segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Embrapa inicia pesquisa sobre restauração de reserva legal em Sinop (MT)

Embrapa inicia pesquisa sobre restauração de reserva legal em Sinop (MT)

Ensaio utiliza 15 espécies nativas.Foto de Herbert de Souza
Um experimento instalado neste mês de dezembro na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), possibilitará a realização de diferentes pesquisas sobre a restauração de reserva legal. Em uma área de 15 hectares, serão avaliadas estratégias de plantio e de condução, além de inúmeras características que vão desde o desenvolvimento da floresta até a viabilidade econômica do manejo da área.
Este ensaio faz parte do projeto de pesquisa “Restauração florestal de áreas degradadas como sistemas de produção em Reserva Legal na região de transição Amazônia/Cerrado e no Cerrado”, que avaliará aspectos ambientais e econômicos da restauração de reservas legais em quatro municípios de Mato Grosso (Canarana – já implantado –, Sinop, Guarantã do Norte e Campo Novo do Parecis), além de Vilhena, em Rondônia.
O experimento
No experimento instalado na área da Embrapa Agrossilvipastoril, foram feitos dez tratamentos, com quatro repetições de cada um deles. Os três primeiros utilizaram o plantio de mudas de 15 espécies nativas, sendo que um deles conta, também, com mudas de eucalipto e outro com seringueira.
Dois tratamentos foram feitos com semeadura a lanço, por meio de uma muvuca de sementes nativas e de adubos verdes. Uma deles, no entanto, também receberá mudas de eucalipto.
Em outros dois tratamentos foi feita a semeadura em linha, por meio do plantio direto. Neste caso, as sementes foram separadas em grupos, de acordo com o tamanho e com as suas características e também foram utilizados adubos verdes. Em um dos tratamentos serão plantadas mudas de eucalipto.
Já os dois últimos tratamentos avaliarão a condução de regeneração natural, sendo um deles com controle de gramíneas e o outro sem qualquer interferência.
Entre as espécies nativas utilizadas estão frutíferas, como caju, açaí, jenipapo e castanha-do-brasil, espécies pioneiras, como embaúba, faveira e jambo da mata, além de espécies madeireiras, como louro, jatobá, itaúba, amescla, ipê amarelo, champanhe (cumaru). guanandi e mirindiba.
De acordo com o biólogo e pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Ingo Isernhagen, o eucalipto e a seringueira foram utilizados em alguns tratamentos devido ao seu valor comercial mais conhecido, seja para produção de lenha e madeira de serraria, no caso do eucalipto, ou para a extração do látex, no caso da seringueira.
Avaliações
Com o experimento implantado, terão início as avaliações feitas por uma equipe multidisciplinar da Embrapa e de instituições parceiras, como a Universidade Federal de Mato Grosso, por exemplo.
“Nesta primeira fase, avaliamos principalmente a estrutura da vegetação, tomando dados como altura, diâmetro da base e a densidade de indivíduos nas parcelas que iremos amostrar. Contamos o número de indivíduos que foram introduzidos e os regenerantes que podem chegar por dispersão da fauna ou pelo vento. Posteriormente começamos a avaliar a projeção da copa, pois assim conseguimos ter uma ideia desta estrutura da floresta. Como ela está se formando e a estratificação dela”, explica Ingo Isernhagen.
Além disso, serão avaliadas questões relacionadas à fauna, dinâmica hídrica, caracterização do solo, dinâmica de carbono no solo, emissão de gases de efeito estufa, microclima, manejo silvicultural, entre outras.
“No caso de espécies com interesse madeireiro, vamos fazer podas e desramas para melhorar a qualidade da madeira e estudar se esta nativa teve uma madeira de boa qualidade e que comprove que uma área em restauração pode ser planejada desde o começo e manejada, para que se possa ter renda no futuro, além da conservação ambiental”, afirma o pesquisador.
Permeando todo o processo, será feito o estudo da viabilidade econômica dos tratamentos e a análise dos serviços ambientais relacionados à recuperação das reservas legais.
“Hoje é muito difícil monetarizar os serviços ambientais. Vamos tentar mensurá-los e encontrar elementos e indicadores que possibilitem às agências responsáveis fazerem os pagamentos pelos serviços ambientais prestados”, explica Isernhagen.
Segundo o pesquisador, além de levantar as informações técnicas sobre a restauração florestal, um dos objetivos do projeto é o de desmistificar a reserva legal, mostrando ao produtor que é possível complementar a sua renda com o manejo racional das áreas.
“A reserva legal é hoje vista como um empecilho para a produção rural, especialmente aqui em nossa região, entrando no bioma amazônico, onde 80% da propriedade tem que ser conservada através da reserva legal. As pessoas não sabem, não existe a tradição de manejo destas áreas conservadas. Porém para um pequeno e médio produtor, ela pode significar, no mínimo, uma renda complementar”, afirma.
Jornalista: Gabriel Faria (mtb 15624/MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
EcoDebate, 07/01/2013

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