Nível socioeconômico influi no acesso a alimentos saudáveis – Desigualdade tem influência no consumo de alimentos saudáveis em diferentes distritos da cidade de São Paulo
Quanto maios o nível socioeconômico, maiores as opções de alimentos saudáveis
A pesquisa Ambiente alimentar urbano em São Paulo, Brasil: avaliação, desigualdades e associação com consumo alimentar foi realizada pela doutora em Nutrição em Saúde Pública Ana Clara Duran. Sob orientação da professora Patricia Constante Jaime, a pesquisadora estudou estabelecimentos de comercialização de alimentos — restaurantes, lanchonetes, pequenos mercados de bairro, supermercados, feiras-livres e outros que comercializassem alimentos em 13 distritos da capital paulista. O acesso a alimentos saudáveis foi medido a partir de indicadores que reuniram informação sobre disponibilidade, variedade, qualidade, preço e propaganda de alimentos: frutas e hortaliças, refrigerantes e outras bebidas açucaradas, salgadinhos e biscoitos recheados.
Segunda etapa
Em uma segunda etapa da pesquisa, a pesquisadora entrevistou 1.842 adultos residentes nos mesmos distritos acerca do consumo dos mesmo alimentos estudados (frutas e hortaliças, refrigerantes e outras bebidas açucaradas, salgadinhos e biscoitos recheados), comportamento de compra de alimentos e dados demográficos e socioeconômicos.
Em uma segunda etapa da pesquisa, a pesquisadora entrevistou 1.842 adultos residentes nos mesmos distritos acerca do consumo dos mesmo alimentos estudados (frutas e hortaliças, refrigerantes e outras bebidas açucaradas, salgadinhos e biscoitos recheados), comportamento de compra de alimentos e dados demográficos e socioeconômicos.
Com tais informações foi capaz de analisar a associação entre aspectos do ambiente alimentar próximo à residência — disponibilidade, variedade, qualidade, preço e propaganda de alimentos — e consumo de frutas, hortaliças e bebidas açucaradas. Para isto utilizou análises estatísticas — modelos multiníveis — ajustadas para dados individuais.
Após ajustes para medidas individuais de sexo, idade, educação e renda, preços altos de bebidas açucaradas em regiões mais pobres de São Paulo foram associados a uma menor chance de consumi-las; enquanto a associação foi inversa nos bairros mais ricos da cidade. Viver próximo a mercados e outros estabelecimentos com disponibilidade de frutas aumentou em cerca de 50% a 70% a chance dos moradores de consumirem frutas em cinco dias ou mais na semana.
Considerando tais resultados a pesquisadora concluiu haver diferenças no acesso a alimentos saudáveis em São Paulo, favorecendo as regiões da cidade de nível socioeconômico mais alto. Ademais, aspectos do ambiente alimentar foram associados ao consumo de frutas e bebidas açucaradas. Políticas públicas e intervenções com o objetivo de diminuir as desigualdades de acesso da população a alimentos saudáveis devem considerar o impacto de aspectos do ambiente alimentar — disponibilidade, preço, variedade e qualidade de alimentos saudáveis e não saudáveis.
A pesquisa foi apresentada na FSP no dia 30 de julho de 2013.
Imagem: Ana Clara Duran
Matéria da Faculdade de Saúde Pública / Agência USP de Notícias, publicada peloEcoDebate, 15/08/2013