[EcoDebate] O mundo evoluiu muito desde que Ter Stepanian (1970) disseminou seu conceito de tecnógeno (TER STEPANIAN, 1970) ou seja, de que não existem mais áreas intocadas pelo homem no planeta e que praticamente todo tipo de degradação necessita auxílio do homem para se recuperar. O que caracteriza o tecnógeno é que a ação humana é hegemônica sobre as ações geográfica, químicas e biológicas. Não existem mais áreas genuinamente quaternárias
Portanto o tecnógeno é uma ciência voltada para o futuro, preocupada em acompanhar as mudanças ambientais e risco naturais devido à lenta ação de fatores imperceptíveis gerados pela atividade tecnogênica do homem.
Na verdade a ideia preservacionista de sustentabilidade advêm desta conceituação evoluindo e disseminando esta nova dimensão existencial da humanidade por todas as geografias e realidades sociais (NAIME e GARCIA, 2004). Até atingirmos o atual estágio onde sustentabilidade conforme nos ensina Stern em sua obra significam cada vez mais preocupações com um crescimento e um desenvolvimento de baixa produção de carbono para evitar uma maior acumulação de gases de efeito estufa, patrocinadores maiores de eventos associados a mudanças climáticas e a eliminação da pobreza.
As editoras Elsevier e Campus publicaram no Brasil em 2010 a preciosa obra de Nicholas Stern “O caminho para um mundo mais sustentável” (STERN, 2010). Nicholas Stern foi presidente do Banco Mundial e sempre foi um indivíduo profundamente engajado na questão da sustentabilidade e na construção de caminhos para um mundo melhor e mais sustentável.
Até por dever de ofício na condição de líder de tão importante instituição quanto o Banco Mundial, sempre esteve participando de articulações e construções de caminhos que envolviam questões financeiras para viabilização de acordos internacionais e ações que pudessem atingir metas consideradas necessárias por todos os atores globais envolvidos com a sustentabilidade.
O prefácio da edição brasileira merece o irreparável depoimento de Israel Klabin, presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável que através de uma lúcida abordagem ressalta todas as grandes concepções desenvolvidas na obra.
A obra é referência porque nos permite traçar um paralelo imediato entre as concepções de sustentabilidade discutidas no mundo desenvolvido e no chamado terceiro mundo. E até nos faz refletir sobre os motivos e as dificuldades para a construção de acordos globais. Enquanto nos países periféricos as questões de sustentabilidade parecem estar mais vinculadas com realidades operacionais ainda não atingidas, nos países desenvolvidos, a questão fica mais objetivada no crescimento com baixa produção de carbono.
Desde a introdução do livro, ficam eleitos os temas cruciais para atingir acordos internacionais para um crescimento com baixa produção de carbono: a luta contra a pobreza, particularmente na África e o combate às mudanças climáticas.
Posteriormente, fica enfatizado que um acordo global precisa ser eficaz no sentido de reduzir as emissões de gases de efeito estufa de forma eficiente, dentro de um cenário equitativo em relaçõ às habilidades e responsabilidades de todas as partes. Na página 6 também fica enfatizado que é preciso encarar as questões do desenvolvimento econômico e das mudanças climáticas como partes de um todo.
Os objetivos desta abordagem são explicitados ao final da introdução do texto de Nicholas Stern. É necessário buscar um padrão de crescimento e desenvolvimento muito mais limpo, mais seguro e mais sustentável, para todos.
STERN, N. O caminho para um mundo mais sustentável. Editoras Elsevier e Campus, Rio de Janeiro, 2010, 209p.
TER STEPAMIAN, G. Beginning of the Technogene. Bulletin IEAG, nº 1, ago. 1970.
NAIME, Roberto e GARCIA, Ana Cristina de Almeida Percepção ambiental e diretrizes para compreender a questão do meio ambiente. Novo Hamburgo: Feevale, 2004. 135 p.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 26/12/2012