A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos incentiva o plantio e a conservação da araucária, árvore-símbolo do Paraná e ameaçada de extinção, contribuindo para redução do gás carbônico na atmosfera. O projeto Estrada com Araucárias garantiu, em um ano, o plantio de cerca de 10 mil árvores em 46 propriedades rurais na Lapa e em Irati, e renda para os proprietários.
Esses dois municípios foram os primeiros a aderir ao projeto, desenvolvido em parceria com a Embrapa Florestas. É previstos plantio de araucárias nas divisas entre propriedades e estradas federais, estaduais, municipais e particulares, desde que fora da faixa de domínio da estrada. O termo de cooperação é assinado pela Coordenadoria de Mudanças Climáticas, da Secretaria e Prefeitura.
Além de recuperar a vegetação da propriedade, o proprietário é remunerado por muda plantada por empresas que queiram compensar emissões de gases de efeito estufa. Os pagamentos efetuados por estas empresas aos proprietários rurais são as fontes de recursos para implantação e manutenção do projeto.
Já os municípios participantes do projeto são beneficiados com a recuperação de um ecossistema ameaçado, captura de gás carbônico, melhoria do ciclo hidrológico, embelezamento, melhoria do clima local, aumento da biodiversidade, turismo rural e aumento da consciência ambiental.
FINANCIAMENTO – O Estrada com Araucárias pode ser financiado por qualquer empresa do setor privado. A Embrapa Florestas atua no mapeamento das propriedades e orientação dos proprietários. A iniciativa também conta com o apoio do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que fornece as mudas de araucárias, além de universidades e escolas agrícolas.
O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, explica que a meta é ampliar o projeto nos próximos meses. “A ideia é envolver o maior número possível de municípios situados em regiões propícias para o cultivo da araucária, com prioridade para aqueles com baixo IDH”, afirma Cheida. “As novas árvores ajudam a recompor as formações ciliares, reconstituindo os corredores ecológicos e oferecendo condições propícias à fauna silvestre”, ressalta Cheida.
RENDA – Cada produtor rural que cultiva o pinheiro pelo Estrada com Araucária recebe R$ 5 por muda a cada ano, até o valor máximo de R$ 1 mil, referentes a 200 mudas. “É possível, porém, o fornecimento de mudas acima dessa quantidade sem acréscimo no valor do pagamento, que é repassado diretamente pelas empresas privadas que aderem ao projeto”, informa o coordenador de mudanças climáticas da Secretaria do Meio Ambiente, Carlos Garcez.
Rosa Fiesrzt tem 250 pinheiros plantados em sua propriedade pelo projeto. “Além da remuneração pelo cultivo das árvores, pretendemos aumentar a nossa renda daqui alguns anos com a venda do pinhão”, projeta. Com 16 alqueires, a propriedade da família, na área rural da Lapa, cultiva verduras e frutas. Rosa ainda produz geleias, frutas cristalizadas e molhos. Toda a produção é comercializada na Lapa e em cidade vizinhas.
Além de Rosa, outros 40 produtores rurais da Lapa são remunerados pelo projeto. No ano passado, eles receberam juntos mais de R$ 40 mil. A Secretaria do Meio Ambiente plantou 8 mil mudas de pinheiros no município.
Irati, no sudeste do Paraná, tem seis agricultores envolvidos no Estrada com Araucárias. Lá foram plantadas 1,2 mil mudas, o que corresponde a R$ 6 mil por ano. Até o fim do ano, está prevista a adesão de mais 34 produtores.
O pagamento aos proprietários é feito por 21 anos. Depois deste período, embora seja permitido ao produtor cortar a araucária, já que não se trata de uma árvore nativa, ela se torna lucrativa por conta da produção do pinhão. “Por isso, é um projeto sustentável, com a figura do poluidor pagador e do protetor recebedor”, destaca o secretário Cheida.
PARCEIRA – A empresa parceira do Estrada com Araucárias na Lapa e em Irati é a Loga Logística Transportes, que pagou R$ 46 mil aos proprietários rurais da região no ano passado. Com isso, a empresa já compensou 20% das suas emissões de carbono. “Além da compensação, a empresa melhora sua imagem institucional junto a clientes e comunidade. O marketing verde traz retorno comercial e dá credibilidade para as empresas”, comenta Carlos Garcez.
O projeto Estrada com Araucárias é uma das 30 iniciativas que integram a “Agenda Verde do Paraná”, conjunto de ações estratégicas para a área ambiental do Estado.
DADOS – O último diagnóstico oficial dos remanescentes de floresta com Araucária no Paraná, publicado em 2004, mostra a situação das florestas em estágio inicial de conservação (intensamente exploradas restando pouco da composição inicial) totalizam 14,04% da área do bioma no Estado. As florestas com araucárias em estágio médio de sucessão, que passaram por uma degradação intensa, mas ainda guardam um pouco da diversidade florística e de formas de vida, representam 14,47% da área do bioma no Estado. Já as florestas em estágio avançado de sucessão, que representam as florestas de maior diversidade, correspondem a apenas 0,8% da área total de florestas com Araucárias no Paraná.
Informe da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – PR, publicado pelo EcoDebate, 18/06/2013