Cem países já produzem energia mais barata e de menos impacto ambiental. Ásia, América do Norte e Europa Ocidental são mercados em expansão, mas Leste Europeu e América do Sul, incluindo o Brasil, concorrem.
Nunca foram construídas tantas unidades de produção de energia eólica no mundo como em 2012, de acordo com um relatório divulgado na semana passada em Bonn, no oeste da Alemanha, pela World Wind Energy Association (WWEA, sigla em inglês para Associação Global de Energia Eólica).
A capacidade total das unidades eólicas construídas no ano passado chegou aos 45 gigawatts (GW), enquanto em 2011 havia sido de 40. Segundo Stefan Gsänger, secretário geral da WWEA, a capacidade eólica instalada no planeta somou 282 GW em 2012. O número cobre 3% da demanda mundial de energia.
Stefan Gsänger, secretário geral da WWEA
O documento da WWEA ressalta que os investimentos no setor são constantes – no ano passado, recebeu 60 bilhões de euros no mundo todo.
Os líderes da expansão são a China e os Estados Unidos. Só no ano passado, os dois países construíram usinas capazes de gerar, juntas, 13 gigawatts. Atualmente, a China tem potencial para gerar 75 gigawatts, sendo a líder de produção de energia eólica no mundo. Os EUA vêm em segundo lugar, com capacidade instalada de 60 gigawatts. A Alemanha ocupa o terceiro lugar, com capacidade instalada de 31 gigawatts.
Novos mercados
A expectativa do ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Peter Altmaier, é de que a ampliação da capacidade de produzir energia a partir do vento continue no país em 2013 e 2014. O crescimento estimado é de 3 a 5 gigawatts nesse período.
O relatório da WWEA indica também que, no Leste Europeu e na América Latina, é nítida a expansão da energia eólica. Na Romênia, Ucrânia, Polônia, Estônia, Brasil e México houve aumento de 40% nos investimentos e na construção de novas unidades dessa eletricidade “verde”.
Como motivos para a expansão, Gsänger enumera o preço mais barato, a atenção dos governos aos impactos ambientais e o desejo de “reduzir a dependência de importações de energia com a eletricidade gerada localmente”.
Gsänger enxerga duas tendências no crescimento global de energia eólica: em primeiro lugar, as unidades estariam maiores e com mais capacidade de produção. A segunda tendência seria um número maior de sistemas de pequeno porte para abastecer apenas uma casa ou vila.
Na Alemanha, haveria uma tendência de construir os chamados “aerogeradores” sobre torres mais altas. Assim, os geradores integrados aos cataventos podem gerar eletricidade a partir de uma corrente de ar mais leve. Com menos vento, a produção continua sendo rentável. Os alemães estão na vanguarda dessa tecnologia que, para Gsänger, “já está sendo adotada em outros países”.
Preços competitivos
O secretário-geral da WWEA disse ainda que um quilowatt (KW) de eletricidade gerada a partir da energia eólica custaria entre cinco e dez centavos de euro. Um preço muito competitivo na comparação com outras fontes. “Uma nova usina de carvão, ou nuclear, vai ser bem mais caro do que a de vento, se levarmos em conta todas as despesas”, analisa Gsänger.
Nas próximas duas décadas, de acordo com ele, um aumento de dez vezes na produção de energia eólica é “perfeitamente possível”. Se a demanda mundial por energia ficar no mesmo nível, a energia eólica poderia ser responsável por 30% da eletricidade produzida no mundo, diz o especialista.
A Dinamarca foi o primeiro local onde a ideia saiu da teoria. “Houve integração dos vários tipos de energia, o que tem funcionado muito bem. E os dinamarqueses ainda usam a força do ar para aquecimento”, diz Gsänger: a energia eólica que sobra é redirecionada para a rede de calefação urbana.
Embora a energia eólica esteja entre as fonte de energia mais em conta, Gsänger afirma que uma remuneração mínima estabelecida por lei ainda é necessária para financiar novas unidades de produção. Na Turquia, por exemplo, o preço estabelecido por lei fica abaixo daquele que é pago pela energia eólica na bolsa. “Mas essa taxa fixa é importante para que os planejadores de novos parques eólicos consigam empréstimos dos bancos para financiar as novas unidades.”
Outra ideia é envolver a comunidade. Na Europa central e do norte, muitos parques eólicos são de propriedade da população local. Gsänger acredita que o envolvimento dos cidadãos é um elemento a mais para a causa ganhar força e aceitação. “Eles sabem que eles também podem ser beneficiados”, afirma.
Matéria de Gero Rueter, da Agência Deutsche Welle, DW, publicada pelo EcoDebate, 23/05/2013