[EcoDebate] Muitas são as pessoas que estão abraçando causas ambientais pouco significativas ao objetivo comum de preservação da vida terrestre como “um todo”. Umas se lançam em defesa de espécies vegetais ou animais em processo de extinção; outras defendem programas de racionamento de água; grupos se lançam na coleta do lixo para reciclagem; ainda há as que indicam o replantio de florestas como sendo uma licença para continuarem a esbanjar diversos recursos naturais, e assim por diante.
O que a quase, totalidade da humanidade não percebe é que “o denominador comum da degradação do meio ambiente é o consumo excessivo de energia originada de fontes poluentes além da capacidade de regeneração natural dos seus rejeitos”.
Considere-se que toda a evolução científica e tecnológica desenvolvidas nos últimos 250 anos, que denominamos como Revolução Industrial, teve como base o calor liberado com a queima de combustíveis fósseis para ser transformada em outras formas de energia consumida como a motriz, a elétrica, a luminosa, entre outras menos cotadas.
Como o volume de gases tóxicos efluentes de tais combustões tem sido maior do que a capacidade regenerativa natural do planeta, estes vêm se acumulando no meio ambiente em geral, em especial nos mares e na atmosfera, adulterando nesta a sua integridade primitiva e promovendo o desequilíbrio nefasto e catastrófico já sentido no clima em todo o mundo. As correntes aéreas e marítimas sofreram alterações extemporâneas que, até então, eram imperceptíveis pelos humanos, mas que desnortearam as rotas migratórias de aves e peixes que não tiveram o tempo geneticamente necessário para se adaptarem às novas condições ambientais, fenômeno que se realiza através de múltiplas gerações das espécies.
A fome de consumo de bens e serviços vem determinando a voracidade de devastação das florestas nativas como fonte de matérias primas mais baratas, mas que são elas habitat da vida natural; assim como os estilos de vida propostos para humanidade, visando o consumo crescente indiscriminado, estimulam a ganância pelo lucro pelo qual as minorias dominantes esbanjam bens e serviços supérfluos enquanto as maiorias em todo o mundo sofrem com o desemprego e meios de sustentabilidade digna.
A energia nuclear que, ainda hoje, é apresentada como esperança para manutenção do sistema econômico vigente no mundo, não passa de uma ilusão tão grave como foi, no passado, a ideia de utilização da matéria fossilizada abundante como combustível barato para promover o progresso. Ninguém teve a percepção, ou quem teve se omitiu, das consequências que trariam os gases cumulativos no meio ambiente futuro (hoje), assim como as autoridades de hoje, no afã de corrigir os desequilíbrios socioeconômicos, em especial o desemprego e a má distribuição de renda que afligem a humanidade no momento, fecham os olhos para as drásticas consequências que já começam a aflorar por todas as partes do planeta em formas, intensidades e localizações imprevisíveis, causando prejuízos socioeconômicos irreparáveis para os atingidos.
Os interesses econômicos empresariais, dependentes do consumo crescente de bens e serviços para manutenção dos seus lucros, subvencionam a mídia para destorcer a visão dessa realidade.
Mas, a mais pura verdade é que não pode existir nenhuma fórmula mágica para reequilibrar o sistema econômico predominante no mundo sem agravar a situação do meio ambiente. É compreensível se contemplarmos a dinâmica evolutiva de formação das matérias componentes da atual crosta terrestre através dos milênios de maturação.
Entenda-se que tudo isso ocorre porque “tudo que se faz para satisfazer as necessidades humanas, sejam elas naturais ou supérfluas, depende do consumo de diversas formas de energia”.
Considerando-se que a maior parte delas procede da queima de combustíveis fósseis, e que as formas alternativas e não poluentes ou recicláveis ficam mais caras em moedas correntes, continuamos marchando inconscientemente para crescentes manifestações de fenômenos catastróficos de efeitos cada vez mais nocivos a todas as formas de vida, sejam elas vegetais, animais, humanas, africanas, americanas, asiáticas europeias, pobres, ricas, ignorantes, letradas ou cultas, etc. O castigo atingirá a todas de forma indiscriminada.
Diante do exposto, sugiro a todos os ambientalistas que atuam em áreas específicas, que acrescentem em suas metas programas que visem, em primeiro lugar, a substituição de combustíveis fósseis pelos fluxos de energia limpa e pelas renováveis; paralelamente, à redução do consumo de bens e serviços não essenciais à manutenção de um padrão de vida digno.
Assim, estarão defendendo o equilíbrio ambiental como “Um Todo” e não, apenas, algumas partes complementares.
EcoDebate, 28/02/2013