Titulo: O Apocalipse dos Trabalhadores
Autor: Valter Hugo Mãe
Foram vários os “murros” que levei no estomago ao ler o romance. Neste livro fala-se de muita coisa, mas é sobretudo a felicidade humana que é questionada. Confesso que VHM abordou o tema por pontos de vista que não tinha pensado, e isso levou-me a chegar a conclusões que nunca me tinham passado pela cabeça. Mas será que somos uma “máquina de trabalho a caminho da felicidade e nada mais.”
Maria da Graça era quem fazia as limpezas na casa do senhor Ferreira. Acabam por ter uma relação amorosa. O senhor Ferreira “era um homem cheio de razões para viver, estava reformado, tinha dinheiro, sabia coisas, apreciava ainda os prazeres mais elementares” mas para grande surpresa suicida-se.
Quitéria é a grande amiga de Maria da Graça, ganha dinheiro indo a funerais, tal como a amiga vive num bairro social. Apaixona-se por Andy um ucraniano a trabalhar nas obras que veio para Portugal tentar proporcionar aos pais uma melhor alimentação na Ucrania. Quando Andy soube que iria ganhar 300€ por mês “acreditou que nunca mais passaria fome”.
Augusto, o marido de Maria da Graça, era pescador, por isso passava meses fora de casa, mas ao casal só o casamento os unia, todo o resto não existia. Por vezes, batia na mulher e acretiva que Graça não tinha desejos sexuais.
A felicidade e a aparência de felicidade; as frustrações da vida; a dura vida de quem é pobre e tem poucos recursos; o mau que é viver num país onde ninguém nos entende e onde ninguém percebe a língua que falamos; a histórica fome na Ucrânia ou a alegria de viver são apenas alguns dos temas abordados.
No final do livro, pelos menos aqueles que não tenham um coração de pedra, serão certamente mais humanos e “menos máquinas”. No meu caso, confesso que passei a olhar os imigrantes com outros olhos.
Grande livro, parabéns Valter Hugo Mãe
Boa leitura…
Fonte: Sugestão de Leitura