Estudos apontam que um litro de óleo é capaz de poluir 20 mil litros de água, que permanecerá no ambiente por mais de 14 anos até que ela esteja novamente pronta para o consumo humano.
[EcoDebate] As consequências do descarte de óleo no ambiente são as mais diversas, afeta animais que ingerem as águas poluídas, impermeabiliza o solo e as raízes de plantas impedindo a absorção de nutrientes, adere às penas de aves impossibilitando o seu voo. As moléculas de óleo criam uma camada superficial na água que dificulta a penetração de luz, a oxigenação da água e consequentemente, altera a reprodução de algas, fitoplancton e peixes, causando um desequilíbrio no sistema aquático afetado.
Além das consequências ambientais, a poluição causada por óleo nas águas dos rios aumenta o custo no tratamento do esgoto em até 45%. Os métodos químicos utilizados para a despoluição da água eleva o custo da conta no final do mês para o consumidor. O óleo também é responsável por aumentar a aderência de sujeira nos canos de escoamento de esgoto, para desentupir é necessário utilizar outros agentes químicos poluentes, aumentando ainda mais o impacto ambiental dos resíduos despejados nos rios.
Para evitar os danos causados ao meio ambiente o óleo comestível doméstico pode ser reciclado de diversas maneira: produção de resina para tintas, sabão, detergente, glicerina, ração para animais e até biodiesel. A maior parte do que é coletado é reciclado sob a forma de sabão ou mesmo de biodiesel. As técnicas consistem em:
Biodisel - A reciclagem do óleo de cozinha em energia renovável começa pela filtragem, que retira todo o resíduo deixado pela fritura. Em seguida é retirada a água misturada ao produto. Conforme o tipo de óleo, ele ainda é submetido a uma purificação química que irá retirar os últimos resíduos. Esse óleo “limpo” recebe então a adição de álcool e de uma substância catalisadora. Colocado no reator e agitado a temperaturas específicas, ele se transforma em biocombustível e após o refino pode ser usado em motores capacitados para queimá-lo.
Sabão - Quimicamente o sabão é um sal de ácido graxo. Tradicionalmente, o sabão é produzido por uma reação entre gordura e hidróxido de sódio e de potássio e carbonato de sódio. A receita mais comum para fabricação de sabão com óleo de cozinha é:
Materiais
5 litros de óleo de cozinha usado
2 litros de água
200 mililitros de amaciante
1 quilo de soda cáustica em escama
5 litros de óleo de cozinha usado
2 litros de água
200 mililitros de amaciante
1 quilo de soda cáustica em escama
Preparo
Coloque cuidadosamente a soda em escamas no fundo de um balde. Depois, coloque a água fervendo. Mexa até diluir todas as escamas da soda. Adicione o óleo e mexa. Adicione o amaciante e mexa novamente. Jogue a mistura numa fôrma e espere secar. Corte o sabão em barras.
Coloque cuidadosamente a soda em escamas no fundo de um balde. Depois, coloque a água fervendo. Mexa até diluir todas as escamas da soda. Adicione o óleo e mexa. Adicione o amaciante e mexa novamente. Jogue a mistura numa fôrma e espere secar. Corte o sabão em barras.
Diferentemente dos outros materiais recicláveis, a coleta seletiva de Goiânia ainda não recolhe óleo de cozinha utilizado, porém a SANEAGO lançou em 22 de março de 2012 o programa “Olho no Óleo”. Os municípios beneficiados com a coleta do produto são: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis e Itumbiara. O programa contempla o cidadão que entregar garrafas PET com óleo por meio de um bônus em forma de crédito na fatura de água. Todo o óleo coletado é encaminhado para a produção de biodiesel que, atualmente, é a forma mais adequada de reaproveitamento desse resíduo. Já para os estabelecimentos que produzem grande quantidade de óleo o programa exige um cadastramento que deve ser feito pelo número 115, a companhia de água envia viaturas para coletas nestes estabelecimentos e o quantitativo entregue é revertido em bônus para os empresários. Os pontos de coleta nos municípios são atendidos encontram-se no site http://www.saneago.com.br.
Reciclar é uma necessidade, não deve sair do cotidiano do cidadão, viver em sociedade é constantemente avaliar erros para gerar acertos, mudar trajetos para entender os caminhos, olhar a vida todo dia, refletindo sobre harmonia que se pode criar.
Maria Cecília Alves de Vasconcelos é Mestranda em Ecologia e Produção Sustentável – PUC Goiás.
EcoDebate, 26/11/2012