sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

O Pinguço - Trio Parada Dura

O Pinguço
Trio Parada Dura


Aquele pinguço que vai cambaleando
Sorrindo e cantando a cumprir sua sina
Já foi proprietário aqui nesta vila
Da mansão mais linda da rua de cima
Porém certo dia um amor arranjou
E tudo passou no nome da amada
Que quando pegou os documentos na mão
Naquela mansão proibiu sua entrada

Agora é madame orgulhosa e rica
A mansão bonita agora é sua
Assim fez de um homem honesto e honrado
O esfarrapado pinguço de rua

Coitado perdeu para a amante maldosa
A mansão valiosa e tudo afinal
É a razão que um homem se entrega à bebida
Perdendo na vida ilusão e a moral

Enquanto hoje dorme na calçada fria
Aquele que um dia foi homem de bem
Em cama de prata feliz dorme agora
Quem foi em outrora mulher de ninguém

Composição: Criolo / Praense
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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Herdeiro da Pampa Pobre - Gaúcho da Fronteira

Herdeiro da Pampa Pobre
Gaúcho da Fronteira


Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a estória
Não me deixaram nem se quer matizes?

Passam as mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas

Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecidos vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas

O que hoje herdo da minha grei chirua
É um desafio que a minha idade afronta
Pois me deixaram com a guaiaca nua
Pra pagar uma porção de contas ...refrão

Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Composição: Vaine Darde / Gaúcho Da Fronteira
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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

A Mudança - Zezeti e Ademir

A Mudança
Zezeti e Ademir


Minha infância eu passei lá na roça
Ah, que vida gostosa que eu tinha
Meu pai era um homem forte
Minha mãe muito alegre e novinha
Os vizinhos da redondeza
Lá de casa então não saíam
Eu confesso que nunca me esqueço
Dos bailes, das festas, dos terços
Que papai quase sempre fazia

Quando eu completei quinze anos
Certo dia meu pai decidiu
Nós vamos mudar pra cidade
A notícia meu peito partiu
Deu quase de graça a nossa mudança
E o que não vendeu, ele repartiu
O nosso cavalo de estimação
No acerto de contas ficou pro patrão
Notei nos seus olhos a dor que sentiu

Nossa casa tinha oito quartos
Duas salas e uma despensa
Na cozinha um fogão de lenha
E pra fora uma varanda imensa
Hoje moramos amontoados
A casinha parece uma prensa
Lá no sítio era tanta fartura
Hoje a gente come sem mistura
Eu sinto da roça uma saudade imensa

Se você hoje me perguntar
Se de novo eu pudesse escolher
A cidade ou a velha fazenda
Que eu nasci e que me viu crescer
Com certeza eu voltava pra lá
E a primeira coisa que eu ia fazer
Cair de joelhos e beijar o chão
Arrancar a saudade do meu coração
E de lá sair só quando eu morrer

Composição: Genel / Genil / Preferido
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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

A História do MIURA

Com o lançamento do modelo “Hatchback” em 1976, no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, se deu início a construção de uma das maiores marcas nacionais do setor automotivo brasileiro.

A MIURA, com o passar dos anos, se tornou um sinônimo de força, luxo e exclusividade, sempre visando atingir um padrão de qualidade igual aos dos mais renomados fabricantes mundiais, a MIURA se caracterizou por produzir veículos sofisticados e altamente tecnológicos, utilizando-se sempre de tecnologia nacional desenvolvida pela própria empresa ou por suas associadas.
Foi assim que a marca MIURA desenvolveu e lançou os modelos: MIURA SPORT (1977-1981), MIURA MTS (1982-1983), MIURA TARGA (1982-1988), MIURA SPIDER (1983-1986), MIURA KABRIO (1984-1985), MIURA SAGA I (1984-1988), MIURA 787 (1987-1989), MIURA X8 (1987-1990), MIURA SAGA II (1989-1992), MIURA TOP SPORT (1989-1992), MIURA X11 (1992-1993). Nesses modelos foram incorporados acessórios nunca antes imaginados em veículos nacionais, tais como Teto Solar, Frigobar, Sistema de Abertura Automática de Portas por Controle Remoto, Faróis Escamoteáveis, TV no Painel, Luz Externa de Neon, e o inesquecível Computador de Bordo Falante, que avisa ao motorista sobre a necessidade de reabastecer o veículo, utilização do cinto de segurança e etc, são alguns dos itens que eram oferecidos.


Além dos citados, alguns modelos MIURA já possuíam itens que até hoje são pouco difundidos no mercado automotivo brasileiro, como regulagem elétrica dos bancos e da altura do volante. Assim como tudo que envolve a marca MIURA os projetos de design, com linhas extremamente esportivas e arrojadas, também se caracterizam como inovadoras e se constituíram como importante diferencial em relação a qualquer outro veículo esportivo praticado no mercado brasileiro.

Sua tecnologia, conforto, qualidade, design e o fato de ser uns dos primeiros carros nacionais produzidos exclusivamente por encomenda, o caracterizam como autêntico Fora de Série. Tais características foram rapidamente absorvidas pelo mercado, e em seus primeiros 15 anos foram comercializados um total de 10.600 carros dos 11 modelos fabricados.

A marca MIURA teve clientes ilustres como Xuxa (apresentadora), Pelé (ex-jogador de futebol), Renato Gaúcho (técnico de futebol), Simone (cantora), Tande (ex-jogador de vólei), entre outros.

Figurou em atrações como “Tieta”, “A gata comeu”, “O outro”, “Mandala” e “Rainha da sucata” todas novelas da Rede Globo de Televisão, no “Programa legal”, com Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé, na série “As noivas de Copacabana”, no filme “Ariela”, no comercial da Shell Super Plus e no clipe do cantor Cazuza “Faz parte do meu show”.


Esses fatores fazem da MIURA uma marca presente no imaginário de quase todos os brasileiros, principalmente os amantes de carros, e que a associam, aos conceitos de esportividade, luxo, exclusividade e durabilidade, este último conceito devido a parceria com a VOLKSWAGEM para utilização da mecânica VW.

Após 12 anos de abandono em meio à massa falida da antiga fábrica, iniciamos um processo de requisição de depósito (Registro) da marca, a qual tivemos seu registro oficializado pelo INPI em 14/08/2007, em favor de nossa empresa Rangel & Lima Indústria de Veículos Ltda.

Com um trabalho sério e voltado a produzir os melhores esportivos fora de série do Brasil e do mundo, buscamos construir parcerias com empresas de ponta em seus segmentos, onde trabalhamos exclusivamente com peças fornecidas pelas mesmas, sempre buscando colocar o que há de melhor no setor automotivo nos veículos MIURA.
Nesta nova fase da marca MIURA, estamos apresentando dois novos modelos, o MIURA M1 um esportivo clássico equipado com motor 4 Cilindros 2.0 TSI e o MIURA M2 um superesportivo equipado com motor V8 de 4172 cm³ de Cilindradas, aqui no nosso site você poderá conhecer maiores detalhes dos mesmos, desde sua mecânica até seus mais sofisticados acessórios.
Fonte: Site Oficial Miura
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Pampa na Garupa - Iedo Silva

Pampa Na Garupa
Iedo Silva


Com cavacos do ofício
Faço fogo na fogueira
Com a água do Guaíba
Faço chiar a chaleira
Tomo um gole do amargo da saudade
Erva buena da Palmeira
Vou repontando querências
Ajoujadas com o Rio Grande
Com este pampa na garupa
Em qualquer lugar que eu ande

Na minha mala de garupa
Não me falta quase nada
Cachaça de Santo Antônio
Numa guampa pendurada
Fumo bom de Sobradinho
E a palha da encruzilhada
Vou repontando querências
Ajoujadas com o Rio Grande
Com este pampa na garupa
Por qualquer lugar que eu ande

Preparo meu carreteiro
À minha moda campeira
Charque gordo de Bagé
E o arroz de Cachoeira
Temperado com a viola
E uma cantiga missoneira
Vou repontando querências
Ajoujadas com o Rio Grande
Com este pampa na garupa
Por qualquer lugar que eu ande

Meu pingo vem estropiando
Troteou a semana inteira
Vim pra uma changa tratada
Cá pras bandas da fronteira
Vou desencilhar o pingo, hoje é domingo
Começo segunda-feira
Vou repontando querências
Ajoujadas com o Rio Grande
Com este pampa na garupa
Por qualquer lugar que eu ande

Composição: Iedo Silva
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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Franguinho na Panela - Cezar e Paulinho

Franguinho Na Panela
Cezar e Paulinho


No recanto onde moro é uma linda passarela
O carijó canta cedo, bem pertinho da janela
Eu levanto quando bate o sininho da capela
E lá vou eu pro roçado, tenho Deus de sentinela
Tem dia que meu almoço é um pão com mortadela
Mas lá no meu ranchinho, a mulher e os filhinhos
Têm franguinho na panela

Eu tenho um burrinho preto bão de arado e bão de sela
Pro leitinho das crianças, a vaquinha Cinderela
Galinhada no terreiro e um papagaio tagarela
Eu ando de qualquer jeito, de botina ou de chinela
Se na roça a fome aperta, vou apertando a fivela
Mas lá no meu ranchinho, a mulher e os filhinhos
Têm franguinho na panela

Quando eu fico sem serviço, a tristeza me atropela
Eu pego um bico pra fora, deixo cedo a corrutela
Eu levo meu viradinho, é um fundinho de tigela
É só farinha com ovo, da gema bem amarela
É esse o meu almoço, que desce seco na goela
Mas lá no meu ranchinho, a mulher e os filhinhos
Têm franguinho na panela

Minha mulher é um doce, diz que eu sou o doce dela
Ela faz tudo pra mim, e tudo que eu faço é pra ela
Não vestimos lã nem linho, é no algodão e na flanela
É assim a nossa vida, que levamos na cautela
Se eu morrer, Deus dá um jeito, mas a vida é muito bela
Não vai faltar no ranchinho, pra mulher e os filhinhos
O franguinho na panela

Composição: Moacyr dos Santos / Paraíso
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domingo, 23 de fevereiro de 2020

Case Gurgel

A cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, já sediou uma importante indústria cem por cento nacional no setor de automotivo, que em 25 anos produziu vários veículos e fundada em 1º de setembro de 1969 pelo engenheiro mecânico e eletricista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel.
Devido às exportações que sua empresa passou a fazer com o sucesso dos produtos, ele sempre dizia que sua fábrica não era uma multinacional, e sim "muitonacional". O capital era 100% brasileiro. Este homem dinâmico e de grandes idéias formou-se na Escola Politécnica de São Paulo em 1949 e, em 1953, no General Motors Institute nos Estados Unidos.
Gurgel começou produzindo karts e minicarros para crianças. Em 1969 fundou a Gurgel Veículos, seu primeiro modelo foi um bugue com linhas muito modernas e interessantes. Gurgel sempre batizou seus carros com nomes bem brasileiros e homenageava nossas tribos de índios, e construiu vários modelos de carros, dentre eles o Itaipu, o primeiro carro elétrico, que ficava cerca de sete horas em uma tomada de 220 volts.
A fabrica Gurgel já produziu vários tipos de veículos, de picape a veículos utilizados em guerras. Á veículos de todos os tipos e especificidades, mas por curiosidade, a empresa até 1987 sempre utilizava motor de outras empresas. Mas em 1987, onde foi criado o BR-800 com motor da própria Gurgel onde não tinha concorrentes até então.
Porem em 1990 a Fiat lançou o UNO MILLE, concorrendo diretamente com BR-800 da Gurgel; a mesma tentando revidar aos concorrentes do mercado, fez uma evolução no BR-800 em 1992, renomeado de supermine, onde vendeu cerca de 1500 unidades no primeiro semestre do ano.
A empresa procurando melhorar sua posição no mercado de veículos popular, a empresa bolou o projeto de Delta, um veiculo barato e de fácil acesso á população, porem mesmo com as ferramentarias em fabrica para produção, o projeto não saiu do papel.
E por final, no inicio do segundo semestre 1993, a empresa pediu concordata (processo de falência), devido a alta concorrência das multinacionais no mercado. Mas em 1994, a Gurgel solicitou ao governo um empréstimo de vinte milhões (R$20.000.000,00), este negado negado, fazendo com que a organização acabasse a sua vida produtiva no final do segundo semestre e vindo a fechar as portas antes da virada do ano.

“Não, o sonho de Gurgel não acabou, pois ele pode estar dentro de cada um de nos”.  João Gurgel

Fonte: Gestão do Conhecimento
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Dia de Chuva - Walter Morais

Dia de Chuva
Walter Morais

Hoje amanheceu chovendo
Mas eu não posso parar
No galpão todos cochilam
Eu tive que levantar
Tem vaca pra tirar leite
E potros pra galopear
Eu sempre fui peão de estância
Gosto daquilo que faço
Barro o galpão faço bóia
E com solingem de aço
Vou lonquear um couro preto
E tirar uns tentos pra o laço

O gado adivinha a chuva
Soprando bafo das ventas
E relampeia cruzado
Que o índio ate não aguenta
Eu passo a mão no machado
E benzo mais uma tormenta
Assim e a vida da gente
Do fundão duma fazenda
Aproveito os dias de chuva
Para aumentar minha renda
Faço cinto e tranço corda
Que indiada que me encomenda

As minhas obrigações
Todas elas eu atendo

E hoje vou lidar com corda 2x
Por que amanheceu chovendo

A chuva não para nunca
E depois de um chimarão
Vou laçar lá na mangueira
Um lobuno do patrão
Pois mesmo deitando água
Eu vo tontia ele a tirao
Já de volta no galpão
Engraxo bem meu lombilho
Espicho o laço no aramado
E pra um guacho doradilho
Debulha a força de dedo
Uma meia bolsa de milho

As minhas obrigações
Todas elas eu atendo

E hoje vou lidar com corda 2x
Por que amanheceu chovendo

[De noite segue chovendo e a peonada se assanha
Eu pego meu violão, bombeio, tomo uma canha essa
E assim que se passa a vida, quando chove na campanha parte
Falquejo uma canga buena para os cascos do petiço falada
Pois eu só adulo o patrão fazendo bem meu serviço]

As minhas obrigações
Todas elas eu atendo

E hoje vou lidar com corda 2x
Por que amanheceu chovendo

Por que amanheceu chovendo 4x

Composição: Walter Morais
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sábado, 22 de fevereiro de 2020

História da Gurgel no Brasil

História da Gurgel no Brasil.


Destruído pelo governo brasileiro
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O Ipê e o Prisioneiro - Lourenço e Lourival

O Ipê e o Prisioneiro
Lourenço e Lourival

Quando há muitos anos fui aprisionado nesta cela fria
Do segundo andar da penitenciária lá da rua eu via
Quando um jardineiro plantava um ipê e ao correr dos dias
Ele foi crescendo e ganhando vida enquanto eu sofria

Meu ipê florido Junto à minha cela
Hoje tem altura de minha janela
Só uma diferença há entre nós agora
Aqui dentro as noites não tem mais aurora
Quanta claridade tem você lá fora

Vejo em seu tronco cipó parasita te abraçando forte
Enquanto te abraça, suga sua seiva, te levando à morte
Assim foi comigo, ela me abraçava depois me traía
Por isso a matei e agora só tenho sua companhia

Meu ipê florido Junto à minha cela
Hoje tem altura de minha janela
Só uma diferença há entre nós agora
Aqui dentro as noites não tem mais aurora
Quanta claridade tem você lá fora

Composição: Jose Fortuna / Paraíso
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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Gurgel, a montadora que surgiu de um sonho (bem brasileiro)

João Conrado e um exemplar do Gurgel Motomachine
Gurgel. Um nome que é reverenciado por muitos no Brasil é a síntese do sonho de uma montadora totalmente nacional. Enquanto muitos países – alguns tão pequenos quanto os menores estados brasileiros e outros com mercados inferiores aos de algumas de nossas grandes cidades – possuem suas próprias marcas, o Brasil ainda se recente da falta de um fabricante de automóveis de capital e origem nacionais.
João Augusto Conrado do Amaral Gurgel era um dos brasileiros que desejavam ver uma marca nacional estampada em veículos feitos em solo pátrio, oferecendo ao consumidor um produto que, dentre outras características, ele poderia orgulhar-se de ter na garagem. E foi assim que tudo começou para a Gurgel, um sonho.
Em 26 de março de 1926, nascia em Franca, interior de São Paulo, um menino que iria ficar para sempre na história do automóvel no Brasil e no mundo. Desde jovem, o João sempre sonhou com um carro nacional. E foi essa ideia que o fez entrar na Escola Politécnica de São Paulo.

João Augusto Conrado do Amaral Gurgel
Quando se formou, o jovem Gurgel já mostrou que queria materializar seu objetivo com um protótipo de automóvel com motor de dois cilindros, chamado simplesmente de Tião. Este pode ser considerado o primeiro de muitos carros que João fabricaria nos anos seguintes. O projeto foi um desafio para o formando, pois era originalmente obrigado a fazer um guindaste e recebeu de seu professor uma dica nada agradável: “Carro não se fabrica, Gurgel, se compra”.
Logo depois, João Conrado vai para os EUA, onde trabalha na Buick e na GM Truck and Coach. Em seu retorno, ele abre a Moplast Moldagem de Plásticos a fim de abastecer a cadeia de autopeças brasileira e desenvolveu alguns projetos, especialmente os relacionados com carrocerias de fibra de vidro.
O tempo passou e João Conrado começou a produzir mini veículos para crianças, karts e alguns protótipos de carros elétricos. Ainda assim, João queria mesmo é fabricar automóveis e seu passo definitivo nessa jornada seria dado em 1969, quando funda em Rio Claro, também no interior de São Paulo, a Gurgel Motores S/A.

Gurgel Xavante X-12

Gurgel Motores S/A

A primeira aparição pública de um produto Gurgel ocorreu em 1966, anos antes de iniciar a empresa de fato. Foi no Salão do Automóvel com um bugue feito sobre mecânica Volkswagen, chamado Ipanema. Outro modelo criado foi o utilitário Xavante XT, cuja produção começou em 1970. Ao contrário do anterior, era fabricado com chassi de aço tubular e plástico feito pela própria empresa e chamado Plasteel, além de carroceria de fibra de vidro, que seria o material mais usado pela recém-criada montadora brasileira ao longo de sua história.
Gurgel sempre pensava além de sua época e os veículos elétricos eram uma prova de que no futuro este segmento alcançaria níveis mundiais. Em 1974, João Conrado cria o modelo Itaipu, cujo nome era uma homenagem à maior hidrelétrica do mundo na ocasião, feita entre o Brasil e o Paraguai. O veículo originou mais tarde o E400 em 1980, que também derivou o G800 a gasolina.
Com a Crise do Petróleo, Gurgel deu ênfase ao projeto dos elétricos, mas não podia deixar os carros a gasolina de lado. O projeto Xavante obrigou o Exército Brasileiro a testa-lo e logo depois surgiu o X-12. Com partes da estrutura em plástico reforçado com fibra de vidro, dando assim leveza ao conjunto, aliado à boa mecânica Volkswagen, fez do utilitário um sucesso.

Gurgel G-15 Polícia Militar
O EB encomendou um grande lote e o mercado aceitou bem o Xavante X-12. Ele chegou a equipar também unidades de polícias militares alguns anos depois. Com as restrições à importação de veículos a partir de 1976, a Gurgel ganhou grande impulso nas vendas, pois havia pouca concorrência para seus produtos.
Com a mudança para uma fábrica maior em Rio Claro, feita em 1973, a Gurgel Motores avançou mercado brasileiro adentro. Em 1976, lançou o Xavante X-12 TR, que tinha uma garantia de 100.000 km, algo impensável naquela época. Logo depois, a empresa passou a ser o primeiro exportador de veículos especiais do Brasil, ganhando notoriedade no exterior.

Gurgel Itaipu E400

Foco também em elétricos

Em 1979, Gurgel expõe no Salão de Genebra toda sua linha de produtos. A picape cabine dupla X-15 e a picape cabine simples X-20 foram lançados nesse ano. Com a era Proálcool, João Conrado teve de aceitar os desejos dos clientes e oferecia versões à álcool, mesmo sendo contra o etanol.
Apesar da boa aceitação no mercado, o Exército Brasileiro era o maior cliente da Gurgel. Além disso, o foco nos elétricos fez com que João Conrado inaugurasse uma fábrica nova para produção de veículos movidos por energia elétrica em 1980. O primeiro a ser fabricado em série foi o Itaipu E-150, mas o alto custo das baterias e a autonomia reduzida, só conseguiu clientes em concessionárias de energia e logo sai de linha.

Gurgel X-15
Com 10 modelos em 1980, a Gurgel Motores só perdia em quantidade de funcionários para a Puma, que além de esportivos, fabricava caminhões leves. Em 1982, surge o G800, que teve versões picape, furgão e passageiro, sendo adquirido também por muitas prefeituras pelo Brasil. O veículo tinha mecânica VW a ar. No mesmo ano, a empresa lançava o XEF, um pequeno carro de dois lugares com estilo inspirado nos carros da Mercedes-Benz, desejados pelos brasileiros, mas estes eram proibidos de ter um carro importado. A base era da VW Brasília.
Um grande salto tecnológico para a Gurgel ocorreu em 1984, quando João apresentou o Carajás. Ele foi o maior utilitário da marca brasileira e nasceu com uma configuração inédita no país e pouco vista no mundo, exceto pelos alemães de VW e Porsche. O motor era o AP 1.8 a gasolina ou álcool usado no Santana. Ele também utilizava um 1.6 diesel de 50 cv da Kombi.

Gurgel Carajás
No entanto, o Carajás tinha motor dianteiro em longitudinal e Gurgel queria a tração traseira. Então, ele lançou mão da configuração usada no Porsche 924, que era ter propulsor/embreagem na frente e transmissão no eixo traseiro, utilizando-se semieixos para tração. O projeto usava um tubo de torque (cardã interno) e assim obteve relação de peso 50:50. Havia também bloqueio de diferencial para mudança de força entre as rodas.
O Carajás mostrou a capacidade do engenho de Gurgel em inovar dentro de um mercado dominado por quatro grandes fabricantes e isolado comercialmente do resto do planeta. O isolamento do Brasil foi benéfico para a empresa, pois suprimia a concorrência estrangeira. Além disso, a mecânica Volkswagen era essencial para o desenvolvimento de novos produtos da marca.

Gurgel BR-800

BR-800

No entanto, João Conrado não estava satisfeito em ter apenas uma montadora de capital 100% nacional, queria ter um carro genuinamente brasileiro. Assim, em 1987, surgiu o projeto CENA (Carro Economico NAcional). O lançamento foi bastante patriótico, pois ocorreu exatamente em 7 de setembro.
A data era uma referência clara à independência do consumidor brasileiro em relação às montadoras, pois o projeto era de um carro urbano econômico e totalmente nacional. O nome do projeto também fazia o brasileiro lembrar do piloto Ayrton Senna, que já era ídolo na época. Feito em uma estrutura que mesclava aço, plástico e fibra de vidro, o veículo era pequeno e ágil.
A motorização original era composta por um boxer dois cilindros refrigerado à água de fabricação e projeto próprios, chamado Enertron, que ainda utilizava componentes já fabricados na indústria nacional. Podia ter 26 cv ou 32 cv. Em 1988, o CENA deu origem ao BR-800, a versão comercial que custava US$ 7.000.

Carreta transportando exemplares do Gurgel BR-800
A ideia original era fazer o BR-800 custar US$ 3.000, mas não deu certo, apesar da ajuda do governo com redução de IPI para 5% (o normal era 25%), o que resultou em um carro com mais do dobro da proposta inicial. Ainda assim, o modelo era 30% mais barato que os demais concorrentes.
A Gurgel iniciou a maior campanha de marketing de sua história para convidar o consumidor brasileiro a ser sócio da empresa, pois era a única forma de aquisição do BR-800. Ele até chegou a usar a imagem de Henry Ford para buscar interessados. Em torno de 8.000 pessoas atenderam ao desafio de João Conrado. Cada cliente-sócio pagou US$ 7.000 pelo BR-800 e mais US$ 1.500 por cada ação, totalizando 10.000 ações.
Além disso, os proprietários de tornaram avaliadores dos veículos adquiridos, relatando defeitos e outros pormenores para que a empresa providenciasse ajustes no projeto. Em 1991, mais de 5.000 estavam sendo testados dessa forma. Nesse ano surgia o Motomachine, um pequeno urbano derivado do BR-800 e que tinha como destaque portas translúcidas, criando um estilo mais jovial e despojado.

Gurgel Delta

Ceará e o Delta

A Gurgel planejou a construção de uma fábrica no Ceará, que seria a primeira de várias que seriam feitas em outros estados. O projeto era ter uma unidade para fabricação local do conjunto motriz e a planta de Rio Claro ficaria responsável apenas pelas carrocerias.
Isto tudo era projeto Delta, um novo carro popular com custo entre US$ 4.000 e US$ 5.000, que usaria o mesmo motor Enertron, mas agora com câmbio próprio, pois o BR-800 e o Motomachine usavam o do Chevrolet Chevette. O Delta pesa 550 kg e deveria ter quatro lugares com conforto relativo.
O sistema de produção seria do tipo carrossel e teria baixíssimo custo. Além do Delta, que jamais chegou a ser lançado, a Gurgel lançou outros projetos, como um riquixá para Índia e China, por exemplo. Os que ganharam as ruas de fato foram o Supermini e o Van.

Gurgel Supermini

O fim de um sonho

Em 1990, o governo Collor isentou os carros com motor abaixo de 1.0 litro de pagar IPI. Assim, as montadoras estrangeiras presentes no Brasil imediatamente lançaram carros com esse tipo de motorização e com preços menores que o do BR-800. Este, por sinal, passou a ser liberado para o consumidor não-sócio da empresa.
Para piorar a situação da Gurgel, o “Muro de Berlim” que isolava o Brasil do restante do planeta foi derrubado pelo mesmo governo, que liberou finalmente a importação de automóveis. Um II de 85% não impediu que o Lada ficasse mais baratos que os utilitários da Gurgel. Em 1992 nascia o Supermini, que tinha desenho mais moderno e melhor acabamento, substituindo assim os pedidos do BR-800 ainda não entregues.
O projeto Delta era uma boa iniciativa, mas sem a fábrica não iria para a frente. O apoio que teria de SP e CE não teria sido honrado e a unidade cearense nunca saiu do papel. Uma greve de funcionários da Receita Federal atrasou a chegada de componentes da Argentina e a produção da Gurgel caiu drasticamente de 1991 para 1992, o que arruinou as finanças da empresa. Em 1993, a Gurgel Motores S/A pediu concordata.

Gurgel Supermini SLX
No ano seguinte, João Conrado pediu um empréstimo de US$ 20 milhões para manter a fábrica, mas o governo recusou e a falência foi decretada. Apesar disso, a empresa recorreu e ainda manteve a produção até 1996, produzindo 130 veículos no período e lançando a versão 1995 do Supermini, bem como do Motomachine e do Carajás. O conceito Motofour foi apresentado nessa época. Ele tinha apenas um lugar e parecia mais um brinquedo do que um automóvel.
O fim da Gurgel foi um duro golpe para João Conrado. A empresa deixou dívidas de mais de R$ 280 milhões e uma fábrica que foi arruinada por vândalos e grande número de furtos de peças de maquinário e veículos. A instalação foi leiloada por R$ 16 milhões em 2007 para pagamento de dívidas trabalhistas, ficando ainda um restante de R$ 4 milhões.

Gurgel TA-01

Gurgel renasce apenas como marca

O registrado da marca Gurgel expirou no INPI em 2003. No ano seguinte, o empresário Paulo Emílio Freire Lemos adquiriu os direitos por apenas R$ 850. Isto provocou o descontentamento da família do engenheiro, que tentou recorrer na justiça, mas perdeu.
Lemos tentou relançar o X-12 com motor Volkswagen 1.4 Flex usado na Kombi, mas o projeto não foi para frente. Em seu lugar, importou da China um triciclo com motor diesel de um cilindro e capacidade para 1.200 kg de carga, sendo seu foco o uso rural. Um modelo de empilhadeira foi lançado também.
Sem nenhuma ligação com a empresa anterior, Paulo Lemos ainda tentou construir uma fábrica em Três Lagoas/MS, que recebeu toda a operação comercial da nova empresa. No entanto, hoje a empresa funciona apenas como importadora do triciclo diesel TA-01.
Desde 2001, João Augusto Conrado do Amaral Gurgel sofria do mal de Alzheimer e em 30 de janeiro de 2009, morreu em sua casa na cidade de Rio Claro, aos 82 anos. O sonho dele acabou ali, mas muitos outros brasileiros ainda sonham em ver uma montadora de automóveis de capital nacional.

Fonte: Noticias Automotivas

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Do Fundo da Grota - Baitaca

Do Fundo da Grota
Baitaca


Fui criado na campanha
Em rancho de barro e capim
Por isso é que eu canto assim
Pra relembrar meu passado
Eu me criei arremedado
Dormindo pelos galpão
Perto de um fogo de chão
Com os cabelo enfumaçado

Quando rompe a estrela D'alva
Aquento a chaleira
Já quase no clariá o dia
Meu pingo de arreio
Relincha na estrebaria
Enquanto uma saracura
Vai cantando empoleirada

Escuto o grito do sorro
E lá no piquete
Relincha o potro tordilho
Na boca da noite
Me aparece um zorrilho
Vem mijá perto de casa
Pra enticar com a cachorrada

Numa cama de pelego
Me acordo de madrugada
Escuto uma mão-pelada
Acuando no banhadal
Eu me criei xucro e bagual
Honrando o sistema antigo
Comendo feijão mexido
Com pouca graxa e sem sal

Quando rompe a estrela D'alva
Aquento a chaleira
Já quase no clariá o dia
Meu pingo de arreio
Relincha na estrebaria
Enquanto uma saracura
Vai cantando empoleirada

Escuto o grito do sorro
E lá no piquete
Relincha o potro tordilho
Na boca da noite
Me aparece um zorrilho
Vem mijá perto de casa
Pra enticar com a guapecada

Reformando um alambrado
Na beira de um corredor
No cabo de um socador
Com as mão brotiada de calo
No meu mango eu dou estalo
E sigo a minha campeirada
E uma perdiz ressabiada
Voa e me espanta o cavalo

Quando rompe a estrela D'alva
Aquento a chaleira
Já quase no clariá o dia
Meu pingo de arreio
Relincha na estrebaria
Enquanto uma saracura
Vai cantando empoleirada

Escuto o grito do sorro
E lá no piquete
Relincha o potro tordilho
Na boca da noite
Me aparece um zorrilho
Vem mijá perto de casa
Pra enticar com a cachorrada

Lá no centro do capão
Ouço o piar de um nambú
Numa trincheira o jacú
Grita o sabiá nas pitanga
E bem na costa da sanga
Berra a vaca e o bezerro
No barulho dos cincerro
Eu encontro os bois de canga

Quando rompe a estrela D'alva
Aquento a chaleira
Já quase no clariá o dia
Meu pingo de arreio
Relincha na estrebaria
Enquanto uma saracura
Vai cantando empoleirada

Escuto o grito do sorro
E lá no piquete
Relincha o potro tordilho
Na boca da noite
Me aparece um zorrilho
Vem mijá perto de casa
Pra enticar com a guapecada

Composição: Baitaca
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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Amargurado Tião Carreiro e Pardinho

Amargurado
Tião Carreiro e Pardinho


O que é feito daqueles beijos que eu te dei
Daquele amor cheio de ilusão
Que foi a razão do nosso querer
Pra onde foram tantas promessas que me fizestes
Não se importando que o nosso amor viesse a morrer

Talvez com outro estejas vivendo bem mais feliz
Dizendo ainda que nunca houve amor entre nós
Pois tu sonhavas com uma riqueza que eu nunca tive
E se ao meu lado muito sofrestes
O meu desejo é que vivas melhor

Vai com Deus, sejas feliz com o teu amado
Tens aqui um peito magoado
Que muito sofre por te amar
Eu só desejo que a boa sorte siga teus passos
Mas se tiveres algum fracasso
Creias que ainda te possa ajudar

Composição: Dino Franco / Tião Carreiro
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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Por Um Pedaço de Terra - Xirú Missioneiro

Por Um Pedaço de Terra
Xirú Missioneiro

A gente vaga sem rumo levando o que tem nas costas
A nossa bandeira é a esperança onde o futuro se aposta
Erguemos ranchos campeiros arando é que se cultiva
E semeamos velhos sonhos nesta área improdutiva
No arrastão contra a fome, velhos, moços e crianças
Fecundando solos pobres acasalam a esperança
Deus deu a terra pra todos dela o sustento tirar
Mas uns tem tanto e não plantam e tantos sem onde plantar

Se tem tanta terra ao menos que na lonjura se somem
Por que nos deixam vagando nos descaminhos da fome?
Achando terra sem uso meu povo chega e acampa
Pra ver se criam raízes num pedacinho da pampa (2x)

De longe um rico proprietário num latifúndio da serra
Vê enxadas abrindo sulcos parindo frutos da terra
Passam-se os dias e os meses e nunca resolvem nada
Meu povo segue sofrendo no acampamento da estrada
Fazem o povo galopear atrás do cadastramento
Mas nunca acham lugar pra fazer o assentamento
A reforma só existe na ficção dos decretos
E nós só querendo um canto pra criar filhos e netos

Se tem tanta terra ao menos que na lonjura se somem
Por que nos deixam vagando nos descaminhos da fome?
Achando terra sem uso meu povo chega e acampa
Pra ver se criam raízes num pedacinho da pampa...

Xirú Missioneiro · Jorge Guedes
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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Escolta de Vagalumes - Rick e Renner

Escolta de Vagalumes
Rick e Renner


Voltando pra minha terra eu renasci
Nos anos que fiquei distante acho que morri
Morri de saudade dos pais irmãos e companheiros
Que ao cair da tarde no velho terreiro
Agente cantava as mais lindas canções

Viola afinada e na voz dueto perfeito
Longe eu não cantava doía meu peito
Na cidade grande só tive ilusões

Estribilho:

Mas voltei, mas voltei, eu voltei
E ao passar a porteira a mata e o perfume
Eu fui escoltado pelos vaga-lumes
Pois era uma linda noite de luar

Mas chorei, mas chorei, eu chorei
Ao ver meus pais meus irmãos vindo ao meu encontro
A felicidade misturou meu pranto
Com o orvalho da noite deste meu lugar

Ganhei dinheiro lá fora mas foi tudo em vão
A natureza é meu mundo, eu sou o sertão
Correr pelos campos floridos feito um menino
Esquecer as magoas e os desatinos
Que a vida lá fora me proporcionou

Ouvi o sabiá cantando e a juriti
E a felicidade de um bem-te-vi
Que parece dizer meu amigo voltou

Composição: Luiz Carlos Garcia / Zezety
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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Depois da Lida - César Oliveira e Rogério Melo

Depois da Lida
César Oliveira e Rogério Melo


No ranchito já me espera a companheira
Com um amargo bem cevado só pra mim
E na estrada quando ela vê a poeira
Fica feliz porque meu dia chega ao fim.

Me recebe com um sorriso cristalino
E já endaga como está o meu cansaço
Então eu digo que me sinto um menino
Quando estou no aconchego dos seus braços.

E me beija perguntando do meu dia
E me diz em um segundo o que fez
A saudade é tanta que parecia
Que ela nao me via a mais de um mês.

A noite quente vem chegando sorrateira
E seu olhar já atiça meus sentidos
Ela insinua que existe uma mulher
Toda minha dentro do vestido.

Prometo tanta coisa pra minha linda
Até arco-íris cheio de cor
Mas ela sabe que minha fortuna
Se resume só no meu amor.

A melodia seresteira nas aguadas
Pede garupa no lombo do vento
E nos faz uma serenata campeira
Quando entra pelo rancho a dentro.


Composição: CESAR OLIVEIRA / ROBERTO HUERTA
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domingo, 16 de fevereiro de 2020

Terra Tombada - Chitãozinho e Xororó

Terra Tombada
Chitãozinho e Xororó


É calor de mês de agosto
É meados de estação
Vejo sobras de queimadas
E fumaça no espigão

Lavrador tombando terra
Dá de longe a impressão
De losângulos cor de sangue
Desenhados pelo chão

Terra tombada é promessa
De um futuro que se espelha
No quarto verde dos campos
A grande cama vermelha

Onde o farto das sementes
Faz brotar de suas covas
O fruto da natureza
Cheirando a criança nova

Terra tombada
Solo sagrado chão quente
Esperando que a semente
Venha lhe cobrir de flor

Também minh'alma
Ansiosa, espera confiante
Que em meu peito você plante
A semente do amor

Terra tombada é criança
Deitada num berço verde
Com a boca aberta pedindo
Para o céu matar-lhe a sede

Lá na fonte, ao pé da serra
É o seio do sertão
A água, leite da terra
Alimenta a plantação

O vermelho se faz verde
Vem o botão, vem a flor
Depois da flor, a semente
O pão do trabalhador

Debaixo das folhas mortas
A terra dorme segura
Pois nos dará para o ano
Novo parto de fartura

Terra tombada
Solo sagrado, chão quente
Esperando que a semente
Venha lhe cobrir de flor

Também minh'alma
Ansiosa, espera confiante
Que em meu peito você plante
A semente do amor

Também minh'alma
Ansiosa, espera confiante
Que em meu peito você plante
A semente do amor

Composição: Carlos Cezar / Jose Fortuna
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sábado, 15 de fevereiro de 2020

Mate de Esperança - Délcio Tavares

Mate de Esperança
Délcio Tavares


Eu vou cevar um mate gordo de esperança
Com a erva verde do verde do teu olhar
Tomar um trago bem graúdo
E preparar tudo
Para te esperar

E o meu rancho que era escuro de saudade
Eu vou fazer uma pintura de alegria
Para te impressionar e te agradar
Se tu voltar guria

Eu fiz promessa pro negrinho
Eu fiz promessa pro negro do pastoreio
Levei fumo em rama e um gole de canha
Como oferenda
Só para ele me ajudar
Só pra ele me ajudar a encontrar um meio
E um laço forte pra que eu te prenda, prenda

Oh!oh!oh!
E então sem mágoa
Posso até sentir o que virá depois
Oh!oh!oh!
Vou esquentar a água e feliz servir
Um mate pra nós dois.

Composição: Albino Manique / Francisco Castilhos
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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Casa de Caboclo - Rick e Renner

Casa de Caboclo
Rick e Renner


Seja bem vindo nessa casa de caboclo
o que eu tenho é muito pouco
aqui neste fim de estrada

Tem um ditado aqui em nosso recanto
que o pouco com Deus é muito
e o muito sem Deus é nada

Não repare minha estrada esburacada
ela é trilha de boiada
ela é rota de tropeiro

Quando chove é uma lama grudadera
quando é sol vira poera
parecendo um fumaceiro

Seu carro moço é o primeiro que aparece
meu cachorro não conhece
nunca viu um trem assim

Pode até parece surpresa pro senhor
mais o progresso passou
e acho que esqueceu de mim

A minha água vem da fonte não tem cano
café cuado no pano
meu açucar é rapadura

Mais é da boa feita de cana caiana
o melado dessa cana
adoça qualquer margura

Se o senhor não tá com pressa eu vou mandar
minha veia preparar
um franguinho com quiabo

Aqui na roça eu não tenho o tal do wiski
para abrir o apetite
eu vou buscar um esquenta rabo

Seu carro moço é o primeiro que aparece
meu cachorro não conhece
nunca viu um trem assim

Pode até parece surpresa pro senhor
mais o progresso passou
e acho que esqueceu de mim

Agora que a gente já forro o peito
se quiser eu dô um jeito
pro senhor fazer o quilo

Não se preocupe não tem barulho de nada
aqui na minha morada
é só passarinho e grilo

Tem uma coisa que eu vou pedir pro senhor
pra me fazer um favor
na hora que for embora

Feche a porteira que me serve de escudo
para proteger o meu mundo
desse mundo lá de fora

Seu carro moço é o primeiro que aparece
meu cachorro não conhece
nunca viu um trem assim

Pode até parece surpresa pro senhor
mais o progresso passou
e acho que esqueceu de mim

Seu carro moço é o primeiro que aparece
meu cachorro não conhece
nunca viu um trem assim

Pode até parece surpresa pro senhor
mais o progresso passou
e acho que esqueceu de mim

Composição: Alexandre / Rick
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Cativeiros - Antonio Gringo

Cativeiros
Antonio Gringo


Ouvi um pássaro cantar num cativeiro
Naquele instante não contive a emoção
Em saber que a beleza de seu canto
Condenou-o a viver numa prisão

Se, por cantares, hoje vives prisioneiro
Somos iguais neste ofício de cantor
Pra dar ao mundo mais poesia e ternura
Em liberdade, cantar a vida e o amor

(Não tem preço, a liberdade não tem dono
Só quem é livre sente prazer em cantar
Se um passarinho canta mais quando está preso
É no desejo de um espaço pra voar)

Quantos homens nas gaiolas desta vida
Aprisionados pela empáfia do poder
São como pássaros, cativos da injustiça
Morrendo aos poucos na prisão do mau-viver

Quero ver pássaros e homens livremente
Romper na vida toda forma de prisão
Que só o amor e liberdade nos cativem
Aprisionando-se em cada coração

(Não tem preço, a liberdade não tem dono
Só quem é livre sente prazer em cantar
Se um passarinho canta mais quando está preso
É no desejo de um espaço pra voar)
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Catarinense cria filtro “anti-enchente” que impede que bueiro entupa de lixo

Uma ideia é simples, que não envolve nenhum aparato de alta tecnologia, mas é bastante eficiente no combate a enchentes e poluição de rios, viralizou nas redes sociais.

Tiago dos Santos, morador de Blumenau-SC, criou um filtro para evitar que os lixo das ruas entre no bueiro em frente a loja onde trabalha e é sócio. “A água passa, o lixo fica e o rio agradece”.

O sistema, que nada mais é do que uma combinação de grades, chamou a atenção dos vereadores da cidade, que estudam formas de implantar a ideia em outros pontos da cidade.

“Temos que pensar local, para atingir o global. O plástico é um dos grandes causadores de poluição. A xepa de cigarro, por exemplo, feita de fibra sintética, derivado do plástico, se degrada em partículas menores e acaba sendo alimento de animais na natureza”, afirmou. É por causa de pessoas como o Tiago que continuamos acreditando em um país melhor. Que essa atitude sirva de exemplo para milhares de pessoas Brasil afora.
Publicado por Reich 
Obs. republicamos esta matéria em função de sua inovação e importancia , parabenizamos o autor pela informação e pedimos aos nossos leitores que visitem a pagina do autor clique aqui
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Lago Verde Azul - Osvaldir e Carlos Magrão

Lago Verde Azul
Osvaldir e Carlos Magrão


O medo de andar solito, ouvindo vozes e gritos
E até do barco um apito na sua imaginação
Os olhos esbugalhados, do moleque assustado
Olhando aquele mar bravo
Ora doce, ora salgado, num temporal de verão

Sem camisa na beirada bombachita arremangada
Botou petiço na estrada quando a areia lhe guasqueou
Sentiu um arrepio com aquele ar frio que o açude e o rio
E as águas que ele viu não lhe provocou

Coqueiro e figueira dos matos
E a bela Lagoa dos Patos, ó verdadeiro tesouro
Lago Verde e Azul que na América do Sul
Deus botou pra bebedouro

Coqueiro e figueira dos matos
E a bela Lagoa dos Patos, ó verdadeiro tesouro
Lago Verde e Azul que na América do Sul
Deus botou pra bebedouro

Tempos que ainda tinha o bailado da tainha
Quando o boto vinha com gaivotas em revoada
E entre outros animais, no meio dos juncais
Surgiam patos baguais que hoje não se vê mais
Este símbolo da aguada

Na noite de lua cheia, a gente sentava na areia
Para ver se ouvia a sereia entre as ondas cantando
E hoje eu volto ali, no lugar que eu vivi
Onde nasci quando guri, me olho lagoa em ti
E me enxergo chorando

Coqueiro e figueira dos matos
E a bela Lagoa dos Patos, ó verdadeiro tesouro
Lago Verde e Azul que na América do Sul
Deus botou pra bebedouro

Coqueiro e figueira dos matos
E a bela Lagoa dos Patos, ó verdadeiro tesouro
Lago Verde e Azul que na América do Sul
Deus botou pra bebedouro

Composição: Helmo De Freitas
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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Meu Reino Encantado - Lourenço e Lourival

Meu Reino Encantado
Lourenço e Lourival


Eu nasci num recanto feliz
Bem distante da povoação
Foi ali que vivi muitos anos
Com papai mamãe e os irmãos
Nossa casa era uma casa grande
Na encosta de um espigão
Um cercado pra apartar bezerros
E ao lado um grande mangueirão

No quintal tinha um forno de lenha
E um pomar onde as aves cantavam
Um coberto pra guardar o pilão
E as tralhas que o papai usava
De manhã eu ia no paiol
Um espiga de milho eu pegava
Debulhava e jogava no chão
Num instante as galinhas juntavam

Nosso carro de boi conservado
Quatro juntas de bois de primeira
Quatro cangas, dezesseis canzis
Encostados no pé da figueira
Todo sábado ia na vila
Fazer compra para semana inteira
O papai ia gritando com os bois
Eu na frente, abrindo as porteiras

Nosso sítio que era pequeno
Pelas grandes fazendas cercado
Precisamos vender a propriedade
Para um grande criador de gado
E partimos pra cidade grande
A saudade partiu ao meu lado
A lavoura virou colonião
E acabou-se meu reino encantado

Hoje ali só existem três coisas
Que o tempo ainda não deu fim
A tapera velha desabada
E a figueira acenando pra mim
E por último marcou saudade
De um tempo bom que já se foi
Esquecido embaixo da figueira
Nosso velho carro de boi

Composição: Valdemar Reis / Vicente F. Machado
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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Mateando com a Mamãe - Odilon Ramos

Mateando Com a Mamãe
Odilon Ramos

Foi hoje, agora há pouco
Eu fiz um mate assim, tão bem feitinho
Cevado com tal jeito e tal carinho
Que me lembrei assim, de relancina
Do primeiro mate que tomei
Foi minha mãe que fez
E era tão doce, doce como ela era e ainda é
Eu era piá
Um naquinho de gente
E, pra ganhar um mate, eu esperava
Até que ele não fosse mais tão forte e nem tão quente
No beiral da porta da cozinha
Que era de chão batido
Varridinha com vassoura de guanxuma
Eu me sentava e pedia manhoso
— Mãe, me dá um mate?
E esperava, até que ela achasse
Que já dava pra dar um mate para o seu guri
Quantas lições de vida eu aprendi
No mate doce que minha mãe fez!
Aprendi obediência
Aprendi a ter paciência para esperar a minha vez
— Segura com as duas mãos!
Não derrama! Não te queima!
Não vá me mexer na bomba!
Eram ordens!
Mas tão brandas, dadas com tanta ternura
Da boca da minha mãe eu nunca ouvi um nome feio
Nunca uma palavra dura
Guebuxa! Quanta saudade!
Minha infância, a mocidade
E aquele mate inocente
Que sem ser forte, nem quente
Era tudo o que eu queria
Como eu ficava radiante e me sentia importante
Com aquela cuia de mate que a minha mãe me estendia
E foram mates de leite, às vezes mates de mel
Com açúcar esfregado, com canela
Que a minha mãe fazia, diferente um do outro cada dia
Minha mãe agora está velhinha
E espera horas, dias sentadinha
Ou suspirando debruçada na janela
Que esse seu filho, gaudério, desgarrado
Um dia desses sente do seu lado
E tire um tempo pra matear com ela
— Eu vou sim, mãezinha, te prometo
Também estou cansado de matear sozinho!
E quando eu bolear a perna no teu rancho
Deixa que eu ceve um mate para nós
Um mate doce
Que eu vou adoçar pra ti com meu carinho

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