sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Natal de paz, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Natal

[EcoDebate] O mundo pode resolver o problema da fome e da insegurança alimentar se parar de gastar em armas de destruição em massa e em guerras que causam mortes de pessoas e de seres de outras espécies vivas da Terra. Reduzir e eliminar os gastos militares pode ser uma solução para evitar a disparada do aquecimento global antrópico, com todas as suas consequências negativas, como o furacão Sandy que devastou partes do Caribe e da Costa Leste dos Estados Unidos.
Em setembro de 2012, segundo reportagem da Rádio ONU, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, pediu à comunidade internacional que as armas de destruição em massa sejam transformadas em recursos para beneficiar as vítimas da fome no mundo. No discurso da UNGA, em Nova York, a presidente disse que, a nível regional, o Brasil está envolvido em ações para deter os armamentos:
“Quero lembrar a existência de imensos de arsenais que além de ameaçar toda a humanidade, agravam tensões e prejudicam os esforços de paz. O mundo pede, em lugar de armas, alimentos para bilhões de homens que padecem do mais cruel castigo que se abate sobre a humanidade, a fome”.
Mas o governo brasileiro precisa prestar mais atenção às mais de 120 mil mortes por causas externas (homicídios e acidentes de trânsito) que ocorrem todos os anos no Brasil. Isto representa mais do que duas Guerras do Vietnã (quando morreram 46 mil soldados americanos em 15 anos) que ocorre anualmente no Brasil. A violência que tem aumentado em São Paulo nos últimos meses é mais um capítulo nesta triste novela.
Todavia, não basta falar do fim das guerras, dos gastos militares e reduzir a violência interna. É preciso também eliminar as armas da cultura consumista. Especialmente na época do Natal há um frenesi de compras de bens e comida. Há uma torrente de dinheiro (e dívidas no cartão de crédito) fluindo para gastos em listas intermináveis de presentes. O consumo doentio envolve uma grande quantidade de recursos – com enorme quantidade de embalagens e papeis de embrulho – gerando lixo com enorme impacto sobre o meio ambiente.
Mas o Natal pode, além de ser uma festa de paz e amor, ser um momento de confraternização e de solidariedade entre as pessoas e as comunidades. Uma festa que pode ser menos materializada e mais espiritualizada e idealizada. Um momento de integração entre as pessoas, as demais espécies e o meio ambiente.
As pessoas e as famílias poderiam se reunir visando a integração social em nome da solidariedade local, nacional e internacional. O Natal pode ser uma festa para desarmar as mentes, com todas as pessoas sendo menos destrutivas e mais criativas.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 21/12/2012

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