Projeto destaca que a existência da espécie em um determinado espaço assegura que o ambiente está preservado
São 25 anos de trabalho. Esse é o saldo do tempo de atuação do Projeto do Papagaio Charão em Carazinho e região, além de outros estados do país. O objetivo é propiciar as condições ideais para que a espécie saía da lista de animais em extinção. Além do charão, o papagaio do peito roxo também é alvo das ações do projeto.
O papagaio funciona como um indicador da preservação de determinado ambiente. “Ele é um animal sensível e se há a sua ocorrência em alguma região, é porque a mata no entorno possui uma natureza mais próxima da original do que as demais. Utilizamos a existência do papagaio em algum local como um indicador da qualidade ambiental deste espaço”, explica o pesquisador Roberto Tomasi Júnior.
O especialista em Biologia da Conservação acrescenta que “em muitas localidades o papagaio foi extinto regionalmente. Conservando a vida da espécie, preservamos todo o ambiente ao redor e temos água e ar de qualidade. O objetivo através do papagaio é manter todo o equilíbrio da natureza”, pontua.
O projeto não recebe verbas públicas. A iniciativa conta com o apoio de instituições, como a Fundação Boticário, cujo projeto atual tem a duração de quatro anos. Tanto o charão quanto o peito roxo são ameaçados de extinção, sendo o primeiro em caráter vulnerável e o segundo em nível de perigo.
Giana Webber Azeredo, bolsista do projeto e formada em Biologia, relata que deverá haver uma maior conscientização sobre as espécies no futuro. “2016 foi instituído como sendo o ano do papagaio. Por conta disso, muitas informações sobre o animal são divulgadas em zoológicos por todo o país, o que deve resultar em uma maior educação ambiental”, acredita.
Mudança de hábito do animal
Tomasi relata que o projeto vem percebendo uma mudança de costume no papagaio. “Antes, nesta época do ano, eles se concentravam no Rio Grande do Sul. Hoje, por conta da falta de araucárias no Estado, eles acabam indo para Santa Catarina. O papagaio do peito roxo faz cerca de dez quilômetros por dia, já o charão pode ultrapassar os 40 quilômetros em 24 horas”, explica o pesquisador.
Depois, as espécies voltam para o Rio Grande do Sul. “Não são encontrados ninhos deles em Santa Catarina. Eles acabam voltando para o nosso estado para a reprodução”, acrescenta. Aí reside um problema: “as condições ideais para a reprodução são árvores de grande porte com cavidades. É difícil encontrar isso na natureza. Por essa razão, instalamos em vários lugares 300 caixas ninho para charão e outras 150 para o papagaio do peito roxo”, revela Tomasi.
Por: Rodolfo Sgorla da Silva
Fonte: DM
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