de agosto, se alcançou o que a ONG Global Footprint Network (GFN) chama de Global Overshoot Day, isto é, “o dia do excesso”. Desde 2003, esta ONG mede todos os anos a pegada ecológica do planeta, o acúmulo dos recursos e a forma como os consumimos. A capacidade de regeneração anual do planeta é limitada. Diante disso, a capacidade de consumo do ser humano parece ilimitada e o planeta não é suficiente para cumprir com as exigências que a Humanidade lhe impõe. Desde a década de 1970, os seres humanos vivem muito acima dos seus meios. O relatório da GFN mostra um aceleramento constante do esgotamento dos recursos. Em 2012, o Global Overshoot Day foi atingido 36 dias antes que em 2011. A curva para baixo é constante. Os cálculos desta ONG se baseiam em dados científicos que se articulam em torno de uma medida, o hag, o hectare global mediante o qual se compara a biocapacidade do planeta com o consumo de cada país. O resultado dos estudos é catastrófico: para manter o nível de vida atual falta meio planeta suplementar.
          Os quatro meses que restam serão vividos então a crédito. Os recursos que serão utilizados daqui até o final do ano correspondem a estoques que não se renovam. “A hora do balanço chegou”, disse a Global Footprint Network em seu relatório. Este ano, a ONG ampliou os seus cálculos para os últimos 50 anos. Entre os anos 1960 e agora, os recursos planetários foram divididos em dois, ao passo que as necessidades cresceram para níveis extraordinários, a ponto de que se consome 50% do que a Terra é capaz de produzir.
          A pressão que os 7 bilhões de seres humanos exercem tornou-se desproporcional. Os principais responsáveis pelo déficit são as emissões de dióxido de carbono e a exploração dos recursos naturais. “A mudança climática como consequência dos gases de efeito estufa que se emitem mais rápido do que podem ser absorvidos por florestas e oceanos é a consequência mais tangível e urgente”, anota a ONG. Mas não é tudo. A isso se agregam “a diminuição das florestas, a perda das espécies, o colapso da pesca, o aumento dos preços dos produtos básicos e os distúrbios civis”. O quadro acaba com uma conclusão: “As crises ambientais e financeiras que estamos experimentando são os sintomas de uma iminente catástrofe. A Humanidade está simplesmente usando mais do que o planeta pode prover”.
          Nem todos os países têm a mesma responsabilidade no desastre. Segundo a Global Footprint Network, os Estados Unidos e o Brasil são os primeiros a atingirem o dia do excesso, 26 de março e 6 de julho, respectivamente. Se todo o planeta necessitasse dos recursos que estes dois países consomem faltariam respectivamente 4,16 e 1,9 planetas para satisfazer a demanda. A exigência aumentaria para mais de seis planetas se vivêssemos como o Qatar. Ao contrário, se todos os seres humanos vivessem como a Índia, bastaria 49% dos recursos naturais do planeta.
          Em 2008, a pegada ecológica da Humanidade correspondia a 2,7 hag por habitante para uma capacidade real de 1,8 hag. Dos 149 países estudados, 60 são responsáveis pela dívida ecológica. O Ocidente tem uma influência decisiva na deterioração do planeta. Em um país como a França as necessidades ultrapassam 70% dos recursos presentes. A Argentina tem uma biocapacidade de 8 hag e sua pegada ecológica chega a 2,8 hag. Nos anos 1960, a Argentina contava com quase 14 hag e com uma pegada ecológica de 4. O Relatório 2012 revela que entre 1970 e 2008, a biodiversidade planetária caiu 30%. Segundo a GFN, cada ano desaparecem 0,01% das espécies. O fundador da ONG, Mathis Wackernagel, recorda que “o déficit ecológico aumenta de maneira exponencial nos últimos 50 anos”.
          Por paradoxal que possa parecer, há uma solução que não é um milagre, mas o próprio desastre. O responsável da ONG ressalta que, “no longo prazo, a recuperação só poderá ter sucesso se vier acompanhada de reduções sistemáticas da nossa demanda de recursos e serviços aos ecossistemas”. Caso isso não ocorrer, o desastre se encarregará de fazê-lo por nós. Mathis Wackernagel estima que a tendência para o megaconsumo dos recursos “mudará um dia de direção. Seja pelo impulso de decisões, seja pelo desastre”.
          A questão do uso excessivo dos recursos tem, além disso, impactos econômicos muito fortes. A Global Footprint Network recorda que “uma vez que o déficit de recursos aumenta e os preços desses recursos são altos, o custo para os países será insuportável”. Boa parte da Humanidade vive de crédito financeiro. Entramos em outra etapa: o crédito ecológico.
          (Ecodebate, 29/08/2012) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.
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          Desperdício de alimentos amplia o ‘Custo Brasil’, artigo de Adalberto Luis Val

          desperdício de alimentos

          [Valor Econômico] A perda de alimentos amplia o “Custo Brasil” – O Brasil está há pelo menos meia década em franca expansão econômica. Mas uma questão que ainda emperra o desenvolvimento e o crescimento é o chamado custo Brasil. Entre as questões colocadas por um investidor antes de aplicar o seu capital no país estão: os impostos são reduzidos? A mão de obra é barata? Os juros são baixos? Existe uma boa infraestrutura de transportes? A energia é abundante? Há informação científica robusta disponível? Há suporte técnico-científico para as atividades planejadas?
          Porém, há um aspecto que também afeta a conta final do custo Brasil mas que é pouco abordado. É a questão da fome e do desperdício de alimentos. O Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam comida no mundo. Se reduzisse essas perdas, o país poderia oferecer mais produtos para o mercado interno, barateando os preços, e também exportar mais. Ou seja, o mercado consumidor se beneficiaria de preços mais baixos, entrariam divisas e o gasto governamental com todo o sistema seria menor, podendo-se investir em outros setores, como educação, ciência, tecnologia, inovação e infraestrutura. Boa parcela do chamado custo Brasil poderia ser equacionada.
          Todos os alimentos não aproveitados ao longo da cadeia produtiva representam 1,4% do PIB brasileiro
          Órgãos governamentais e pesquisadores de entidades públicas e privadas se debruçam sobre o problema diariamente, com o intuito de encontrar soluções para os diversos gargalos que o circuito dos alimentos enfrenta no Brasil. E o esforço para vencê-los precisará ser grande. Cerca de 35% de toda a produção agrícola vai para o lixo. Pesquisas apontam que é na fase de colheita que ocorrem as maiores perdas e os motivos são diversos. Um exemplo é a falta de regulação, operação e manutenção adequadas das colheitadeiras ou equívocos na identificação do grau de maturação do produto. As dificuldades se repetem na pós-colheita. Falta infraestrutura na rede de armazenagem e no transporte da produção brasileira. Nessa fase, os estragos podem ocorrer tanto do ponto de vista físico como da qualidade do produto.
          Na prática, isso significa que mais de 10 milhões de toneladas de alimentos poderiam estar na mesa de milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza. Do total de desperdício no país, 10% ocorrem durante a colheita, 50% no manuseio e no transporte dos alimentos, 30% nas centrais de abastecimento e os últimos 10% ficam diluídos entre supermercados e consumidores. Por exemplo, segundo o IBGE, a estimativa é de que 67% das cargas brasileiras sejam deslocadas pelo modal rodoviário, o menos vantajoso para longas distâncias.
          Entre os consumidores, os números também são alarmantes. Uma família brasileira desperdiça, em média, 20% dos alimentos que compra no período de uma semana. Em valores, isso representa US$ 1 bilhão, dinheiro suficiente para alimentar 500 mil famílias. Na mesa do consumidor, a situação não é melhor. A Embrapa Agroindústria de Alimentos realizou uma pesquisa em que demonstra que o brasileiro joga fora mais alimentos do que efetivamente leva à mesa. Nas 10 principais capitais do país, o consumo anual de vegetais é de 35 quilos por habitante. No entanto, o desperdício chega a 37 quilos por habitante ao ano, parte do qual relacionado à qualidade inicial do produto e parte relacionada a armazenamento inadequado.
          Levantamento da Secretaria de Abastecimento e Agricultura do Estado de São Paulo, no final da década passada, mostra que todos os alimentos não aproveitados ao longo da cadeia produtiva representam 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, um rombo de R$ 17,25 bilhões no faturamento do setor agropecuário. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), o Brasil deverá atingir a meta da Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir pela metade o número de famintos no país até 2015, de 13 milhões para 7 milhões. Sem dúvida, a redução do desperdício com uso otimizado dos produtos pode contribuir para que se atinja efetivamente essa meta.
          Por outro lado, o país está ciente de que “ampliar a produção agrícola” não é o único fator da equação, e que segurança alimentar e nutricional é uma meta transversal, que envolve esforços múltiplos no campo da economia (enfrentar crises financeiras e flutuação de preços dos alimentos, por exemplo), da saúde (disseminar conhecimento sobre produção e consumo saudável), dos transportes e infraestrutura (melhorar a logística de distribuição) e da política (reduzir desequilíbrios sociais e regionais), entre outros. Cabe a todos nós fazermos a nossa parte.
          Um esforço louvável no campo institucional é a criação, nos estados, de Observatórios Socioambientais em Segurança Alimentar e Nutricional. No Piauí, por exemplo, a Universidade Estadual, com apoio do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-PI), deverá criar nos próximos meses este instrumento. Mas o projeto, no âmbito nacional, conta com a participação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) e Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Os observatórios socioambientais realizarão um monitoramento das políticas públicas e avaliarão a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) em todo o país.
          A ideia é que todos os estados tenham um polo para gerir cada observatório de forma autônoma. A coordenação geral do projeto de implantação dos observatórios está a cargo Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estado cuja experiência de implantação servirá de base para a implantação da Rede de Observatórios nos demais estados.
          Esse monitoramento vai gerar uma coleta de dados dos municípios que informam indicadores de produção e disponibilidade de alimentos; renda e condições de vida; acesso à alimentação adequada e saudável; saúde, nutrição e acesso a serviços relacionados; educação, programas e ações relacionadas a segurança alimentar e nutricional.
          Adalberto Luis Val é diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) e membro do Conselho de Administração da Fundação Bunge
          Artigo originalmente publicado no Valor Econômico e socializado pelo ClippingMP.
          EcoDebate, 28/08/2012
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          Desastre nuclear esquecido: Crianças japonesas apresentam nódulos na tireoide depois de acidentes em Fukushima

          Usina de Fukushima, após o desastre nuclear. Foto no Der Spiegel

          Usina de Fukushima, após o desastre nuclear. Foto no Der Spiegel

          Aproximadamente 38 mil crianças e adolescentes que vivem na região de Fukushima, no Norte do Japão, foram submetidas a testes para verificação do funcionamento da tiroide. Em 36% das crianças examinadas foram identificados nódulos, porém não houve confirmação de tumor maligno. Mais de 52 mil pessoas ainda estão fora de suas casas em um raio de 20 quilômetros ao redor da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, desde os acidentes de 2011.
          As autoridades decidiram pelos testes, depois de verificar que algumas crianças de províncias vizinhas à Usina de Fukushima Daiichi foram detectadas com nódulos na tiroide. Mas o governo de Fukushima desconsidera a possibilidade de adotar medidas adicionais.
          Os especialistas advertem que o iodo radioativo liberado pela usina durante os acidentes nucleares poderá se acumular nas glândulas tiroideas das crianças e aumentar os ricos de câncer. Em março de
          2011, a região de Fukushima foi atingida por tsunami, depois de terremoto, que causou vazamentos e explosões radioativas. Desde então, o Japão está em alerta e redobrou os cuidados com a energia nuclear.
          Em março de 2013, serão realizados novos testes em 4,5 mil crianças e adolescentes, em três províncias vizinhas de Fukushima. O governo espera assim aliviar a preocupação dos japoneses e detectar eventuais efeitos da radiação libertada pela central nuclear sobre as crianças.
          Reportagem de Renata Giraldi, da Agência Brasil (com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa) publicada pelo EcoDebate, 28/08/2012
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          terça-feira, 28 de agosto de 2012

          ESTUDIO EG


          GRAVAÇÃO DE MIDIAS PARA DIVULGAÇÃO PUBLICITARIA, IMPRESÃO E DIGITALIZAÇÃO DE TRABALHOS UNIVERSITÁRIOS E DOCUMENTOS, ENCADERNAÇÃO E PLASTIFICAÇÃO, SERVIÇOS DE INFORMATICA COMO RESTAURAÇÃO DE SISTEMAS, FORMATAÇÃO E MAUNTENÇÃO, IMPLANTAÇÃO DE REDES E SUPORTE.
          ESTUDIO EG JUNTO A LOJA IONE MODAS AO LADO DA RÁDIO COMUNITÁRIA LIBERDADE
          OU PELO TELEFONE 54 9611 0186
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          segunda-feira, 27 de agosto de 2012

          A humanidade já esgotou seu ‘orçamento’ ecológico para 2012

          antropoceno

          Um estudo divulgado pela Rede da Pegada de Carbono Global, uma entidade de pesquisa do meio ambiente, e a Fundação Nova Economia (Nef, na sigla em inglês), um “think-tank” com sede em Londres, criadora do “Dia da dívida ecológica”, confirmou que hoje mesmo (22-08) a humanidade acabou com seu orçamento ecológico anual para 2012, e entrou em déficit ecológico. No caso da Espanha, isso aconteceu no dia 22 de abril.
          A reportagem é publicada pelo jornal La Vanguardia, 22-08-2012. A tradução é do Cepat.
          “Em menos de oito meses, acabamos com todos os recursos que o planeta pode prover e com todo o carbono que pode absorver de forma sustentável”, destaca em um comunicado. Como consequência, no restante do ano “viveremos com o crédito do planeta e de futuras gerações, sobre-explorando os recursos naturais e acumulando carbono na atmosfera”.
          No ritmo atual, as pessoas consomem 56% de recursos acima da biocapacidade do planeta, ou seja, para manter o nível atual de consumo seria necessária 1,5 Terra.
          O caso da Espanha é ainda mais sangrento. O país esgotou seu orçamento ecológico no dia 22 de abril, assim, se todos os cidadãos do mundo vivessem como um espanhol, seriam necessários três planetas terra.
          “Viver acima dos limites ecológicos do planeta não sai grátis”. O déficit ecológico implica custos econômicos. Reduzir as emissões de carbono na atmosfera requer um investimento de 1% a 2% do PIB, em nível global, mas o custo de não fazê-lo oscila de 5% a 20%, entre outras questões. Estas duas organizações reivindicam uma nova economia que leve em conta as pessoas e o planeta.
          No entanto, sustenta o relatório, há soluções para cortar o déficit ecológico e econômico de forma simultânea. Segundo estas associações, a resposta à crise passa pela redução do déficit ecológico – os recursos que o planeta pode prover -, e por uma transição para um modelo econômico justo e sustentável, que desenvolva o bem-estar humano no lugar do capital.
          “A resposta à crise econômica passa pela redução do déficit ecológico. Sem estabilidade ecológica, não há estabilidade econômica, e não é possível garantir o bem-estar dos cidadãos”, sublinha Aniol Esteban, responsável pela economia ambiental na Fundação. Em seu parecer, a solução passa pela efetuação de uma transição para um modelo econômico justo, sustentável, que desenvolva o bem-estar humano no lugar do capital.
          Uma das razões pela qual não se evitou e nem se reduziu o déficit ecológico está em que o sistema econômico “não conta a verdade ecológica e social da atividade econômica humana”. Assim, “apresenta como benefícios o que é uma perda de riqueza. Levar um recurso natural ao colapso como estoques de pesca, aquíferos e bosques, e com ele acabar com uma fonte de alimento, trabalho e riqueza, conta como positivo no Produto Interno Bruto”.
          Segundo esta Fundação, os seres humanos necessitam de um planeta e de meio para manter o ritmo atual de consumo, mas se todos os cidadãos do planeta vivessem como um espanhol, precisariam de três planetas.
          O mesmo relatório reflete que o custo da perda de biodiversidade global, num cenário “business as usual” (seguir como agora), seria de 14 bilhões em 2050 (7% do PIB global desse ano).
          A crise não freou a demanda por recursos naturais e, desde 2009, esta tem crescido “embora de forma mais lenta que no período entre 2000 e 2009”. O nível de déficit ecológico dobrou desde 1961.
          (Ecodebate, 27/08/2012) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.
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          Efeitos nocivos do amianto atingem não só trabalhadores, mas toda a população, diz gerente da Cetesb

          Casas com telhas de amianto, material condenado por estudos científicos e defendido em outros. Efeitos sobre os trabalhadores são tema de portaria do Ministério da Saúde, questionada na Justiça por grupo de fabricantes. Foto: Wilson Dias/ABr

          Casas com telhas de amianto, material condenado por estudos científicos e defendido em outros. Efeitos sobre os trabalhadores são tema de portaria do Ministério da Saúde, questionada na Justiça por grupo de fabricantes. Foto: Wilson Dias/ABr

          A gerente da Divisão de Toxicologia, Genotoxicidade e Microbiologia Ambiental da CETESB, ligada à Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, Rúbia Kuno, defendeu a lei paulista que proíbe a utilização do amianto como matéria-prima na indústria. Ela afirmou durante a audiência pública realizada no STF que a presença do amianto atinge não só os trabalhadores da indústria que lidam diretamente com o produto, mas toda a população.
          Segundo ela, 99% do amianto produzido no país são utilizados nos chamados produtos de fibrocimento, como telhas, que representam uma produção em torno de 2,5 mil toneladas por ano, com uma estimativa de 50 mil toneladas de resíduos gerados a cada ano.
          Rúbia Kuno explicou que a grande preocupação em termos de saúde pública é com relação aos resíduos do amianto, que são considerados perigosos e cancerígenos. Por isso, disse ela aos participantes, que “esses resíduos devem ter destinação específica para aterros sanitários próprios”. Ela revelou que atualmente existem apenas quatro aterros desse tipo aptos a receber resíduos perigosos no Estado de São Paulo.
          Telhas quebradas
          Ela disse que o ambiente geral difere do ocupacional, ao destacar que no ambiente de trabalho a principal via de exposição é a inalatória, enquanto que para a população em geral são os resíduos que se difundem. “A telha intacta não representa risco, mas ao cortar, a população está exposta aos resíduos”, observou.
          A representante da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo lembrou o caso do desabamento de uma igreja, em São Paulo, quando centenas de telhas de amianto se fragmentaram e liberaram fibras que ficaram expostas à população em geral.
          Outro exemplo citado por ela foi o de uma loja de material de construção que, ao fechar, doou telhas para uma instituição de apoio a pessoas soropositivas. As telhas doadas foram quebradas e utilizadas para pavimentar o solo e facilitar o trânsito de veículos.
          Outros exemplos de risco à população foram citados pela representante do governo paulista, especialmente com relação a passivos que empresas de material de construção ou da construção civil deixam para trás, quando mudam de ramo de atividade ou fecham as portas.
          Diante dessas constatações, Rúbia Kuno afirmou que desde 2008, com a edição da lei estadual, a Cetesb não concede mais licenças para empresas que utilizam amianto em sua linha de produção. Lembrou que apenas duas empresas – em Hortolândia e outra na cidade de Leme – ainda utilizam o produto por força de liminares concedidas pela Justiça do Trabalho, mas que a Cetesb não concedeu renovação de licença para essas duas empresas.
          “A questão dos resíduos [de amianto] passa a ser um problema de saúde pública quando expõe a população em geral”, disse a representante do governo paulista ao lembrar que a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) já reconheceu o potencial cancerígeno para os seres humanos de todas as formas de amianto, inclusive o crisotila.
          Fonte: STF
          EcoDebate, 27/08/2012
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