quinta-feira, 17 de janeiro de 2013


São Miguel do Oeste - Madeiras, forração, pedaços de telhas espalhados pelo chão ainda se misturam às ferramentas, materiais de construção e operários que trabalham na reconstrução das residências atingidas por um vendaval, na noite de segunda-feira (7), na comunidade de Tupancy, no interior de São Miguel do Oeste.
A reportagem do DI foi até à comunidade para ver como está o processo de reconstrução das casas e edificações destruídas pelos fortes ventos. O processo é lento. Primeiro os moradores trabalharam na recuperação dos móveis e utensílios afetados pelo vento e a chuva, depois iniciaram o trabalho de desmanchar as estruturas danificadas, recuperando o material ainda em condições de uso e descartando o restante.
Na propriedade da família Perondi, onde o vento derrubou um estábulo e danificou pelo menos 50% da lavoura de milho, destinada à alimentação dos animais, a agricultora Carmen, 51, e o marido, Joacir Perondi, de 56, ainda estão abalados. Ela conta que no momento do vendaval, quando as telhas começaram a ser arrancadas, o casal procurou se proteger e que o desespero bateu somente depois que o mau tempo passou. O prejuizo, na residência, foi de mais de R$ 10 mil, sem contar os móveis e demais utensílios domésticos perdidos ou danificados.
Carmen revelou que a solidariedade dos vizinhos foi fundamental. Hoje, ela e o marido estão alojados no porão da casa de um vizinho, que não foi atingido pelos ventos, e trabalham na reconstrução da casa. Somente depois de terminarem a moradia é que o casal de agricultores pensa em recomeçar a edificação do estábulo, que abrigará às vacas leiteiras que dão o sustento aos dois.
Ela também destacou que depois do temporal, a produção de leite caiu devido ao estresse dos animais, que também ficaram ariscos e arredios. Os vizinhos já se organizaram para auxiliar na construção do novo galpão. Ela não soube precisar o prejuízo total da propriedade, que foi atingida pela terceira vez em nove anos (2004, 2009 e 2013). "Estamos vivos e com saúde. O restante a gente reconstrói" - disse a agricultora.
Ainda no chão
Próximo à casa de Carmem, a cerca de um quilômetro, o casal de agricultores Zanete, de 45 anos, e Getúlio Scharm, de 45 anos, e três filhos (13, 19 e 21 anos), ainda não acreditam no que aconteceu. Os fortes ventos literalmente varreram a casa da família do mapa e, por pouco, não feriu gravemente o filho mais velho - com sérias complicações de saúde, que estava dentro da residência no momento do vendaval.
Ontem, a casa ainda estava da forma como o vendaval a deixou: totalmente destruída e com madeiras espalhadas por todos os lados. O carro da família, que estava no porão da casa, está agora na entrada da propriedade, totalmente destruído. Os únicos bens que restaram foram um sofá e um velho freezer.
O casal conta agora com a ajuda de outras pessoas e já receberam alguns bens, como fogão, cama e guarda roupas, que estão na casa nova que o casal construiu e pretendia se mudar em alguns dias, mas ela também foi atingida e teve o telhado arrancado. Scharm ainda revela qiue perdeu mais de 50% das lavouras e que ainda não sabe como fará para quitar as dívidas no banco. Ele afirmou que irá buscar junto à instituição financeira uma forma de resolver a situação e que agora o que mais precisa é de mão de obra para retirar os escombros e tentar recuperar parte da madeira, que deve ser vendida para quitar outras contas.
Durante a conversa com Getúlio, a reportagem foi surpreendida por Zanete. Ela apareceu detrás dos escombros da casa carregando dois baldes d`água. Abordada pelo jornalista, ela afirmou que estão sem água na residência desde o dia do vendaval, quando a rede de energia da motobomba foi arrancada e levada embora. Agora, todos os dias ele percorre centenas de metros para poder cozinhar, lavar louça, roupas e até tomar banho. Desolada, ela ainda não acredita pelo que passou.

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