segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Bambu, para que te quero

Foto - Márcia Sarmento
Gramínea de origem asiática coloca o município entre uma das referências de pesquisa quanto aos seus vários usos como produção de móveis, artesanato, alimento e outros derivados.

Ainda utilizado no Brasil de maneira modesta, o bambu tem caído nas graças dos produtores que procuram aprender um pouco sobre a imensa cadeia produtiva, facilidade e baixo custo para cultivo e, ainda, a lucratividade.

Veja a reportagem em vídeo aqui

Em Planalto, uma experiência que não tem mais de 15 anos está mostrando que são inúmeras as possibilidades de produção a partir da gramínea, que vão desde artesanato à alimentação. Com uma capacidade produtiva de 120 anos, a cultura, tradicional na Ásia, pode ser uma aposta rentável para o agricultor que tem algum espaço – mesmo que pequeno – em sua propriedade.

Coordenada pelo artista plástico, ecodesigner, produtor e especialista na cadeia produtiva de bambu, Carlos Ciprandi, a experiência no município revelou algumas frentes de trabalho, que permitem rentabilidade para o agricultor e também para quem vai industrializar o material. Entre os usos de mais fácil adaptação estão, no caso do colmo, como substituto da madeira, para a construção, móveis e utensílios domésticos. O broto é ótimo para a alimentação humana, consumido em conserva, patê, farinha e outros alimentos, enquanto as folhas têm finalidade medicinal, podendo ser aproveitadas na forma de chá.

– Ainda podemos citar os serviços florestais para a contenção de encostas, recuperação de áreas degradadas, quebra vento, sombreamento e produção de créditos de carbono, sem contar que a folha, com 20% proteína, serve como complemento para alimentação dos animais. Na Índia é usado para complementar a alimentação de frangos –, expõe Ciprandi. O produtor lembra ainda que entre as vantagens no cultivo está o alívio da pressão na floresta, pois se trata de um recurso que se renova com o plantio. “É uma madeira nobre, que tem durabilidade. Requer apenas a devida manutenção, como impermeabilização”, orienta.

Fácil cultivo
Nos dois hectares de bambu, tipo gigante, que são cultivados em Planalto, é possível ter uma rentabilidade de R$ 12 mil/ano, com a venda da vara e do broto. A partir dos quatro anos, o colmo atinge a maturidade e pode ser retirado. “A manutenção da lavoura é muito barata. Não precisa maquinário pesado, a motosserra resolve. Mas o melhor é que não usa veneno, nem inseticida, nem herbicida. Ou seja, a rentabilidade é aumentada. Além disso, como gramínea, requer nitrogênio, o que pode resolver a problemática do destino do esterco suíno que muitas localidades enfrentam”, aponta o produtor.

Uma das principais funções do trabalho em Planalto é produzir mudas de bambu, o que ainda é um problema no Brasil. “Não temos ainda como apostar na produção em escala industrial porque não há matéria-prima suficiente. Este é o grande gargalo da atividade no país, já que falamos por enquanto de pequenas plantações. Por isso optamos por esta espécie de laboratório, onde nos propomos a fazer uma série de experimentações. Nesta estrutura estamos provando que é possível fazer carvão de bambu, pasta de dente de carvão de bambu, broto de bambu, farinha do broto do bambu e muito mais. O que temos que aprimorar agora é a questão da escala e padronização desses produtos”, finaliza Ciprandi.

Mais informações podem ser obtidas através dos links
https://www.facebook.com/BambuKaHa e http://bambusc.org.br.

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