Pasto degradado, em foto de arquivo
Nos 50 milhões de hectares de pastos degradados encontrados no Cerrado é possível multiplicar por cinco o número de cabeças de gado se forem adotadas ações para recuperação do bioma, diz o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, João Kluthcouski. Ele também destaca a possibilidade de crescimento da lavoura.
“Se nós recuperássemos essas áreas aqui no Cerrado, poderíamos aumentar em até cinco vezes a lotação animal dessas áreas, quer dizer, colocar até cinco vezes mais boi. Se nós fizermos isso, evidentemente, não teremos mais necessidade de abrir pasto nas regiões marginais, como na Amazônia. Além disso, com a integração lavoura-pecuária, poderíamos, nessas áreas que hoje são degradadas, duplicar a produção brasileira de grãos, sem a necessidade de derrubar uma única árvore em reservas virgens”.
Entre os pontos positivos desse modelo, o pesquisador ressalta ainda a criação de empregos, já que o trabalho em pastos sustentáveis exige mais mão de obra do que nos pastos degradados, a atividade se torna mais produtiva e gera mais impostos. E, como a produção fica mais perto do centro consumidor, o custo do frete cai.
Segundo o técnico do Ministério da Agricultura Maurício Carvalho, o custo inicial pode ser grande, mas todo o investimento é recuperado no médio prazo.
“É uma estratégia de recuperação de pastagens degradadas para minimizar os custos para o agricultor. Então, com o plantio de lavoura, a gente pode recuperar grande parte dos custos de investimento na recuperação da fertilidade do solo, e não apenas recuperando a pastagem por si só. Essa integração lavoura-pecuária – e aí pode entrar o componente florestal – significa uma possibilidade de renda maior para o agricultor e a estabilização dessa renda ao longo do tempo.”
O pesquisador da Embrapa Cerrados Lourival Vilela aponta que o interesse na integração é crescente, inclusive com o acréscimo do componente florestal.
“Em um primeiro momento, na região do Cerrado, estamos trabalhando com espécies cujo comportamento se conhece bem, no caso, o eucalipto é uma das espécies, como também estamos testando espécies nativas, mas em uma fase ainda bastante embrionária do trabalho”.
Matéria de Akemi Nitahara e Beatriz Arcoverde, do EBC, publicada pelo EcoDebate, 25/06/2012