Os impactos negativos da atividade humana no ciclo de nitrogênio na América Latina, suas consequências e recomendações para minimizá-los são tema de artigo publicado na edição de 12 de abril de 2013 da revista Science. Integram o grupo de autores os pesquisadores Jean Ometto e Maria Cristina Forti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e INCT para Mudanças Climáticas; Karla Longo (INPE); Mercedes Bustamante (UnB/INCT para Mudanças Climáticas), e Luiz Martinelli (CENA/USP e INCT para Mudanças Climáticas).
A atividade humana vem causando mudanças sem precedentes no ciclo global do nitrogênio. O excesso de nitrogênio reativo (Nr) no ambiente afeta os solos, a atmosfera e os recursos hídricos. E de forma contundente, a distribuição de Nr no ambiente é altamente desuniforme no mundo. Por exemplo, no último século, a fixação total global de nitrogênio reativo duplicou nas zonas temperadas. Em contrapartida, outras regiões, como a África subsaariana, sofrem de déficit na ocorrência de nitrogênio no solo e uso na agricultura.
No Brasil, a conversão de ecossistemas naturais, normalmente com altas concentrações nitrogênio, pode levar a um balanço negativo desse componente no solo. Por outro lado, a queima de biomassa para o preparo da terra para a agricultura transfere uma grande quantidade de nitrogênio reativo para a atmosfera. Além do efeito direto que a queima de biomassa causa à saúde humana, parte desse nitrogênio reativo retorna da atmosfera para os ecossistemas aquáticos e terrestres pela chuva e pela deposição de partículas, alterando a dinâmica natural desses sistemas.
“Os ecossistemas e a saúde humana na América Latina dependem da gestão do impacto humano no ciclo do nitrogênio”, diz o artigo. “Essa discussão passa pela quantidade de terra necessária para a produção sustentável de bens e serviços à população atual e para as projeções de crescimento populacional. Entretanto, a área de terra utilizada de forma ineficiente para a produção de alimentos é enorme, principalmente na pecuária. Desta forma, o aumento de eficiência no uso do solo deve ser prioridade, onde o uso adequado e conservacionista de fertilizantes é essencial”, afirma Jean Ometto, pesquisador do INPE.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente lançou recentemente o relatório “Our Nutrient World”, que traz resultados de estudo sobre o impacto do nitrogênio, entre outros nutrientes, no aumento da poluição e nas emissões de gases causadores do aquecimento global. O documento foi produzido por cerca de 50 pesquisadores de 14 países, entre eles cientistas do INPE. Confira aqui o relatório “Our Nutrient World”
Fonte: INPE
EcoDebate, 25/04/2013