O objetivo é selar um acordo entre os líderes mundiais para preservar o meio ambiente e lutar contra a pobreza.
O Brasil assumiu neste sábado o comando
das negociações da conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, em um esforço para evitar um fracasso da cúpula que reunirá
130 líderes na próxima semana, no Rio, para selar um acordo mundial
pelo meio ambiente e a luta contra a pobreza.
"Precisamos entrar
em uma nova dinâmica, buscar a convergência, nos concentrar nas questões
realmente cruciais para que possamos concluir o texto no tempo
previsto", instou o chanceler brasileiro, Antonio Patriota.
Após
cinco meses de discussões, os negociadores de mais de 190 países
esgotaram na sexta-feira o prazo final para selar o acordo que visa por o
mundo nos trilhos de uma economia verde e socialmente inclusiva.
Como
país anfitrião da conferência, a quarta do tipo convocada pela ONU
desde 1972, o Brasil lidera uma corrida contra o relógio, pois pretende
alcançar um acordo nesta segunda-feira, antes da chegada dos chefes de
Estado e de governo que encerrarão a conferência com uma cúpula entre
quarta e sexta-feira.
Menos de 40% do texto final têm consenso
"Nossa
ambição é chegar com um texto acertado na noite de segunda-feira" e não
deixar fios soltos para os presidentes que abrirão a cúpula na
quarta-feira, afirmou o ministro das Relações Exteriores durante
entrevista coletiva.
"Estamos diante dos dois dias mais difíceis da negociação" expressou à AFP a negociadora-chefe da Venezuela, Claudia Salerno.
Novo texto reduzido
O
Brasil apresentou uma nova proposta de texto reduzido neste sábado, que
consolida o anterior. O documento, de 81 páginas, foi reduzido a
56. "Os negociadores têm que começar a aceitar grandes partes do texto",
afirmou no sábado Nikhil Seth, diretor de Desenvolvimento Sustentável
da ONU.
Enquanto os técnicos discutem cada um dos pontos da
declaração, da transição do mundo a uma economia verde à preservação dos
oceanos ou a adoção de metas de desenvolvimento sustentável para todos
os países, os presidentes dos grandes países desenvolvidos e emergentes
discutirão na cúpula do G20, no México, um tema mais imediato: a crise
financeira.
O governo brasileiro descartou que a presidente Dilma
Rousseff vá aproveitar a ocasião para obter consensos. "A presidente
não discutirá a Rio+20 em Los Cabos, México", afirmou o negociador
brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo.
A crise econômica
internacional paira sobre as negociações da Rio+20. "Estão desmantelando
a ajuda internacional e a querem substituir por caridade do setor
privado", disse à AFP o chefe das negociações da Bolívia, René Orellana.
"Não é fácil às vezes discutir questões ambientais quando se tem que
lidar com uma crise econômica. Mas temos que entender que a resposta à
crise também se radica em mais reconciliação o meio ambiente", disse à
AFP o comissário europeu para o Meio Ambiente, Janez Potocnik.
Potocnik
assegurou que a Europa continua comprometida em alcançar 0,7% do PIB
para a cooperação até 2015, uma taxa que agora beira os 0,4%. Lasse
Gustavsson, da organização ambientalista Fundo Mundial para a Natureza
(WWF), pediu "um milagre" aos negociadores para alcançar um acordo.
No
Parque do Flamengo, a 40 km do Riocentro, onde transcorrem as
negociações, se celebra a Cúpula dos Povos, evento paralelo que reúne
indígenas e ativistas de todo o planeta e tenta empurrar os governantes a
um acordo concreto que enfrente os graves problemas do planeta e busque
alternativas para a "economia verde" defendida pela conferência
oficial.
"Eu me somo à opinião generalizada aqui de que os
governantes não decidirão muito. Na Cúpula dos Povos, sim, elaboramos
soluções para o futuro do planeta", afirmou Eric Lavillunière, do
Instituto Europeu de Economia Solidária.
A Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável é a maior da história, com
50.000 participantes entre líderes mundiales, ativistas, indígenas e
grandes empresários.
Centenas de atividades ocorrem em um raio de
60 km e em meio a um trânsito caótico, com organizações dando exemplos
práticos da economia de baixo impacto na natureza.
Segundo cifras
da ONU, a demanda por alimentos aumentará 50% até 2030 e a de energia,
45%, em um contexto de aumento da desigualdade social, escassez de água e
aumento da temperatura do planeta que dá sinais de que seus recursos se
esgotam.
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sábado, 16 de junho de 2012
Rio+20: Brasil assume comando das negociações
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