domingo, 7 de abril de 2013

Doença articular compromete mobilidade de idosos


A doença articular é responsável por 30,1% dos casos de comprometimento da funcionalidade de idosos que passaram a apresentar dificuldades de mobilidade e para realizar atividades da vida diária (AVDs). Em pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, a fisioterapeuta Francine Leite analisou 336 idosos na cidade de São Paulo e verificou que 47,8% apresentaram problemas de mobilidade. Para reduzir o impacto da doença, o estudo sugere ações de saúde como o diagnóstico precoce e a prática orientada de atividades físicas.
Mulheres idosas apresentam maior comprometimento de mobilidade

A pesquisa faz parte do estudo “Saúde, Bem-estar e Envelhecimento”, pesquisa da FSP que acompanha periodicamente idosos do município de São Paulo (área urbana e não institucionalizados) desde 2000. “Para essa pesquisa foram selecionadas 336 pessoas acima de 60 anos (que representam um total de 162.913 idosos da cidade) que não apresentaram comprometimento algum, de mobilidade ou para AVDs em 2000 e que foram reentrevistados em 2006”, conta a fisioterapeuta.
Especificamente para o estudo de Francine, foram selecionadas algumas informações sociodemográficas (entre elas sexo, idade, arranjo domiciliar) e de saúde (estado de saúde, condições de saúde autorreferidas, como doença articular, depressão, entre outras doenças crônicas, etc).  ”Também foram estudadas as avaliações de mobilidade, como dificuldade em realizar ações, como subir um lance de escada, ajoelhar-se, sentar-se, entre outras, e de AVD´s, verificando dificuldade em realizar algumas tarefas como utilizar transporte público, fazer compras, vestir-se e banhar-se”, acrescenta.
Entre 2000 e 2006, 47,8% dos idosos passaram a apresentar alguma dificuldade de mobilidade e 7,3% em desempenhar pelo menos uma das AVDs. “Observou-se que 30,1% da incidência do comprometimento funcional é devido à doença articular”, aponta a fisioterapeuta. “As mulheres apresentam uma maior taxa de incidência de comprometimento de mobilidade (60,4%) quando comparadas aos homens (37,8%), enquanto os homens apresentaram uma taxa de comprometimento das AVD´s (8,5%) maior do que as mulheres (6%)”.
Comprometimento funcionalA doença articular é uma doença crônico-degenerativa, que provoca alterações na articulação e nas suas estruturas adjacentes (líquido sinovial e bursa, por exemplo) que causam dor, rigidez articular e diminuição do espaço intra-articular. “Essas alterações e esses sintomas podem provocar a diminuição da amplitude de movimentos e assim causar o comprometimento funcional”, descreve Francine.
De acordo com a fisioterapeuta, a doença é de alta prevalência entre os idosos, entre outros motivos, pela própria característica degenerativa da doença. “Assim, se há mais idosos em uma população, consequentemente, haverá mais pessoas com essa condição, considerando que a proporção de doentes em relação à população total permanecerá a mesma”, aponta.
Apesar de a doença articular não poder ser evitada, Francine ressalta que é possível desenvolver ações de saúde específicas para essa população afim de que esse comprometimento seja postergado ou evitado. “Entre essas ações, pode-se destacar a detecção precoce da doença e de comprometimentos, focar em atividades físicas para manter a amplitude de movimento e postergar o comprometimento das atividades de vida diária e tratamento fisioterapêutico quando necessário”, conclui.
A pesquisa foi orientada pela professora Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, da Escola de Enfermagem (EE), no programa de Pós-graduação em Saúde Pública da FSP, na área de Epidemiologia. O estudo é descrito na tese de doutorado Impacto da doença articular referida na funcionalidade de idosos, defendida no último dia 15 de março.
Imagem: sxc.hu
Matéria de Júlio Bernardes, da Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 05/04/2013

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