“Hoje, o processo do etanol é parecido com o da cachaça, praticamente. A palha e o bagaço são uma parte desvalorizada, e que, com o processo de enzimas e transformação por hidrólise, podem ser aproveitados para o etanol também”, conta Marcos Freitas, coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), que é parceiro do o Instituto de Química da UFRJ no laboratório.
Ele explica que o bagaço já é usado para a produção de energia nas usinas de biomassa, o que exigirá uma avaliação de qual ganho é maior em cada período. Só com a palha, no entanto, o ganho para a produção de etanol pode chegar a 40%.
O etanol 2G também pode amenizar um dilema dos produtores de cana: usar a lavoura para o etanol ou para o açúcar. “Quando o preço do açúcar no mercado internacional sobe, os produtores deixam de usar a cana para o etanol, porque o insumo é o mesmo do açúcar. Como a palha não serve para a produção de açúcar, vamos parar com essa competição”, diz Freitas.
Para o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, o aumento da produção é um caminho para o país reduzir as importações de etanol dos Estados Unidos, que o produzem a partir do milho, emitindo maior quantidade de CO2 para a atmosfera. “No momento, o Brasil não consegue produzir quantidade suficiente de etanol para atender ao mercado interno.”
Apesar de ter sido inaugurado hoje, o laboratório já está em funcionamento com 20 pesquisadores, que trabalham em projetos como a caracterização de diferentes biomassas (cana, milho, trigo e madeira), produção das enzimas para a hidrólise e análise econômica do etanol 2G. A tendência, no entanto, é que o número de pesquisadores aumente até três vezes com a chegada de projetos, pois o laboratório tem parcerias com universidades de outras partes do país e com dez instituições do exterior.
Os recursos da pesquisa foram liberados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e recebeu R$ 4 milhões em investimentos da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica).
Edição: Talita Cavalcante
Reportagem de Vinícius Lisboa, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 30/08/2013