[EcoDebate] Desde a passagem dos anos sessenta, do século passado, até os dias de hoje, acontecimentos relevantes ocorreram na área médica. Relembro dois fatos que ficaram marcados em nossas lembranças e na história da medicina. Um teve abrangência nacional. Outro repercutiu especialmente em nível de Nordeste. Ambos envolveram assistência à criança. Um diz respeito à prevenção de doença, outro a empreendimento médico hospitalar.
A medicina, tradicionalmente, um pouco ciência e outro tanto arte, incorpora desde o século passado enorme contribuição tecnológica oriunda da física, química, biologia e de outras ciências. Não nos cansamos de citar a vitória alcançada pela humanidade no âmbito da saúde coletiva com a vacinação em massa, contra a poliomielite. Crianças com pólio chegavam aos ambulatórios diariamente. O último caso registrado no Brasil ocorreu em 1989. Não se ouve mais a pergunta: doutor meu filho ainda vai andar?
Em 1960, o Professor Fernando Figueira liderou um grupo de amigos em Recife criando o Instituto de Medicina Infantil de Pernambuco (IMIP), que passou a funcionar em 1962. Posteriormente chamado Instituto Materno Infantil de Pernambuco e atualmente denominado Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira.
Na qualidade de médico residente da Universidade do Recife, morando no Pedro II em 1963, em 1964 vi o IMIP crescendo em terreno anexo à Maternidade Professor Oscar Coutinho e já no 2º ano de funcionamento oferecendo Residência Médica a jovens pediatras. O atendimento médico à criança em Pernambuco pode ser aferido antes e depois do IMIP. As diferenças são marcantes. Não se vê mais criança morrendo diariamente com de desidratação por diarreia. Na outra ponta da complexidade, as malformações são diagnosticadas às vezes corrigidas na vida intrauterina.
O IMIP atual é uma entidade filantrópica que atua nas áreas de assistência médico-social, ensino, pesquisa e extensão comunitária. Tem perfil de universidade por isso já incorpora a Escola Politécnica de Saúde que tem como compromisso a Educação Profissional em Saúde. O Complexo Hospitalar com 918 leitos distribuídos em um conjunto de 10 prédios, incluindo o Hospital Pedro II, é reconhecido como uma das estruturas hospitalares mais importantes do País.
Para os jovens médicos e mesmo para quem não é médico, pode-se comparar a coragem, decisão, espírito empreendedor de dois brasileiros que tinham em comum o fato de ambos serem médicos e grandes empreendedores: Professor Fernando Figueira, Presidente Juscelino Kubitschek.
Por analogia, pode-se dizer que o Professor com a criação do IMIP trouxe para a saúde materna infantil do Nordeste o que o Presidente JK deixou para o Centro Oeste do país em termos de desenvolvimento com a construção de Brasília. Ambos foram pioneiros e deixaram um legado que dignifica suas histórias e a História do Brasil.
*Juracy Nunes é professor aposentado da UFPE, mora em Monteiro/PB onde exerce a medicina. Endereço eletrônico: juracysnunes@gmail.com
EcoDebate, 10/01/2013