A vida corrida e agitada levada por grande parte dos brasileiros faz com que poucos se preocupem com a alimentação saudável. Em virtude disso, o número de pessoas com problemas de saúde, como diabetes, hipertensão e colesterol alto tem crescido assustadoramente. Além disso, no Brasil, mais de 65 milhões de pessoas – 40% da população – estão com excesso de peso, enquanto 10 milhões são considerados obesos, segundo dados da Associação Médica Brasileira (AMB).
Fonte de alimentos saudáveis, a agricultura familiar pode ser protagonista na mudança desse cenário. O segmento é uma alternativa ao consumo de alimentos congelados, fast food, frituras e refeições ricas em sódio, cada vez mais consumidas em território nacional. Em virtude da importância do setor, a ONU declarou 2014 como Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF).
O secretário da Agricultura Familiar do MDA, Valter Bianchini explica porque o segmento é grande produtor de alimentos saudáveis. “A agricultura familiar, por trabalhar sistemas mais diversificados, por ser uma agricultura que utiliza o mínimo de insumo externo, por integrar lavoura e pecuária, há uma forte correlação com a produção do alimento saudável”, afirma.
Bianchini lembra, ainda, que os produtos podem ser encontrados em mercados, legitimamente identificados pelo Selo de Identificação da Agricultura Familiar (Sipaf). “Há hoje um portifólio de tecnologias que vão mostrando cada vez mais a possibilidade de termos uma agricultura sustentável, produzindo alimentos saudáveis para o conjunto da população. Os selos da Agricultura Familiar e da Agricultura Orgânica trazem, cada vez mais, um produto socialmente justo, produzido de forma ambientalmente correta, sendo a garantia de um produto saudável”, lembra.
O representante da Organização Panamericana de Saúde (Opas), Enrique Jacoby, em seminário sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), também reconheceu a importância do setor para a saúde. “Aprendi e creio que é muito importante observar que falar de agricultura familiar é falar de desenvolvimento, saúde e biodiversidade. Este segmento é protagonista na produção de alimentos saudáveis”, aponta.
Segundo Jacoby, dos 20 maiores fatores que colocam em risco a vida do ser humano 15 estão ligados diretamente com a má alimentação. “Basicamente, o que coloca a vida em risco é a alimentação de baixa qualidade. Temos que promover os alimentos naturais e consumir cada vez menos alimentos processados”, salienta o peruano.
Por João Paulo Biage, do MDA
EcoDebate, 03/06/2014