quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Pesquisadores indicam anchoita como alternativa para diminuir pressão de pesca sobre estoques de sardinhas

Anchoita. Foto do Projeto Anchoita MPA - Universidade Federal do Rio Grande - Instituto de Oceanografia


Anchoita. Foto do Projeto Anchoita MPA – Universidade Federal do Rio Grande – Instituto de Oceanografia

Pesquisas realizadas por equipes da Universidade Federal de Rio Grande – FURG mostram que é diminuir a pressão de pesca sobre o estoque de sardinhas com a exploração sustentável das anchoitas, um tipo de pescado semelhante. As alternativas para esse tipo de pesca foram apresentadas no V Congresso Brasileiro de Oceanografia pelo comandante da pesquisa, o professor Lauro Madureira.
Segundo ele, tanto a sardinha quanto a anchoita são peixes forrageiros, peças-chave no ecossistema marinho, e sustentam pescas diretas, indiretas e muitos predadores. “As costas Sudeste e Sul tem a maior abundancia desses peixes. Eles gostam de água gelada e percebemos nos últimos dez anos um aumento desse número”, explica Madureira.
Hoje o Brasil precisa de 100 mil toneladas de sardinhas por ano para atender o consumo humano, que são usadas em 500 milhões de latas industrializadas. Deste número, 46 mil toneladas são importadas, e essa nova opção poderia diminuir a pressão sobre o consumo de sardinha. “Emplacar a anchoita como produto de mercado, como substituta da sardinha seria ideal, mas acho meio difícil que a indústria compre essa ideia por enquanto”.
Ele explica que a anchoita tem potencial sustentável e pode ser também uma alternativa para substituir a sardinha como isca viva para captura do peixe “bonito listrado”. “Entre o Rio Grande e o Chui, em pesquisa feita em 2010, estimamos a existência de 311 mil toneladas de anchoita. É uma excelente alternativa, pois ambientalmente também funciona como isca. Obtivemos a redução da emissão de gás de efeito estufa nesse método de iscagem”, explica.
Além de saborosa e comprovadamente nutritiva, desprezar o potencial deste pescado é como desperdiçar recursos, segundo ele: “Se fizéssemos a anchoita conhecida no mercado, a demanda aumentaria e teríamos investimentos de empresários.
Futuramente o custo x benefício pode valer a pena se houver um colapso de sardinha, por exemplo, o que não é impossível. Já testamos com as crianças para tentarmos colocar o enlatado do peixe com molho de tomate na merenda escolar e tivemos 70% de aprovação”.
Para ele, considerando as espécies forrageiras poderá haver uma troca de massas ou um complemento entre elas. “A pesca da sardinha opera no seu limite, e ainda temos o período do defeso. É preciso pensar que a demanda por pescado aumenta ano a ano, e o mercado vai precisar de alternativas para absorvê-la”, concluiu o professor.
Informe do V Congresso Brasileiro de Oceanografia, enviado por Ivan Accioly para oEcoDebate, 19/11/2012

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