terça-feira, 23 de outubro de 2012

Frutos da Agrofloresta na mesa dos brasileiros

Frutos da Agrofloresta na mesa dos brasileiros


Cardápio de aroma e sabor na mesa do dia a dia com alimentos ecológicos agroflorestais
[Por Josi Basso, para o EcoDebate] Comercializados fora do grande varejo, os produtos ecológicos advindos das agroflorestas democratizam o acesso aos alimentos saudáveis e popularizam o seu consumo. O resultado é a garantia de bons hábitos alimentares, a promoção da saúde e a conservação dos recursos naturais .
Alimentos ecológicos advindos das agroflorestas proporcionam refeições saudáveis e acessíveis na mesa do dia a dia de milhares de brasileiros. A produção é decorrente do trabalho de 110 famílias agricultoras, que, além de beneficiar a população, garantem o seu próprio sustento e a conservação da floresta atlântica.
A produção é comercializada fora do grande varejo com uma diversidade de cerca de 20 tipos de produtos, entre frutas, verduras, grãos e hortaliças, nos períodos de baixa de produção, e de até 70 variedades, incluindo a sazonalidade de alguns produtos. Já à mesa das famílias agricultoras e comunidades tradicionais, uma variedade de mais de 100 produtos para autoconsumo.
O trabalho é resultado da atuação da Cooperafloresta (Associação dos Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo/SP e Adrianópolis/PR) e conta com o apoio do projeto‘Frutos da Agrofloresta: Gerando alimentos, renda e cidadania entre famílias agricultoras e quilombolas’, patrocinado pela Petrobras através do programa PetrobrasDesenvolvimento e Cidadania.
Comercialização coletiva
O sucesso deste projeto está na atuação diária, e em todas as frentes, da Cooperafloresta. A Associação realiza, desde 2003, a comercialização de forma coletiva, reunindo a produção dos associados e encaminhando para os diversos canais de mercado. O gestor de comercialização da Associação, Márcio Farias Maciel, lembra que o respeito à sazonalidade dos alimentos é fundamental. “Decorrente disso, a abundância de produtos varia”.
A área de atuação é no Vale do Ribeira – nas cidades de Barra do Turvo, Adrianópolis, Bocaiúva do Sul – e no Litoral do Paraná, em Morretes e Antonina.
Por trás da comercialização, há muita atuação da Cooperafloresta. Para acompanhar e assessorar as famílias agricultoras na produção, agroindustrialização, certificação e comercialização dos seus produtos, a Associação possui uma equipe formada por técnicos e agentes multiplicadores. Os agricultores agroflorestais também recebem assessoria técnica nos processos de organização, formação e capacitação.
No litoral paranaense, o trabalho envolve 40 famílias agricultoras, através do processamento e comercialização coletiva, utilizando a experiência acumulada pela Cooperafloresta para facilitar o processo.
Produção que só cresce
No período de junho de 2011 a julho de 2012, 468 ton de produtos agroflorestais foram comercializados coletivamente. E a perspectiva para 2013 é a de superar a marca de 800 toneladas sendo escoados nos diversos canais de vendas: mercado institucional (compras governamentais e alimentação escolar), feiras ecológicas, empreendimentos da Economia Solidária; compras coletivas em Curitiba e em Barra do Turvo. “Esta perspectiva de incremento na comercialização é decorrente da ampliação das áreas de plantio e da articulação de todos os envolvidos na associação para agregar novos agricultores agroflorestais associados”, completa Márcio Farias Maciel.
Os produtos agroflorestais das 110 famílias da Cooperafloresta são certificados pela Rede Ecovida de Agroecologia, através de um processo participativo que envolve produtores, consumidores e organizações de assessoria técnica. “O cultivo ecológico-agroflorestal resgata práticas culturais relacionadas à agricultura tradicional, gera renda para as famílias agricultoras e estimula a partilha de conhecimentos por meio dos sistemas de mutirões praticados nos grupos. Além de estimular a importância da conservação das florestas e também das águas”, finaliza o gestor da comercialização.
Produtor x consumidor
Com a comercialização de forma direta, nos mercados locais e regionais, estamos construindo novas formas de distribuição e circulação da produção das famílias agricultoras. Esta dinâmica proporciona a aproximação entre as famílias agricultoras e consumidoras, o que se faz de fundamental importância”.
O resultado disso está sendo a promoção, cada vez maior, do consumo consciente e responsável. A consequência, uma vertente de ação política que alia o interesse das pessoas em se alimentar melhor à compreensão de que estão contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar e para a conservação dos recursos naturais”.
A Cooperafloresta participa de 19 redes e no projeto ‘Frutos da Agrofloresta: Gerando alimentos, renda e cidadania entre famílias agricultoras e quilombolas’ conta com a parceria da EMBRAPA Florestas; EMATER Antonina EMater Morretes; Prefeitura Municipal de Antonina; Prefeitura Municipal de Morretes Parque Estadual do Rio Turvo.
O empoderamento das famílias agricultoras e de suas lideranças é uma importante estratégia de sustentabilidade, pois consolida a sua participação na gestão do projeto e as qualifica para a interlocução na esfera das políticas públicas”.
Sobre a Cooperafloresta
A Cooperafloresta, fundada em 2003, atua diretamente com 110 famílias agricultoras e Quilombolas. Promove o fortalecimento da agricultura familiar assessorando os processos de organização, formação e capacitação das famílias agricultoras, planejamento dos sistemas agroflorestais, além do beneficiamento, agroindustrialização, certificação participativa e comercialização da produção.
Colaboração de Josi Basso, jornalista, para o EcoDebate, 23/10/2012

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