Na pequena Pareci Novo, as flores
estão por todos os lados. A antiga tradição dos imigrantes alemães – em sua
maioria, originários da cidade de Hamburgo – ainda vive nos canteiros de grande
parte das residências. Ao redor das casas, moradores mantêm coloridos jardins.
As cores que atraem o olhar dos visitantes também estão no comércio. Além das
propriedades que vivem do plantio, há empresas que vendem as flores, tanto no
atacado quanto no varejo.
Como se não bastasse, pétalas de
rosas vermelhas também espalham seu aroma pela cidade em forma de licores,
geleias e cucas. Vendidos sob encomenda, os quitutes surgem da criatividade de
Lourdes Schutz, que não economiza açúcar nas receitas:
– Faço para os amigos, quando me
pedem. Todos gostam – afirma, esbanjando simpatia, a dona da Floricultura Flor
do Sul, uma das tantas empresas do setor localizadas à margem da ERS-124. Com
três estufas de 2,5 mil metros quadrados cada, onde são produzidos principalmente
gerânios e ciclames, Gabriel Riffel, da Floricultura Viva-Flor, emprega 15
funcionários. Há alguns anos, o produtor decidiu apostar nas espécies de corte
– as mais vendidas no Dia dos Namorados –, um filão no qual poderia se
diferenciar.
– Dá para agregar um pouco mais de
valor – justifica.
Com quase 900 hectares de área
plantada, o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de flores do país,
atrás apenas de São Paulo. Mas a atividade floreira, que gera 18,5 mil empregos
diretos no Estado, ainda precisa de muita rega e adubação.
O setor, que movimentou R$ 355,7
milhões no ano passado, estrutura-se a partir de núcleos isolados de produção.
Em Dois Irmãos e Ivoti, viveiros se dedicam a espécies como crisântemos,
lisiantos e gérberas. São Sebastião do Caí tem produtores de rosas, gérberas e
crisântemos. Em Nova Petrópolis, propriedades sobrevivem com arbustos e
espécies para paisagismo.
Mas, considerando o tamanho da
cidade e a importância da atividade para a economia local, Pareci Novo, a 63
quilômetros da Capital, destaca-se no grande jardim gaúcho. A localidade reúne
cerca de 40 viveiros – muitos com duas ou três estufas – e tem na atividade
floreira e na citricultura as suas principais fontes de renda.
Com pequena porção urbana, Pareci
Novo tem estufas espalhadas por estradas asfaltadas e de chão batido que partem
do centro para a área rural. Tanto em direção a São Sebastião do Caí quanto
rumo a Montenegro, grandes estruturas de metal, plástico, tela e lona se
destacam na paisagem.
– O setor deve representar cerca de
20% da nossa economia. É um número bastante forte – comenta o prefeito Rafael
Antonio Riffel.
Produção é vendida no Estado
É impossível percorrer as ruas e
estradas de Pareci Novo sem notar as grandes estufas. Com mais de cem espécies,
o Viveiro do Beto se dedica principalmente à produção de amor-perfeito,
boca-de-leão, tagete (conhecida como "cravo de defunto"),
alegria-de-jardim, cravina e begônia. Entre os seus principais mercados estão
Porto Alegre, Gravataí, Gramado, cidades da Fronteira e municípios de Santa
Catarina.
Por mês, o empresário Gilberto
Brand, dono do viveiro, chega a vender 10 mil caixas (de 15 mudas cada), com
valores entre R$ 6 e R$ 6,50 cada, dependendo da espécie. O faturamento bruto
mensal fica em torno de R$ 65 mil, mas, segundo Beto, não garante boa margem de
lucro, devido aos altos custos com mão de obra – cerca de 45% do total –,
sementes, adubos, manutenção e irrigação.
Mas não são apenas flores que
embelezam Pareci Novo. No município, também há produtores dedicados ao plantio
de mudas de árvores nativas (usadas para reposição ambiental e arborização
urbana) e ornamentais (ipês roxo e amarelo, jerivás e frutíferas como cereja,
guabiju, pitanga e jaboticaba). É o caso do Viveiro do Bagé, um dos maiores da
região, com área total de 12 hectares.
Segundo o administrador, Rodrigo
Fell, o empreendimento tem clientes em Porto Alegre, Caxias do Sul, São
Leopoldo, Novo Hamburgo e Canoas. Por mês, chega a lucrar entre R$ 15 mil e R$
20 mil, mas, assim como os produtores de flores, o negócio também depende muito
do clima.
O buquê
Os números do setor floreiro no
país, no primeiro e no segundo maior polo produtor
Brasil
Faturamento: R$ 4,4 bilhões
Produtores: 7,6 mil
Empregos diretos: 209,3 mil
Área plantada: 13 mil hectares
Pontos de venda: 21.124
São Paulo
Faturamento: R$ 1,6 bilhão
Produtores: 2,2 mil
Empregos diretos: 85.768
Área plantada: 6.588 hectares
Pontos de venda: 7.141
Rio Grande do Sul
Faturamento: R$ 355,7 milhões
Produtores: 1,5 mil
Empregos diretos: 18,4 mil
Área plantada: 894 hectares
Pontos de venda: 1.645
FONTE: ZERO HORA