Rio de Janeiro, 16 jun (EFE).- O Brasil é o maior consumidor de pesticidas agrícolas do mundo e aumenta sua utilização a uma velocidade duas vezes superior a dos demais países, alerta um relatório divulgado neste sábado na Cúpula dos Povos.
O país, uma das maiores potências agrícolas do mundo, consome 19% dos pesticidas do mundo, segundo um documento da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que também chamou atenção para os grandes riscos destes tóxicos à saúde humana.
O uso de pesticidas no Brasil aumentou 190% em 2010 com relação ao ano anterior, enquanto no resto do mundo o mercado se expandiu 93%, de acordo com o relatório.
O documento assinala que os agricultores brasileiros usam a cada ano cerca de um bilhão de litros de pesticidas, o que representa cinco litros por habitante.
O aumento do uso dos pesticidas está relacionado com a expansão dos cultivos transgênicos e causou um grande aumento dos casos de intoxicações nos últimos anos.
O Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas (Sinitox) registrou 5.253 intoxicações por pesticidas em 2009, das quais 2.868 correspondem aos de uso agrícola.
Nesse ano foram registradas 188 mortes, das quais 41,8% corresponderam aos pesticidas usados na agricultura, o que indica um maior índice de mortandade, segundo o relatório.
A doutora Lia Giraldo da Silva Augusto, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explicou que a soja transgênica é o produto que exige maior uso de pesticidas.
"Este modelo da agroindústria se sustenta totalmente no pacote da revolução verde, que se baseia em uma agricultura químico-dependente. O pesticida é parte desse modelo", afirmou a médica, citada pela Agência Brasil.
A Via Campesina, que participou do lançamento do relatório, realizou hoje na Cúpula dos Povos um debate crítico com o modelo de agricultura de monoculturas, que eles definem como "o deserto verde".
A Cúpula dos Povos é o principal evento paralelo à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20 e reúne dezenas de movimentos sociais de todo o mundo, com o objetivo de elaborar propostas de desenvolvimento sustentável baseadas na justiça social. EFE