Só o futebol é realmente importante no Brasil. Todo o resto é acessório.
Nem vou falar de que só se cobra fidelidade a time. Ninguém se espanta
com mudança de sexo, traição à mulher ou ao marido, mudança de partido
político ou troca de casal. Agora, virar a casaca, trocar de camiseta,
passar para o rival, aí o bicho pega. O cara que troca de time é um
canalha. Ser corno não dá nada. Ser mensaleiro é fichinha. Ganhar
salário nalgum cargo público sem trabalhar faz parte dos costumes.
Enfim, tudo isso que qualquer criança sabe e respeita. O futebol é tão
importante que os clubes podem dar calote no Estado. Li que o deputado
petista Vicente Cândido, com apoio do ministro do Esporte, Aldo Rebelo
(PC do B), pretende aliviar os clubes do pagamento do que devem ao
Fisco.
Em bom português, o deputado e o ministro querem livrar os
clubes de futebol do pagamento da dívida de R$ 5 bilhões que têm com a
União. O que eles deixaram de recolher? Imposto de Renda, INSS, FGTS. Se
forem anistiados, acontecerá pura e simplesmente uma privatização de
recursos públicos, uma transferência de dinheiro da plebe, nós, para os
bolsos de jogadores milionários, de treinadores, de empresários e de
outros parasitas. Os maiores devedores são os grandes clubes. Com o
dinheiro que economizam caloteando o Estado, pagam salários astronômicos
para pernas de pau e técnicos que fracassam num lugar e surgem como
salvadores em outro, comissões para agentes e passes de atletas em
transações chocantes. Se pagassem o Fisco, não teriam grana para esses
negocinhos fantásticos. Futebol, claro, é especial.
O Rio Grande
do Sul quer renegociar a sua dívida com a União. Não consegue.
Compromete mais de 13% da sua receita com isso. Se não pagasse ou
pagasse menos, teria dinheiro para bancar o piso dos professores. A
União fecha os olhos, tapa os ouvidos, não dá mole, manda os
governadores apertarem o cinto, cortar gastos, manda se catar. Por que
não se obriga os clubes a cortarem gastos? No Brasil, só interesse de
clube de futebol, pelo jeito, é questão de Estado. Pelo futebol, leis
podem ser suspensas, revogadas ou descumpridas. Um comunista e um
petista servindo de ponte para a privatização maquiada de recursos
públicos é de perder as calças de tanto rir.
Vicente e Rebelo
querem criar o Proforte, um esquema para favorecer os clubes e fazer a
alegria dos cartolas. Uma sacanagem com todo mundo. Por quê? Bem, deve
ser porque eles sabem que clube de futebol não pode quebrar. Se a plebe,
nós, ficar sem futebol domingo à tarde, quebra o país. A esquerda pensa
como as ditaduras de direita: futebol é o ópio do povo. Para ter menos
crack, precisa ter mais craque. Uma asneira assim. Logo, precisa forrar o
poncho dos que fazem o espetáculo. O futebol carioca nunca duvidou
disso. Dívida com o Estado não é para pagar. O Corinthians está ganhando
estádio. O Atlético-PR vai ganhar reforma da sua Arena com grana
pública. Fórmula perfeita: clube não paga, empreiteira ganha, etc. É a
privatização nacional na esportiva. Uau!
Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
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sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Na esportiva
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