[EcoDebate] Atualmente é lícito afirmar que a sociedade espera das empresas um avanço em direção a iniciativas socioambientais que permitam o gerenciamento integrado das questões. Existem várias escolas de gestão integrada, das quais citamos as principais. E se acrescenta que a sociedade espera uma nova compreensão das relações entre meios físico, biológico e antrópico que constituem o meio ambiente.
A primeira escola socioambiental é a gestão ecológica ou ecomanagement. Foi proposta por CALLENBACH (1993) no Instituto Elmwood, fundado em 1984 por Fritjof Capra, com o objetivo de mudar a forma de pensar e agir dos colaboradores objetivando a minimização dos impactos ambientais das atividades.
Outra iniciativa relevante é a responsabilidade socioambiental corporativa (RSC) É o comportamento ético dos gestores, encontram-se entre as mais importantes tendências da gestão ambiental moderna. Todas as ações que visem a promover a melhoria da qualidade de vida e da qualidade ambiental são integradas com as necessidades e expectativas humanas, como proteção ao meio ambiente, proteção social, saúde, educação, lazer e organização do trabalho (BIEDRZYCKI, 2005).
Destaca-se também o princípio da atuação responsável (“Responsable Care”) Foi criado em 1984 no Canadá, pelas indústrias químicas, com o apoio da Chemical Manufactures Association (CMA). No Brasil, é difundido pela ABIQUIM desde 1992. A partir de 1998 a adesão dos sócios da ABIQUIM a este modelo é obrigatória. O programa enfoca saúde, segurança e meio ambiente, conhecidos internacionalmente pela sigla SHE (“safety, health and environmental”).
Atualmente é cada vez mais difundido nas empresas o princípio básico da gestão sustentável da cadeia de suprimentos (“supply chain management”). É assegurar maior visibilidade aos custos e outros eventos relacionados com a produção para satisfação da demanda, com o objetivo de minimizar os gastos do conjunto das operações produtivas e da logística entre as empresas (FERNANDES e BERTON, 2005). O planejamento e controle da produção não apenas cuidam de maximizar lucros e atender as demandas de materiais dos clientes internos, mas deve cuidar de evitar a geração de estoques representem um gasto ambiental desnecessário nas porçõesmais a jusante na cadeia de suprimentos.
Finalizando, cita-se o “The Natural Step”, ainda relativamente complexo quanto à aplicação cotidiana por parte das empresas, vem sendo proposto por uma organização independente que apresenta uma metodologia para atingir sustentabilidade empresarial. Considera a concentração das substâncias extraídas da crosta terrestre, concentração das substâncias produzidas pela sociedade, degradação do meio físico e do meio biológico e necessidades humanas (BARBIERI, 2004).
Do poder público, a sociedade espera um significativo avanço que implica em adotar sistemas de gestão ambiental na administração da coisa pública e agir como estado nas funções de fiscalização e proteção da qualidade de vida de todos os cidadãos. E dentro do possível adotar uma visão mais abrangente de meio ambiente, incorporando conceitos básicos de não linearidade.
Nas empresas, a responsabilidade socioambiental (RSA) como estratégia organizacional vislumbra as questões sociais e ambientais que dizem respeito às preocupações com os impactos resultantes das operações organizacionais e seus efeitos. Isto ultrapassa fronteiras nacionais atingindo o mercado global que sofre pressões em torno da conservação ambiental. Neste contexto é crescente o número de organizações que procuram conformidades e normalizações da RSA reconhecidas em escala global, sob pena de perderem competitividade.
Genericamente, responsabilidade socioambiental pode ser conceituada como um conjunto de ações que promovam o desenvolvimento, comprometido com a compatibilização ambiental e a inclusão social em todas as dimensões. Isto surge como uma nova demanda das partes interessadas (“stakeholders”) onde os consumidores passam a delimitar a escolha de seus produtos e serviços de acordo com a responsabilidade socioambiental percebida (OLIVEIRA e ALDRIGHI, 2000).
Esta implícito que as empresas e organizações devem criar, difundir e coordenar, redes de relacionamento entre todos os atores sociais, como forma de compartilhar as ações e garantir sua eficácia e eficiência (ELKINGTON, 2001). Isto deve ser cada vez mais relevante com as relações ambientais. De nada adianta a “academia” (aqui entendida como a universidade e os centros de pesquisa em geral) buscarem excelência e uma nova visão na descrição dos modelos encontrados na natureza, se as empresas e organizações não evoluírem junto e se apropriarem destes conceitos no desenvolvimento de seus produtos e processos. E desta forma sair da simplificação com que têm sido tratados os conceitos de sustentabilidade em geral.
Cada vez mais os mecanismos internacionais e nacionais de financiamento exigem como contrapartida o enquadramento das empresas a normas e padrões de gestão e formas de atuação socioambiental. Portanto é fundamental que esta nova compreensão atinja a todas as esferas e dimensões relacionadas com a questão ambiental.
A responsabilidade socioambiental “é uma postura ética permanente das empresas no mercado de consumo e na sociedade”. Muito mais que ações sociais e filantropia, a responsabilidade social deve ser o pressuposto e a base da atividade empresarial e do consumo. Engloba a preocupação e o compromisso com os impactos causados a consumidores, meio ambiente e trabalhadores; os valores professados na ação prática cotidiana no mercado de consumo, refletida na publicidade e nos produtos e serviços oferecidos; a postura da empresa em busca de soluções para eventuais problemas e na a transparência nas relações com os envolvidos nas suas atividades.
A Responsabilidade Socioambiental corresponde a um compromisso de empresas que atuam na vanguarda, atendendo à crescente conscientização da sociedade, principalmente nos mercados mais maduros. Diz respeito à necessidade de revisar os modos de produção e padrões de consumo vigentes de tal modo que o sucesso empresarial não seja alcançado a qualquer preço, mas ponderando-se os impactos sociais e ambientais decorrentes da atuação administrativa e negocial das empresas e organizações.
Os conceitos de meio ambiente, desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e responsabilidade socioambiental ainda são motivos de polêmicas entre os diversos atores envolvidos com estas situações nas empresas. Sempre existem dúvidas sobre o que é meio ambiente, o que faz parte do meio ambiente e o que é relevante para o meio ambiente.
CALLENBACH, E. et al Gerenciamento ecológico:ecomanagement. Guia do Instituto Elmwood de Auditoria Ecológica e Negócios Sustentáveis. São Paulo: Cultrix/Amaná, 1993.
BIEDRZYCKI, J. A. Responsabilidade social – um instrumento de articulação entre o Estado, o mercado e a sociedade civil. 2005, Monografia (Curso de Pós-graduação em Responsabilidade social e gestão ambiental – MBA – especialização) Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, 2005.
FERNANADES, B. H. R. e BERTON, l. H. Administração estratégica: da competência empreendedora à avaliação de desempenho. São Paulo:Saraiva, 2005.
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental organizacional: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.
OLIVEIRA, Roberto Guena & ALDRIGHI, Dante Mendes. “Governança corporativa: para que e para quem?”. FIPE. Informações. vol. 240, São Paulo, set. 2000.
ELKINGTON, John . “The triple botton line for the 21st-century business”. In: STARKEY, Richard & WELFORD, Richard. Business & sustainable development. Londres, Earthscan, 2001, pp. 20-43
BIEDRZYCKI, J. A. Responsabilidade social – um instrumento de articulação entre o Estado, o mercado e a sociedade civil. 2005, Monografia (Curso de Pós-graduação em Responsabilidade social e gestão ambiental – MBA – especialização) Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, 2005.
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Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 23/08/2012