quinta-feira, 27 de junho de 2013

Mais da metade dos alunos do 3º ano do ensino fundamental não têm proficiência adequada em leitura

44,5% dos alunos do 3º ano têm proficiência adequada em leitura Dados da Prova ABC 2012 mostram que desigualdades regionais têm origem já no início da escolarização básica

Divulgação/Todos Pela Educação

Pouco menos da metade dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental – 44,5% -apresenta proficiência adequada em leitura, de acordo com os resultados da segunda edição da Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização, a Prova ABC, divulgados hoje, dia 25/06, em São Paulo.
A Prova ABC é uma iniciativa do Todos Pela Educação, em parceria com a Fundação Cesgranrio, o Instituto Paulo Montenegro e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com apoio do Instituto Ayrton Senna, da Fundação Itaú Social, da Fundação Educar DPaschoal, do Instituto Gerdau e do Instituto Península/Grupo Pão de Açúcar. O exame foi aplicado em 2012, no final do ano letivo, e avaliou 54 mil crianças de 2º e 3º ano de escolas públicas e privadas de 600 municípios de todo o País (para saber mais sobre a metodologia da Prova ABC, clique aqui). Todos as unidades da federação fizeram parte da amostra.
O objetivo da Prova ABC é traçar um diagnóstico da alfabetização dos alunos nos primeiros anos do Ensino Fundamental, com base em exames de leitura, escrita e matemática. “Há um debate em torno do que é ou não estar alfabetizado. O que estamos considerando como plenamente alfabetizado aqui é o aluno que já tem autonomia para seguir aprendendo. Ela não apenas aprendeu a ler, mas sabe ler e escrever para aprender”, destaca Nilma. “Não podemos confundir com letramento”.
No campo da alfabetização, portanto, os resultados da Prova ABC permitem diferenciar aquele aluno que ainda está aprendendo a ler e a escrever daquele que já lê e escreve de tal forma que pode seguir aprendendo, buscando informação, desenvolvendo sua capacidade de se expressar, de desfrutar a literatura, de transitar por diversos gêneros, de participar do mundo cultural no qual está inserido. No campo da matemática, os resultados da prova permitem distinguir aquele aluno que ainda não domina os conceitos básicos da disciplina daquele que já tem condições de compreender as situações numéricas mais corriqueiras do nosso cotidiano e que, na trajetória escolar, pode seguir adiante na aprendizagem dos conceitos mais complexos.
Esta é a última edição da prova, uma vez que o Ministério da Educação (MEC) criou a Avaliação Nacional da Educação (ANA) como um dos eixos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (leia mais aqui).
Mesma régua do Saeb
A Prova ABC é calibrada na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). “Não tem sentido avaliar sem utilizar a mesma escala. Nosso sistema de avaliação já tem 18 anos e manter a mesma escala é uma das principais conquistas”, afirma Nilma Fontanive, consultora da Fundação Cesgranrio e coordenadora da Prova ABC.
Leitura
Os dados da Prova ABC 2012 mostram que, em leitura, 44,5% das crianças que fizeram a prova atingiram o nível 175 da escala. Segundo Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação, as desigualdades regionais, que aparecem em todos os resultados da prova, merecem destaque.
“As distâncias regionais são muito grandes, o que mostra que precisamos de políticas adequadas e focadas para corrigir as desigualdades – é dar mais para quem tem menos”, afirma Priscila. “É preciso corrigir isso desde os primeiros anos da Educação Básica.” Nilma concorda. “Desde os 8 anos já vemos uma desfasem nos estados do Norte e Nordeste. Isso é gravíssimo”, afirma.
Na tabela abaixo, é possível observar os resultados por região e rede. Enquanto o Norte tem o menor percentual, com 27,3%, o Sudeste apresenta o maior: 56,5%.
Porcentagem de alunos em cada nível de proficiência- Leitura
3 º ano
Rede Pública
Rede Total
Menos de 125 pontos
De 125 a 175 pontos
Mais de 175 pontos
Menos de 125 pontos
De 125 a 175 pontos
Mais de 175 pontos
Brasil
28,1
32,3
39,7
24,6
30,8
44,5
Norte
43,9
32,7
23,4
40,9
31,8
27,3
Nordeste
45,0
31,2
23,7
38,4
30,9
30,7
Sudeste
16,8
30,4
52,8
14,6
28,9
56,5
Sul
14,6
38,5
46,9
13,0
35,9
51,2
Centro-Oeste
26,0
32,3
41,7
22,6
29,6
47,8
Quando se observam as unidades das federações, as discrepâncias são ainda mais elevadas. São Paulo (60,1%) e Minas Gerais (59,1%) aparecem com as maiores taxas, enquanto Alagoas (21,7%) e Pará (22,2%) têm os piores resultados.
Porcentagem de alunos em cada nível de proficiência- Leitura
3 º ano
Rede Pública
Rede Total
Menos de 125 pontos
De 125 a 175 pontos
Mais de 175 pontos
Menos de 125 pontos
De 125 a 175 pontos
Mais de 175 pontos
%
%
%
%
%
%
Brasil
28,1
32,3
39,7
24,6
30,8
44,5
Norte
43,9
32,7
23,4
40,9
31,8
27,3
Rondônia
16,4
40,2
43,3
15,4
38,8
45,8
Acre
24,1
35,5
40,4
23,2
35,0
41,8
Amazonas
45,2
35,2
19,6
40,8
33,4
25,8
Roraima
34,6
37,6
27,8
32,8
36,1
31,1
Pará
52,3
28,9
18,7
49,3
28,4
22,2
Amapá
52,9
27,7
19,5
48,8
28,4
22,8
Tocantins
33,4
38,0
28,6
30,8
36,7
32,4
Nordeste
45,0
31,2
23,7
38,4
30,9
30,7
Maranhão
45,3
29,2
25,4
43,2
28,9
27,9
Piauí
42,4
40,9
16,7
37,1
39,1
23,8
Ceará
33,6
31,2
35,2
27,2
30,6
42,1
Rio Grande do Norte
44,7
29,4
26,0
36,4
29,0
34,6
Paraíba
37,3
40,1
22,6
30,8
39,1
30,1
Pernambuco
46,5
30,6
22,8
36,9
30,1
32,9
Alagoas
58,3
27,9
13,7
50,6
27,7
21,7
Sergipe
40,6
36,2
23,1
33,3
35,4
31,3
Bahia
50,3
28,7
21,0
44,1
29,1
26,8
Sudeste
16,8
30,4
52,8
14,6
28,9
56,5
Minas Gerais
16,7
28,0
55,3
15,0
25,9
59,1
Espírito Santo
25,5
30,6
43,9
22,9
29,1
48,0
Rio de Janeiro
26,3
33,3
40,4
20,8
31,4
47,8
São Paulo
12,2
30,6
57,1
10,7
29,2
60,1
Sul
14,6
38,5
46,9
13,0
35,9
51,2
Paraná
15,0
41,5
43,4
13,2
38,3
48,4
Santa Catarina
15,8
34,1
50,1
14,2
31,5
54,3
Rio Grande do Sul
13,4
38,0
48,6
12,0
35,7
52,3
Centro-Oeste
26,0
32,3
41,7
22,6
29,6
47,8
Mato Grosso do Sul
16,6
39,9
43,6
16,0
38,0
46,0
Mato Grosso
26,0
32,7
41,3
24,2
30,7
45,1
Goiás
33,1
29,1
37,8
27,8
25,6
46,6
Distrito Federal
20,3
30,5
49,2
15,9
29,1
55,0
Matemática
Em matemática, o percentual dos alunos que atingiram o nível 175 é menor do que o de leitura: 33,3%. Assim como nos resultados em leitura, as diferenças entre regiões são grandes. A pior taxa é, novamente, da Região Norte: 16,5%. A Região Sudeste tem a maior: 47,4%.
Para Nilma, uma possível justificativa para o desempenho pior em matemática é a ênfase que se dá para a língua portuguesa durante a alfabetização.
Na tabela abaixo, é possível observar os dados regionais.
Porcentagem de alunos em cada nível de proficiência- Matemática
3 º ano
Rede Pública
Rede Total
Menos de 125 pontos
De 125 a 175 pontos
Mais de 175 pontos
Menos de 125 pontos
De 125 a 175 pontos
Mais de 175 pontos
Brasil
32,8
37,9
29,2
29,1
37,6
33,3
Norte
52,6
33,5
14,0
48,7
34,8
16,5
Nordeste
51,2
35,2
13,6
44,6
37,3
18,1
Sudeste
19,1
37,8
43,0
16,6
36,0
47,4
Sul
19,7
44,0
36,3
17,9
42,4
39,7
Centro-Oeste
31,4
42,5
26,1
27,2
41,0
31,8
Entre as unidades da federação, os estados do Amazonas (9,7%) e Maranhão (10%) são os que têm menor percentual de alunos com desempenho adequado em matemática. Já Minas Gerais (49,3%) e Santa Catarina (49%) apresentam os melhores resultados.
Porcentagem de alunos em cada nível de proficiência- Matemática
3 º ano
Rede Pública
Rede Total
Menos de 125 pontos
De 125 a 175 pontos
Mais de 175 pontos
Menos de 125 pontos
De 125 a 175 pontos
Mais de 175 pontos
%
%
%
%
%
%
Brasil
32,8
37,9
29,2
29,1
37,6
33,3
Norte
52,6
33,5
14,0
48,7
34,8
16,5
Rondônia
26,5
48,1
25,4
25,1
47,2
27,7
Acre
38,5
45,2
16,4
37,0
45,8
17,2
Amazonas
58,6
33,5
7,9
52,9
37,5
9,7
Roraima
49,6
39,7
10,7
46,5
38,9
14,6
Pará
56,9
29,0
14,2
52,8
30,0
17,2
Amapá
57,2
28,8
14,0
54,2
29,5
16,3
Tocantins
49,1
35,7
15,3
45,4
35,8
18,8
Nordeste
51,2
35,2
13,6
44,6
37,3
18,1
Maranhão
58,4
32,7
8,9
56,4
33,6
10,0
Piauí
50,0
38,3
11,8
46,7
38,6
14,7
Ceará
46,5
40,0
13,5
38,3
42,9
18,8
Rio Grande do Norte
57,8
32,5
9,8
50,4
32,1
17,4
Paraíba
39,4
40,9
19,7
32,9
43,6
23,5
Pernambuco
47,3
33,6
19,2
40,0
35,6
24,4
Alagoas
67,6
24,5
7,9
58,5
27,7
13,8
Sergipe
39,6
38,4
22,0
33,4
39,3
27,3
Bahia
51,8
35,6
12,5
45,2
38,1
16,7
Sudeste
19,1
37,8
43,0
16,6
36,0
47,4
Minas Gerais
18,7
37,2
44,1
16,6
34,1
49,3
Espírito Santo
23,9
36,8
39,3
21,5
35,6
42,9
Rio de Janeiro
23,6
37,2
39,2
19,0
36,8
44,2
São Paulo
17,1
38,5
44,4
15,0
36,7
48,4
Sul
19,7
44,0
36,3
17,9
42,4
39,7
Paraná
23,7
44,6
31,7
21,3
44,1
34,6
Santa Catarina
12,6
40,9
46,5
12,2
38,8
49,0
Rio Grande do Sul
19,6
45,2
35,2
17,6
42,6
39,8
Centro-Oeste
31,4
42,5
26,1
27,2
41,0
31,8
Mato Grosso do Sul
31,3
41,9
26,7
29,4
40,4
30,2
Mato Grosso
26,3
47,3
26,4
24,2
46,9
28,9
Goiás
35,5
41,2
23,3
29,6
39,5
30,9
Distrito Federal
28,2
40,6
31,2
23,1
38,8
38,1
Escrita
Todas as crianças que participaram da Prova ABC fizeram uma redação, avaliada segundo três competências: adequação ao tema e ao gênero; coesão e coerência; e registro (grafia das palavras, adequação às normas gramaticais, segmentação de palavras e pontuação). Como não há escala do Saeb para escrita, foi determinado que, de 0 a 100 pontos, o desempenho esperado de um aluno do 3º ano anos é de, no mínimo, 75 pontos. Do total, apenas 30% das crianças atingiram essa pontuação.
Os alunos que chegam a essa pontuação têm um bom domínio das três competências avaliadas ou ao menos um desempenho razoável para uma delas e bom ou muito bom para as outras duas. Já os alunos que ultrapassaram os 75 pontos demonstram, entre outras habilidades, bom domínio dos recursos coesivos e das normas gramaticais – considerando desvios pontuais.
A tabela abaixo apresenta os resultados por região.
Porcentagem de alunos em cada nível de proficiência- Redação
3 º ano
Rede Pública
Rede Total
Menos de 50 pontos
De 50 a 75 pontos
Mais de 75 pontos
Menos de 50 pontos
De 50 a 75 pontos
Mais de 75 pontos
Brasil
42,2
31,9
25,9
38,9
31,0
30,1
Norte
62,1
24,5
13,4
58,1
25,9
16,1
Nordeste
62,6
24,2
13,2
55,5
25,6
18,9
Sudeste
28,4
36,3
35,2
27,5
33,7
38,8
Sul
28,7
38,7
32,6
26,7
37,3
36,0
Centro-Oeste
34,9
34,6
30,5
31,0
32,9
36,2
Já entre as unidades da federação, aquelas que tiveram crianças com desempenho superior aos 75 pontos foram Goiás (42%),Minas Gerais (41,6%) e São Paulo (39,3%). Os menores percentuais são do Pará (11,6%), Maranhão (13%) e Piauí (16%).
Porcentagem de alunos em cada nível de proficiência- Redação
3 º ano
Rede Pública
Rede Total
Menos de 50 pontos
De 50 a 75 pontos
Mais de 75 pontos
Menos de 50 pontos
De 50 a 75 pontos
Mais de 75 pontos
%
%
%
%
%
%
Brasil
42,2
31,9
25,9
38,9
31,0
30,1
Norte
62,1
24,5
13,4
58,1
25,9
16,1
Rondônia
45,7
36,9
17,4
43,7
36,6
19,6
Acre
48,7
36,8
14,5
46,8
37,0
16,2
Amazonas
65,9
16,4
17,7
60,5
19,5
20,0
Roraima
59,9
23,3
16,8
56,6
23,6
19,9
Pará
68,3
23,1
8,6
63,9
24,5
11,6
Amapá
59,3
25,5
15,1
55,6
26,7
17,7
Tocantins
45,5
32,6
21,9
43,0
32,6
24,4
Nordeste
62,6
24,2
13,2
55,5
25,6
18,9
Maranhão
65,5
24,5
10,0
61,8
25,2
13,0
Piauí
68,9
20,6
10,5
62,6
21,4
16,0
Ceará
57,2
28,2
14,5
52,6
28,9
18,4
Rio Grande do Norte
64,5
23,7
11,8
54,7
27,0
18,3
Paraíba
61,7
22,2
16,1
53,1
23,6
23,3
Pernambuco
64,4
25,3
10,3
54,9
25,9
19,2
Alagoas
67,9
23,8
8,3
59,1
24,5
16,5
Sergipe
51,7
26,6
21,7
43,3
26,4
30,3
Bahia
61,7
22,3
16,0
54,9
24,8
20,3
Sudeste
28,4
36,3
35,2
27,5
33,7
38,8
Minas Gerais
22,2
40,5
37,2
20,1
38,3
41,6
Espírito Santo
45,9
30,6
23,5
41,4
30,2
28,4
Rio de Janeiro
36,0
30,8
33,3
32,2
30,8
37,1
São Paulo
27,0
36,8
36,2
27,8
32,9
39,3
Sul
28,7
38,7
32,6
26,7
37,3
36,0
Paraná
27,0
40,9
32,1
25,3
39,0
35,8
Santa Catarina
29,8
36,3
33,8
26,9
35,0
38,1
Rio Grande do Sul
29,9
37,8
32,3
28,0
36,9
35,2
Centro-Oeste
34,9
34,6
30,5
31,0
32,9
36,2
Mato Grosso do Sul
36,7
41,0
22,3
35,1
40,1
24,9
Mato Grosso
34,5
29,3
36,2
32,7
29,8
37,5
Goiás
33,4
32,0
34,6
28,4
29,5
42,1
Distrito Federal
36,7
39,6
23,7
30,9
36,5
32,6
Para saber mais sobre a Prova ABC, clique aqui.
Informe do movimento Todos pela Educação, publicado pelo EcoDebate, 26/06/2013

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