Neo Realismo Italiano
“Nunca nesses filmes um indivíduo inicia uma trama, pois a
trama deve vir da própria realidade. O indivíduo existe nesses
filmes para revelar as dimensões humanas de uma situação
ampla e objetiva, para fazer com que nós, como espectadores, a
vejamos profunda e apaixonadamente, e não por seu conteúdo
de informação, como poderíamos ver em um documentário
sobre o mesmo problema. Ladri di bicicletta (Ladrões de
Bicicleta) de Vittorio de Sica torna-nos conscientes de um
enorme e disseminado problema social na Itália depois da
guerra, mas ao mesmo tempo nos revela o problema em todo
o seu pathos a o focalizar um homem e sua desgraça.”
(J. Dudley Andrew, em “As Principais Teorias do Cinema”)
A experiência neo-realista teve duração relativamente curta (se calcularmos proporcionalmente à sua importância), mas causou enorme impacto sobre as demais cinematografias. E se expressou de diferentes formas em outros países.
A partir do neo-realismo, o cinema se renovou em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, influenciando o cinema novo. A renovação ocorreu na temática, na linguagem mais simples, nas temáticas contestadoras, nos atores não profissionais e nas tomadas ao ar livre.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e a desmantelamento do fascismo, depois de sofrer duas invasões simultâneas (alemã e aliada), a situação na Itália era desoladora. Foi nesse contexto que surgiu o neo-realismo.
Apesar de ser um cinema simples, direto e comprometido com a realidade, o neo-realismo apresentava temáticas bastante abrangentes e ao mesmo tempo distintas: a preocupação com o desemprego nas grandes cidades, como em “Ladrões de Bicicleta” (de Vittorio de Sica); a questão agrária, como em “Arroz Amargo” (de Giuseppe de Santis); o subdesenvolvimento, como em “La Terra Trema” (de Luchino Visconti). As temáticas surgiam do local e da cultura de onde eram filmados.