O tradutor e escritor Boris Schnaiderman, pioneiro na tradução do russo para o português, morreu na noite desta quarta-feira (18) aos 99 anos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em São Paulo, onde passou por uma cirurgia no fêmur após ter sofrido uma queda em casa. Mas o quadro se agravou, e Schneiderman teve uma pneumonia.
O velório acontece entre 9h e 14h desta quinta-feira (19) no Centro Cultural Maria Antônia, ligado à Universidade de São Paulo (USP), na qual Schnaiderman deu aulas de literatura russa. A cerimônia de cremação está marcada para acontecer no Crematório Vila Alpina.
Formado na Escola de Agronomia do Rio, Schnaiderman não estudou Letras formalmente. Autoditada, acabou se tornando um dos maiores nomes da tradução do Brasil. Verteu para o português, direto do russo, obras de escritores fundamentais da literatura russa, como Liev Tolstói, Fiódor Dostoiévski, Vladímir Maiakóvski, Anton Tchekhov, Aleksandr Púchkin e Maksim Górki.
Ucraniano, ele lutou pelo Brasil na 2ª Guerra
Schnaiderman nasceu em Úman, na Ucrânia, em 1917, e mudou com os pais para o Brasil em 1925, aos oito anos de idade. Naturalizou-se brasileiro em 1940 e se alistou para combater na Segunda Guerra Mundial, como sargento da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Suas primeiras versões direto do russo datam de 1944. Assinava os trabalhos com o pseudônimo Boris Solomonov, derivado de seu nome do meio – Solomónovitch. Vale lembrar que, na época, o mais comum era que os autores russos ganhassem versões no Brasil a partir do inglês ou francês, por exemplo.
Em 1960, Schnaiderman foi um dos criadores do curso de língua e literatura russa da USP, que o nomeou professor emérito em 2001.
O perfil no site da Editora 34, que publicava suas traduções, informa ainda que ele ganhou em 2003 o Prêmio de Tradução da Academia Brasileira de Letras. Em 2007, o governo da Rússia lhe concedeu a Medalha Púchkin em reconhecimento por sua contribuição à divulgação da cultura russa no exterior.
Livros traduzidos
Dentre as principais obras traduzidas por Boris Schnaiderman, destacam-se as de Fiódor Dostoiévski. Dele, verteu para o português "Os irmãos Karamázov", "Memórias do subsolo", "Um jogador", "O eterno marido" e "Nétotchka Niezvânova".
Também assina traduções de "A morte de Ivan Ilitch", "Felicidade conjugal" e "A sonata a Kreutzer", de Liev Tolstói; "A dama de espadas", de Aleksandr Púchkin; "O beijo e outras histórias", de Anton Tchekov; e "Meu companheiro de estrada e outros contos", de Maksim Górki.