Modelo de cobertura produzido em laboratório com camadas do biofiltro
O estudo tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a participação do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e colaboração da prefeitura da cidade de Campinas (interior de São Paulo). O professor da Poli, Fernando Marinho, que coordena a pesquisa aponta que apenas 30% dos municípios brasileiros descartam seu lixo em aterros sanitários, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. “Esses resíduos emitem metano (CH4) e gás carbônico (CO2), gases que contribuem para o aumento do efeito estufa”, alerta.
“A instalação de aterros sanitários permite minimizar emissões nocivas, mas como o lixo é um material muito compressível, ele se movimenta, formando trincas nas coberturas e permitindo o escape dos gases”. Os operadores de aterros concebidos a partir de um projeto de engenharia tem a opção de capturar o gás de lixo (biogás) e queimá-lo, podendo ainda gerar energia. Após este processo apenas CO2 é emitido. “Há uma redução da poluição atmosférica, porque o gás carbônico é 21 vezes menos potente para gerar o efeito estufa que o metano”, conta o professor. “No entanto, a queima para geração de energia não tem sido uma iniciativa interessante em termos estritamente econômicos”.
O biofiltro é formado por uma colônia de bactérias bastante comum em solos com matéria orgânica. A ideia é criar condições na parte superior do sistema de cobertura de modo a permitir que a colônia se desenvolva e seja eficiente no consumo do metano. “A cobertura metanotrófica (que oxida o metano) é formada por um solo onde se acrescenta matéria orgânica com o objetivo de inocular a bactéria. Assim as bactérias oxidam o metano, gerando gás carbônico e água”, destaca Marinho. “O ideal é que a camada do biofiltro fique acima da cobertura final do aterro sanitário ou de qualquer cobertura projetada, mesmo que em lixões.”
Medições
Os pesquisadores medem a quantidade de metano que entra no biofiltro e a que é oxidada ao longo dele. “Para utilizar o biogás e submeter o biofiltro a condições climáticas idênticas a de um aterro em funcionamento, o sistema foi instalado no aterro sanitário Delta 1, em Campinas”, diz o professor. O sistema é periodicamente monitorado, medindo-se parâmetros tais como: temperatura, umidade do solo, pressão da água, concentrações dos gases ao longo do biofiltro, além de outros. “As medições de concentrações são feitas entre pontos do aterro cuja diferença indica o quanto foi oxidado, ou seja, deixou de sair para a atmosfera.”
Os pesquisadores medem a quantidade de metano que entra no biofiltro e a que é oxidada ao longo dele. “Para utilizar o biogás e submeter o biofiltro a condições climáticas idênticas a de um aterro em funcionamento, o sistema foi instalado no aterro sanitário Delta 1, em Campinas”, diz o professor. O sistema é periodicamente monitorado, medindo-se parâmetros tais como: temperatura, umidade do solo, pressão da água, concentrações dos gases ao longo do biofiltro, além de outros. “As medições de concentrações são feitas entre pontos do aterro cuja diferença indica o quanto foi oxidado, ou seja, deixou de sair para a atmosfera.”
O objetivo das medições é criar um procedimento que possa ser usado no cálculo dos créditos de carbono (valores pagos a projetos que reduzem as emissões do efeito estufa). “Capturar o metano que iria escapar sem controle pelo sistema de cobertura é o objetivo, pois o cálculo de queima já é feito em alguns aterros no Brasil”, aponta Marinho. “No entanto, não existe nenhuma quantificação dos processos de oxidação na cobertura”.
Além dos experimentos com a cobertura e o sistema de medição em Campinas, com a colaboração da prefeitura da cidade, os pesquisadores já desenvolveram estudos e estão em contato com outros grupos que estudam o mesmo processo nos municípios do Rio de Janeiro (RJ), Caxias do Sul (RS) e Recife (PE). Essas cidades manifestaram interesse em implantar iniciativas semelhantes.
De acordo com o professor, o sistema pode ser adotado em qualquer local em que haja deposição de resíduo sólido urbano e onde haja interesse em projetar uma cobertura. “Se for planejada a colocação de uma cobertura apropriada para finalização de aterros ou lixões, o biofiltro pode ser incluído”, ressalta. “O aumento nos custos é pequeno e é compensado pelo ganho ambiental”.
Fotos: Marcos Santos /USP Imagens
Matéria de Júlio Bernardes, da Agência USP de Notícia, publicada pelo EcoDebate, 07/08/2012