sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Matriz de posicionamento estratégico ambiental, artigo de Roberto Naime


[EcoDebate] Na segunda metade do século passado, impulsionado pelos processos de descolonização e de emancipação do Terceiro Mundo, o cenário mundial teve avanços tecnológicos de forma sistematizada. O ambiente de negócios no inicio do século XXI e mais veloz que no século XX e tem-se mostrado bastante dinâmico, ocasionando mudanças drásticas nos modelos econômicos e produtivos mundiais com implicações diretas para as organizações (VEIGA, 2005).
Desde o início da revolução industrial, atividades humanas e a implantação de técnicas de produção e consumo vêm provocando impactos sobre os sistemas naturais. Assim, como o modelo econômico de desenvolvimento adotado pela maioria dos países modificou-se e aperfeiçoou-se em muitos aspectos, a relação do ser humano com seu meio ambiente também provocou transformações no ambiente natural e social, como a exploração dos recursos naturais, o trabalho escravo e o infantil.
Este cenário de negócios está mudando muito e se tornando muito instável, principalmente pela quebra das barreiras alfandegárias. As mudanças rápidas no processo econômico impõem às organizações a necessidade de mudanças contínuas e rápidas de modo a operar e gerir seus negócios para que se adaptem às novas realidades e possam se manter competitivas. Embora principal objetivo de uma empresa seja o lucro, as questões ambientais têm se tornado cada mais importantes, devido ao aumento da conscientização do consumidor e consciência da participação enquanto parte interessada stakeholder.
As empresas buscam se adaptar a esse novo ambiente de negócios, cada vez mais concorrido e hostil, marcado por incertezas, instabilidades e rápidas mudanças. É nítida a percepção de que cada vez mais são exigidas novas posturas diante dos desafios da produtividade do processo produtivo e as preocupações com o meio ambiente entendido como dimensão física, biológica e antrópica. Este mercado competitivo vem fazendo com que as empresas tenham que se preocupar não somente com o controle dos seus impactos ambientais, como também com o seu desempenho ambiental.
A globalização da produção de bens de consumo está proporcionando mudanças por parte dos consumidores, que pelo seu poder de compra, esta fazendo pressão para com a qualidade e meio ambiente e não aceitando mais ausência de qualidade ou negligência ambiental. Essa globalização está fazendo com que os clientes se tornem cada vez mais exigentes, o que tem provocado algumas mudanças na sociedade, tanto em valores como também em ideologia.
O próprio homem é o ator e o agente dessas mudanças, como diz Ansoff (1978), os consumidores estão se tornando cada vez mais exigentes, demandando mais informações completas sobre suas aquisições, exigindo mais responsabilidade do fabricante em relação ao produto e deste em relação ao seu fornecedor no que se refere à segurança e à proteção do meio ambiente.
O consumidor consciente aceita cada vez menos a poluição como subproduto do seu consumo, como comprovam as inúmeras e cada vez mais detalhadas abordagens sobre consumo consciente.
Na busca de novos clientes, as empresas buscam desenvolvimento dos seus processos e dessa forma provocaram danos ambientais aparentemente irreversíveis no planeta, como o efeito estufa e a destruição de ecossistemas, despertando na sociedade e na comunidade científica a necessidade de estudar formas de reverter esse quadro e preservar a natureza.
Cabem às organizações, principais causadoras desses problemas, o compromisso de atender às normais ambientais vigentes, apostando em processos e em recursos que sejam simultaneamente eficientes e sustentáveis. As empresas têm assistido a transformações muito amplas em seu ambiente competitivo, calcadas na valorização das preocupações de caráter ambiental e social, além das econômicas.
As empresas estão sujeitas às mudanças nos valores e ideologias da sociedade e às pressões do ambiente externo à organização, que acabam por influenciar seu desempenho no mercado.
Atualmente a análise das dimensões não pode se limitar unicamente aos aspectos econômicos, ignorando as relações complexas entre o porvir das sociedades humanas e a evolução da biosfera. Estamos na presença de uma evolução conjunta entre dois sistemas que se regem por escalas de tempo e escalas espaciais distintas.
A sustentabilidade no tempo das civilizações humanas vai depender da sua capacidade de se submeter aos preceitos de prudência ecológica e de fazer um bom uso da natureza. É por isso que falamos em desenvolvimento sustentável. A rigor, esta adjetivação deveria ser sempre desdobrada em socialmente includente, ambientalmente sustentável e economicamente sustentado no tempo (Veiga, 2005).
Essa renovação implica contínuas mudanças, que podem ser dolorosas e custosas também em termos financeiros, especialmente se forem impostas, como por meio de regulamentações ambientais, ou se resultarem de uma imagem pública negativa, como por atritos com comunidades locais ou um desastre ambiental. Por isto a manutenção de uma visão pró-ativa por parte das empresas e organizações passa a ser um imperativo.
Para que sejam eficazes, é necessário que esses procedimentos sejam conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado, sistêmico e integrado ao conjunto das atividades de gestão. Porem apesar da inegável importância e contribuição dos sistemas de gestão ambiental, as organizações não deve mais apenas identificar e minimizar os impactos ambientais que suas atividades causam ao meio ambiente.
Tais organizações necessitam, também, conhecer melhor sua “performance” ou desempenho para sobreviverem neste novo cenário, fazendo com que haja uma maior interação dos seus objetivos e metas ambientais às estratégias, objetivos e metas organizacionais.
O Sistema de gestão integrada, incluindo Gestão Ambiental tem como objetivo gerenciar os aspectos e os impactos ambientais de todos os recursos utilizados pela organização e dotar os empreendimentos de uma matriz de posicionamento estratégico para que as empresas possam apresentar uma vantagem competitiva no que se refere ao Desenvolvimento Sustentável.
VEIGA, J. E. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
ANSOFF, H. I. Strategic management, Londres: The Macmillan Press, 1978.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 05/10/2012

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