São Miguel do Oeste - Madeiras,
forração, pedaços de telhas espalhados pelo chão ainda se misturam às
ferramentas, materiais de construção e operários que trabalham na reconstrução
das residências atingidas por um vendaval, na noite de segunda-feira (7), na
comunidade de Tupancy, no interior de São Miguel do Oeste.
A reportagem do DI foi até à comunidade para ver como está o
processo de reconstrução das casas e edificações destruídas pelos fortes
ventos. O processo é lento. Primeiro os moradores trabalharam na recuperação
dos móveis e utensílios afetados pelo vento e a chuva, depois iniciaram o
trabalho de desmanchar as estruturas danificadas, recuperando o material ainda
em condições de uso e descartando o restante.
Na propriedade da família Perondi, onde o vento derrubou um
estábulo e danificou pelo menos 50% da lavoura de milho, destinada à
alimentação dos animais, a agricultora Carmen, 51, e o marido, Joacir Perondi,
de 56, ainda estão abalados. Ela conta que no momento do vendaval, quando as
telhas começaram a ser arrancadas, o casal procurou se proteger e que o desespero
bateu somente depois que o mau tempo passou. O prejuizo, na residência, foi de
mais de R$ 10 mil, sem contar os móveis e demais utensílios domésticos perdidos
ou danificados.
Carmen revelou que a solidariedade dos vizinhos foi fundamental.
Hoje, ela e o marido estão alojados no porão da casa de um vizinho, que não foi
atingido pelos ventos, e trabalham na reconstrução da casa. Somente depois de
terminarem a moradia é que o casal de agricultores pensa em recomeçar a
edificação do estábulo, que abrigará às vacas leiteiras que dão o sustento aos
dois.
Ela também destacou que depois do temporal, a produção de leite
caiu devido ao estresse dos animais, que também ficaram ariscos e arredios. Os
vizinhos já se organizaram para auxiliar na construção do novo galpão. Ela não
soube precisar o prejuízo total da propriedade, que foi atingida pela terceira
vez em nove anos (2004, 2009 e 2013). "Estamos vivos e com saúde. O
restante a gente reconstrói" - disse a agricultora.
Ainda no chão
Próximo à casa de Carmem, a cerca de um quilômetro, o casal de
agricultores Zanete, de 45 anos, e Getúlio Scharm, de 45 anos, e três filhos
(13, 19 e 21 anos), ainda não acreditam no que aconteceu. Os fortes ventos
literalmente varreram a casa da família do mapa e, por pouco, não feriu
gravemente o filho mais velho - com sérias complicações de saúde, que estava
dentro da residência no momento do vendaval.
Ontem, a casa ainda estava da forma como o vendaval a deixou:
totalmente destruída e com madeiras espalhadas por todos os lados. O carro da
família, que estava no porão da casa, está agora na entrada da propriedade,
totalmente destruído. Os únicos bens que restaram foram um sofá e um velho
freezer.
O casal conta agora com a ajuda de outras pessoas e já receberam
alguns bens, como fogão, cama e guarda roupas, que estão na casa nova que o
casal construiu e pretendia se mudar em alguns dias, mas ela também foi
atingida e teve o telhado arrancado. Scharm ainda revela qiue perdeu mais de
50% das lavouras e que ainda não sabe como fará para quitar as dívidas no
banco. Ele afirmou que irá buscar junto à instituição financeira uma forma de
resolver a situação e que agora o que mais precisa é de mão de obra para
retirar os escombros e tentar recuperar parte da madeira, que deve ser vendida para
quitar outras contas.
Durante a conversa com Getúlio, a reportagem foi surpreendida
por Zanete. Ela apareceu detrás dos escombros da casa carregando dois baldes
d`água. Abordada pelo jornalista, ela afirmou que estão sem água na residência
desde o dia do vendaval, quando a rede de energia da motobomba foi arrancada e
levada embora. Agora, todos os dias ele percorre centenas de metros para poder
cozinhar, lavar louça, roupas e até tomar banho. Desolada, ela ainda não
acredita pelo que passou.