segunda-feira, 14 de julho de 2014

Carta Aberta: Decisão que libera o uso do Benzoato de Emamectina preocupa toda a sociedade

CARTA ABERTA
venenoAlto Risco à saúde pública: decisão que libera o uso do Benzoato de Emamectina preocupa toda a sociedade
Conforme noticiado pelos meios de comunicação, as lavouras da atual safra de algodão e soja do oeste da Bahia vem sofrendo com o ataque de uma lagarta, conhecida como Helicoverpa Armigera e que já se ampliou para outras regiões do país. Existem diversas iniciativas para conter a sua expansão, sendo a EMBRAPA responsável pela realização de estudos e busca de alternativas. Ocorre que os produtores e a Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia entenderam por utilizar um produto altamente tóxico chamado Benzoato de Emamectina na defesa de uma solução mais imediata, mas que incorre em riscos à saúde e ao meio ambiente. Esse produto não possui registro e nunca foi usado no Brasil.
Em testes de laboratório, a referida substância, se mostrou com alto grau de neurotoxidade e altamente perigoso à saúde em qualquer dose utilizada. Por isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2007, indeferiu o pedido de registro feito pela Syngenta, uma gigante da indústria química com forte atuação na agricultura. No estudo, a Anvisa afirma: "A substância demonstra um perfil toxicológico bastante desfavorável, tanto do ponto de vista agudo como crônico. Particularmente, os efeitos neurotóxicos são tão marcantes e severos que as respostas de curto e longo prazos se confundem. Incertezas no que diz respeito aos possíveis efeitos teratogênicos e as certezas dos efeitos deletérios demonstrados nos estudos com animais corroboram de forma decisiva para que não se exponha a população a este produto, seja nas lavouras ou pelo consumo dos alimentos". A ANVISA conclui: "O produto técnico ora em pleito é considerado impeditivo de registro, do ponto de vista da saúde humana".
Sabe-se ainda que a utilização da referida substância não resolverá o problema pois, além dos malefícios à saúde e ao meio ambiente, a lagarta adquirirá resistência também ao mesmo e se proliferará com mais facilidade.
A Secretaria de Saúde e o INEMA, órgãos do Estado da Bahia também se posicionaram contrários ao uso. Por essas razões o Ministério Público ingressou com Ação Civil Pública que tramita em Barreiras e obteve decisão liminar proibindo a utilização do mesmo. Posteriormente o Exmo. Presidente do Tribunal, suspendeu a decisão da justiça em primeiro grau e permitiu o uso. Agora, será julgado pelo Pleno do Tribunal de Justiça se será ou não permitido o uso do Benzoato de Emamectina, o que trouxe grandes preocupações à toda a coletividade pelos grandes riscos ao ambiente e à saúde humana, tendo como data provável de julgamento o dia 23 de julho de 2014.
Embora os produtores argumentem que terão prejuízos, caso não utilizem o perigoso produto para combater a lagarta, sabe-se que eles omitem o fato de que este ano teremos no Brasil, segundo o MAPA, mais uma safra recorde de grãos.
Por que os produtores acham que não podem ganhar menores lucros e a sociedade pode ter perda ou comprometimento de vidas humanas, contaminação dos solos, dos rios e de vidas de animais?
O conflito está posto: contra a liberação do produto, de um lado, a sociedade, as instituições públicas que atuam nos Fóruns Estaduais e Nacional de Combate aos impactos dos Agrotóxicos, os órgãos de saúde, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, a Fiocruz, as Universidades e o Ministério Público, legítimo defensor dos interesses coletivos; e de outro, o modelo insustentável de produção, que explora de maneira irracional os recursos naturais em busca de lucros incessantes com soluções imediatistas, às custas da saúde da população, do trabalhador e do meio ambiente.
Resta à justiça cumprir o seu papel fundamental de dirimir os conflitos sociais, decidindo de forma justa, de modo a proteger a saúde pública, o meio ambiente e a população. Estamos acompanhando atenta e diuturnamente esse processo!
Nós acreditamos na Justiça!
Assinam esta Carta:
GERMEN – Grupo de Defesa e Promoção Socioambiental
CPT Nacional – Comissão Pastoral da Terra
CPP – Comissão Pastoral da Pesca
ADES – 10ENVOLVINENTO
MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
Via Campesina
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
GAMBA – Grupo Ambientalista da Bahia
IDEIA – Instituto de Defesa, Estudo e Integração Ambiental
ARTICULAÇÃO POPULAR SÃO FRANCISCO VIVO
AGROREDE – Núcleo Interdisciplinar de Agroecologia da UFBA
APAESBA – Associação dos Pequenos Agricultores do Estado da Bahia
APASBA – Associação dos Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia
CPC – Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa da Bahia
FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia de Cruz das Almas
ABEF – Associação Brasileira dos Estudantes em Engenharia
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e suas Organizações:
Movimentos Sociais e Redes
ANA – Articulação Nacional de Agroecologia
CIMI – Conselho Indigenista Missionário
CP – Consulta Popular
CPT – Comissão Pastoral da Terra
FBES – Fórum Brasileiro de Economia Solidária
FBSSAN – Fórum Brasileiro de Segurança e Soberania Alimentar
LPJ – Levante Popular da Juventude
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
MMC – Movimento das Mulheres Camponesas
MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
MPP – Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
PJMP – Pastoral da Juventude do Meio Popular
PJR – Pastoral da Juventude Rural
RADV – Rede de Alerta Contra o Deserto Verde
RECID – Rede de Educação Cidadã
REGA – Rede de Grupos de Agroecologia do Brasil
Via Campesina
Escolas, Universidades e Instituições de Pesquisa Nacional
INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva
ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva
FIOCRUZ – Fundação Osvaldo Cruz
Entidades Regionais:
EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário (BA)
EFA – Escola Família Agrícola de Conceição de Ipanema (MG)
EFA – Escola Família Agrícola de Veredinha (MG)
GESTRU/UFMG – Grupo de Estudos em Saúde e Trabalho Rural da Universidade Federal de Minas Gerais (MG)
NAC – Núcleo de Agroecologia e Campesinato/UFVJM (MG)
Núcleo Tramas – UFC (CE)
Soltec/UFRJ – Núcleo de Solidariedade Técnica (RJ)
UFFS – Universidade Federal da Fronteira Sul
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
UNIVASF – Universidade Federal do Vale do São Francisco
Movimento Sindical e Entidades de Classe
Nacional
ASFOC – Sinidicato dos Trabalhadores da Fiocruz
Conselho Federal de Nutricionistas (CFN)
CONTAG – Confederação Nacional do Trabalhadores na Agricultura
CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
CUT – Central Única dos Trabalhadores
SINPAF – Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário
Regional
ADERE-MG – Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais (MG)
Associação dos Engenheiros Agrônomos da Bahia – AEABA (BA)
CRN9 – Conselho Regional de Nutricionistas da 9° Região (MG)
FETAMG – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (MG)
FETQUIM-CUT – Federação dos Trabalhadores Químicos da CUT no Estado de São Paulo (SP)
SENGE-RJ – Sindicatos dos Engenheiros (RJ)
SEPE-RJ – Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação (RJ)
Sindicato dos Comerciantes de Petrolina (PE)
SindiPetro-RJ – Sindicato dos Petroleiros (RJ)
SINTAGRO-BA – Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Agrícolas da Bahia (BA)
Sinttel – Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Minas Gerais (MG)
STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibirité (MG)
STR de Petrolina (PE)
STTR – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Miradouro (MG)
Entidades, ONGs, Assessorias, Associações, Cooperativas
Nacional
ABA – Associação Brasileira de Agroecologia
APROMAC – Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte
AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia
Cáritas Brasileira
FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
Fundação Rosa Luxemburgo
IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
Terra de Direitos
Toxisphera Associação de Saúde Ambiental
Visão Mundial

Regional
AARJ – Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (RJ)
AAT – Associação Agroecológica de Teresópolis (RJ)
AATR – Associação Advogados de Trabalhadores Rurais (BA)
ACODEFAN – Associação Comunitária de Desenvolvimento Educacional, Familiar e Agropecuário de Veredinha (MG)
AMA – Articulação Mineira de Agroecologia (MG)
AMAU – Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana de Belo Horizonte (MG)
Associação das Rendeiras de José e Maria
Associação de Moradores de Água Limpa – Simonésia (MG)
Associação de Moradores e Amigos de Itinga (MG)
CAA – Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Rede Ecológica (RJ)
CAT – Centro Agroecológico Tamanduá (MG)
CAV – Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (MG)
CEAS – Centro de Estudos e Ação Social (BA)
CEIFAR/ZM – Centro de Estudo Integração Formação e Assessoria Rural da Zona da Mata (MG)
Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá (PE)
CEPEDES – Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul (BA)
Comissão de Segurança Alimentar do Médio Piracicaba (MG)
CONSEA-MG – Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais
COOPAF – Cooperativa de Produção (Muriaé/MG)
CTA – Centro de Tecnologias Alternativas (MG)
EITA – Cooperativa Educação, Informação e Tecnologias para Autogestão
FAAP-BG – Fórum dos Atingidos pela Indústria do Petróleo e Petroquímica nas Cercanias da Baía de Guanabara (RJ)
FORMAD – Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (MT)
Fórum Regional em Defesa da Vida e do Meio Ambiente (MG)
GAU – Grupo de Agroecologia de Umbuzeiro (BA)
GIAS – Grupo de Intercâmbio em Agricultura Sustentável de Mato Grosso (MT)
Grupo Aranã de Agroecologia (MG)
Instituto Ideazul (ES)
Instituto Kairós (SP)
NEPPA – Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias (BA)
PACS – Políticas Alternativas para o Cone Sul (RJ)
Radio AgênciaNP
Rede de Educadores do Vale do São Francisco (BA/PE)
Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (MG)
SASOP – Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (BA)
Semeadores Urbanos
Vicariato Social / Arquidiocese de Belo Horizonte (MG)

Movimento Estudantil
Nacional
ABEEF – Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal,
DENEM – Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina
ENEBIO – Entidade Nacional de Estudantes de Biologia
ENEN – Executiva Nacional dos Estudantes de Nutrição
FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil,

Regional
DA de Agronomia da UNEB (BA)
DA de Agronomia da UNIVASF (PE/BA)
DCE-UNIVASF (PE/BA)
Legislativo
Mandato Deputado Estadual Rogério Correia (MG)
Mandato Deputado Federal Nilmário Miranda (MG)
Mandato Deputado Federal Padre João (MG)
Mandato do Deputado Estadual Marcelo Freixo (RJ)
Secretária de Agricultura de São João Del-Rei (MG)
 Professores e militantes ambientalistas pessoas físicas:
Altino Bonfim – Professor UFBA
Lafayette Luz – Professor UFBA
Magda Bereta – Professora UFBA
Milza Soledad – COMPOP
Leonilde Servolo Medeiros
Ruben Alfredo de Siqueira – Sociólogo
Alzeni Tomaz
Roberto Barreto
Carlos Eduardo Rocha Passos – CODEMA Valença
 EcoDebate, 14/07/2014
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Trânsito: Brasil é um dos países mais perigosos do mundo

Foto: Marcelo Camargo/ABr
A vida fica por um fio – ou por um pedal – nas estradas do estado de São Paulo, a região mais próspera e populosa do Brasil e da América do Sul, cuja capital é agora uma concorrida sede da Copa do Mundo.
Na cidade, andar de moto ou a pé pode aumentar consideravelmente o risco de morrer em um acidente. Nada menos do que 80% das vias de São Paulo são consideradas de alto risco para motociclistas. O número cai levemente para 75% para pedestres e 62% para motoristas.
Os dados são de um novo estudo que analisou a metade dos mais de 8 mil quilômetros de estradas do estado, como parte de um projeto do Banco Mundial para melhorar a segurança nas rodovias paulistas, que estão entre as mais inseguras do país.
O fato é que nos países em desenvolvimento – e o Brasil não é exceção – acontecem 92% das mortes no trânsito do mundo, mesmo com apenas 53% do total de veículos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em 2012, quase 41 mil brasileiros perderam a vida nas estradas. O índice de mortalidade ultrapassa casos como os da Índia e da China, as economias mais populosas do mundo, segundo o especialista em transporte do Banco Mundial, Eric Lancelot.
"Apesar de haver muitas diferenças regionais, o Brasil inteiro está experimentando uma epidemia de insegurança", acrescenta Paulo Guimarães, assessor do Observatório Nacional de Segurança Viária. Destaca que, em 2013, 54 mil famílias foram compensadas devido a acidentes.
O governo federal tem como objetivo reduzir em 50% a taxa de mortalidade viária até 2020. Mas, até agora, ainda há muito o que fazer para que os feriados e fins de semana não terminem sendo datas trágicas para muitos brasileiros.
Alto risco
O consenso dos especialistas e responsáveis por políticas públicas aponta para a aplicação conjunta a uma série de respostas que antes eram feitas em separado: aumentar a segurança dos veículos — como fez recentemente a Argentina —; fazer cumprir energicamente as leis de trânsito; investir em educação; e melhorar a infraestrutura.
Outro número preocupante do estudo sobre segurança viária em São Paulo se refere aos prejuízos econômicos. O estado perde 14,3 bilhões de dólares por ano — valor equivalente ao PIB da Jamaica — devido a mortes e lesões em acidentes de trânsito.
Um investimento de 1,14 bilhão de dólares — 0,19% do PIB do estado — em infraestrutura e segurança poderia evitar 80 mil mortes e lesões graves em 20 anos, reduzindo a taxa atual de 40%, segundo o estudo.
A ONU comemora a Década de Ação pelo Trânsito Seguro até 2020. Durante esse período, os países membros se comprometeram a adotar novas medidas para fazer frente à principal causa de morte entre a população de 15 a 29 anos.
O Brasil tem potencial para se tornar um modelo global no tema, segundo os especialistas.
"Poderia fazer com a segurança no trânsito o que fez com os programas sociais como o Bolsa Família: transformar-se em um líder no tema e um exemplo para outros países em desenvolvimento", sustenta Boris Utria, coordenador geral das operações do Banco Mundial no Brasil.
Fonte: ONU Brasil
EcoDebate, 14/07/2014
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Cidades terão mais de 6 bilhões de habitantes em 2050, destaca novo relatório da ONU

Moradia, infraestrutura, transporte, energia e emprego são alguns dos desafios das megacidades, como Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Na imagem, criança na Favela Sônia Ribeiro, conhecida como 'favela do Piolho', atingida por um incêndio em setembro de 2012. Foto: Marcelo Camargo/ABr
Moradia, infraestrutura, transporte, energia e emprego são alguns dos desafios das megacidades, como Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Na imagem, criança na Favela Sônia Ribeiro, conhecida como 'favela do Piolho', atingida por um incêndio em setembro de 2012. Foto: Marcelo Camargo/ABr
As próximas décadas trarão mudanças profundas no tamanho e distribuição das população global. A contínua urbanização e o crescimento geral da população fará com que 2,5 bilhões novas pessoas passem a viver em áreas urbanas em 2050, que abarcarão mais de 6 bilhões de habitantes dos 9,6 bilhões previstos para essa data.
São Paulo e Rio de Janeiro são citadas como megacidades e aparecem na lista das áreas urbanas mais povoadas do mundo, segundo o novo relatório "Perspectivas Globais de Urbanização" das Nações Unidas, lançado nesta quinta-feira (10).
Os continentes mais impactados por este rápido crescimento serão a África e a Ásia, onde se espera que 90% dessa nova população de 2,5 bilhões de habitantes residirá – mais especificamente na Índia, China e Nigéria, que contabilizarão 37% do crescimento mundial da população urbana entre 2014 e 2050.
Megacidades brasileiras
Produzido pela Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (DESA), o relatório também destaca que de 1990 até 2014 as megacidades, com registro de população superior a 10 milhões, saltaram de 10 para 28, incluindo quatro na América Latina.
Entre elas se encontram a Grande São Paulo, com 20,8 milhões de residentes, e o Grande Rio, com 12,8 milhões de habitantes atualmente. Para 2050, o relatório estima que 79% da população brasileira viverá em centros urbanos.
São Paulo aparece na quinta posição de maiores aglomerações urbanas com mais de 5 milhões de habitantes, atrás apenas de Tóquio (Japão), com 37,8 milhões; Deli (Índia), com 24,9 milhões; Xangai (China), com 22,9 milhões; e Cidade do México (México) com 20,8 milhões. A lista também inclui Belo Horizonte na posição 59, com 5,6 milhões de residentes.
Crescimento em cidades pequenas em países em desenvolvimento
Com a população mundial urbana superando os 6 bilhões de habitantes, os países em desenvolvimento serão os mais impactados por este rápido crescimento. O documento informa que grande parte desse crescimento acontecerá em pequenos assentamentos humanos, que atualmente registram menos de 500 mil habitantes.
Os países africanos, onde grande parte dessa urbanização acontecerá, enfrentarão os maiores desafios para encontrar meios de atender as necessidades relacionadas com esse aumento populacional, incluindo moradia, infraestrutura, transporte, energia e emprego, assim como serviços básicos e educação.
"Administrar áreas urbanas se transformou num dos maiores desafios de desenvolvimento do século 21. Nosso sucesso ou fracasso para construir cidades sustentáveis será um fator relevante no sucesso da agenda de desenvolvimento da ONU pós-2015", disse Johan Wilmoth, diretor da Divisão de População da DESA.
O relatório ressalta que uma agenda de planejamento urbana de sucesso precisará focar em assentamentos urbanos de todos os tamanhos. Se bem administrada, as cidades oferecem oportunidades importantes para o desenvolvimento econômico e para a expansão do acesso de serviços básicos.
Fornecer transporte público, assim como moradia, eletricidade, água e saneamento para uma população urbana densamente estabelecida é normalmente mais barato e prejudica menos o meio ambiente que fornecer um serviço similar em áreas rurais dispersas.
Esta revisão de 2014 do "Perspectivas Globais de Urbanização" traz informação nova e atualizada das tendências de urbanização globais e crescimento das cidades. Os dados são vitais para estabelecer prioridades políticas para promover um desenvolvimento inclusivo, equitativo e sustentável para as áreas urbanas e rurais.
Ao reconhecer a importância das cidades pequenas e municípios, essa última revisão expande a recopilação de cidades e fornece, pela primeira vez, uma estimativa e projeção populacional para todos os assentamentos urbanos do mundo com mais de 300 mil habitantes em 2014.
Acesse todos os dados disponíveis em http://esa.un.org/unpd/wup/
Fonte: ONU Brasil
EcoDebate, 14/07/2014
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O mascote da Copa e a falta de recursos à conservação da espécie


Tatu-bola. Foto: ICMBio

"O tatu-bola é uma espécie de bandeira para falar da situação de diversas espécies da fauna brasileira, especialmente das que vivem na Caatinga, um ecossistema extremamente brasileiro", assinala o biólogo.
Foto: www.zonadeportiva.net
tatu-bola, que inspirou a criação do mascoteFuleco da Copa do Mundo 2014, é uma espécie característica da Caatinga e está na lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção.
De acordo com Felipe Melo, professor daUniversidade Federal de Pernambuco – UFPE, "o tatu-bola chegou nesta situação de extinção porque a Caatinga já perdeu praticamente metade da sua área em termos de cobertura vegetal". O desmatamento e a caça, explica, são os principais motivos que dificultam a preservação do tatu-bola.
"A caça no Nordeste sempre foi usada como uma fonte complementar de proteína, e o tatu-bola é uma das vítimas mais fáceis da caça, uma vez que ele não cava buracos e é facilmente caçado por cachorros ou caçadores individuais. Quando encontrado, se enrola como uma bola e é facilmente capturado", afirma o biólogo em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone.
A junção das palavras futebol e ecologia, formando o nome Fuleco, diz o professor, foi uma tentativa de a Fifa chamar atenção para a questão da ecologia. "Mas obviamente a mensagem ficou muito curta: Fuleco foi escolhido como mascote da Copa, aparece na maioria dos produtos ligados ao mundial, mas nenhum recurso foi dedicado à conservação da espécie por parte da Fifa", critica.
Apesar disso, menciona, está prevista a criação do Parque Nacional do Boqueirão da Onça, com 700 mil hectares, no norte da Bahia, para preservar os tatus-bolas e as onças-pintadas. "Nesse sentido, há uma medida para proteger a Caatinga, que é o ecossistema menos protegido do Brasil, principalmente em termos de unidades de conservação integral, que são os parques nacionais e as reservas ecológicas", assinala.
Felipe Melo é graduado em Ciências Biológicas e mestre em Biologia Vegetal pelaUniversidade Federal de Pernambuco – UFPE e doutor em Ecologia pela Universidad Nacional Autónoma de México. É membro do corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da UFPE e pesquisador colaborador do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste. É chefe do Laboratório de Ecologia Aplicada e revisor de diversos periódicos científicos internacionais e filiado à Society for Conservation Biology – SCB, àAssociation for Tropical Biology and Conservation – ATBC e à Associação Brasileira de Ecologia – ABECO.
Confira a entrevista.
Foto: papjerimum.blogspot.com.br
IHU On-Line – Qual é a situação do tatu-bola? Essa espécie já está em extinção? Quais são os fatores que têm contribuído para a extinção do animal?
Felipe Melo – O tatu-bola é uma espécie de bandeira para falar da situação de diversas espécies da fauna brasileira, especialmente das que vivem na Caatinga, um ecossistema extremamente brasileiro.
Fortuitamente o tatu-bola foi escolhido como o mascote da Copa, o que nos deu a oportunidade de falar do estado de conservação tanto da própria espécie quanto da Caatinga.
O tatu-bola chegou nesta situação de extinção porque a Caatinga já perdeu praticamente metade da sua área em termos de cobertura vegetal. Hoje ela é habitada por mais de 20 milhões de brasileiros, que praticamente sobrevivem da agricultura e de vários tipos de extrativismo. Portanto, o tatu-bola é vítima de um extrativismo histórico no Brasil: a caça. A caça no Nordeste sempre foi usada como uma fonte complementar de proteína, e o tatu-bola é uma das vítimas mais fáceis da caça, uma vez que ele não cava buracos e é facilmente caçado por cachorros ou caçadores individuais. Quando encontrado, se enrola como uma bola e é facilmente capturado.
IHU On-Line – Qual a importância do tatu-bola para o ecossistema da Caatinga?
Felipe Melo – Os tatus em geral são uma espécie de engenheiros do ecossistema, pela capacidade que têm de cavar. O tatu-bola não cava como os outros, mas mesmo assim é um gerador de fertilidade para o solo, porque ao remexer nele, traz nutrientes das camadas mais superficiais para as camadas mais interiores do solo, fazendo com que as plantas tenham mais acesso a esses nutrientes. Eles também controlam populações de formigas e cupins e de outros organismos do solo, o que ajuda a manter os ecossistemas em equilíbrio, uma vez que as formigas estragam as lavouras, principalmente as formigas cortadeiras.
Então, os tatus têm uma importância fundamental na Caatinga, porque são como engenheiros que criam ambientes mais férteis e controlados em relação à pressão de outros insetos.

"As novas gerações, inclusive, pouco conhecem o tatu-bola, uma vez que ele está desaparecendo por conta do desmatamento e da caça"

IHU On-Line – Como o tatu-bola se insere na cultura regional da Caatinga?
Felipe Melo – Ele não tem um papel especial na cultura regional da Caatinga, uma vez que é visto como qualquer outro tipo de caça. Obviamente é um bichinho simpático, mas não é o tatu mais abundante. As novas gerações, inclusive, pouco conhecem o tatu-bola, uma vez que ele está desaparecendo por conta do desmatamento e da caça. Assim, não há um papel especial para o tatu-bola, a não ser de que é mais um dos habitantes da Caatinga, que sobrevive à seca, ou seja, é forte como o sertanejo.
IHU On-Line – Quais são suas críticas à escolha do tatu-bola como símbolo da Copa do Mundo de 2014?
Felipe Melo – A maior parte das críticas que ouvi em relação ao tatu-bola foi por conta do nome dele: Fuleco. Soou um pouco esquisito para nós brasileiros, mas como era um nome internacional, que seria divulgado internacionalmente, me pareceu adequado, uma vez que Fuleco é a junção das palavras futebol e ecologia. A mensagem que a Fifa queria dar era essa, mas, obviamente, ficou muito curta: Fuleco foi escolhido como mascote da Copa, aparece na maioria dos produtos ligados ao mundial, mas nenhum recurso foi dedicado à conservação da espécie por parte da Fifa. O governo brasileiro tentou fazer alguma coisa ao publicar o Plano de Ação e conservação da espécie no final de abril. A Fifa ficou muito atrás, porque ganhou muito dinheiro vendendo produtos com a imagem do mascote, mas pouco contribuiu de fato com a preservação da espécie e do ecossistema.
IHU On-Line – Em que consiste o Plano de Ação e conservação da espécie?
Felipe Melo – O Plano de ação é um conjunto de ações que focam na redução da vulnerabilidade da espécie. Os especialistas se reúnem e elencam quais são as principais ameaças e as principais ações que devem ser tomadas para reverter o quadro de extinção. Nesse sentido, o Plano de ação é um guia para a conservação da espécie.

"Na Caatinga existem várias espécies em situação vulnerável"

IHU On-Line – Como a direção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade recebeu o abaixo-assinado que pediu a criação de um parque nacional na Caatinga para preservar o tatu-bola?
Felipe Melo – Entregamos o abaixo-assinado ao Sérgio Brant, diretor de criação de unidades de conservação do Instituto, em uma solenidade, e ouvimos que a meta principal do ICMBiopara este ano é a criação do Parque Nacional do Boqueirão da Onça, com 700 mil hectares, no norte da Bahia, muito próximo à barragem de Sobradinho, onde existem tatus-bolas e onças-pintadas.
ICMBio, dentro dos seus limites orçamentários e burocráticos, foi receptivo e atendeu a demanda. Nesse sentido, há uma medida para proteger a Caatinga, que é o ecossistema menos protegido do Brasil, principalmente em termos de unidades de conservação integral, que são os parques nacionais e as reservas ecológicas. O governo deve isso à sociedade brasileira e nordestina, ou seja, proteger a Caatinga. Recebemos com bons olhos o anúncio da intenção da criação do parque. A proposta técnica deve ficar pronta ainda neste mês, depois tem a tramitação, mas esperamos que seja criado um bom parque, que conserve uma boa parte da flora e da fauna da Caatinga.
IHU On-Line – Que outras espécies estão em extinção na Caatinga, além da onça e do tatu-bola? 
Felipe Melo – Na Caatinga existem várias espécies em situação vulnerável, entre elas uma espécie endêmica de arara-azul, que está restrita em algumas regiões, e é muito cobiçada por traficantes de animais silvestres. Também tem a ararinha-azul, que está extinta na natureza, mas há um programa para reintroduzi-la ao ecossistema. Além disso, existem outras espécies que estão em extinção, como os peixes e répteis, e parte da flora, como cactos e bromélias da Caatinga.
(EcoDebate, 14/07/2014) publicado pela IHU On-line, parceira editorial do EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]
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